Projeto de Pesquisa registrado no CNPq cujo objetivo é reunir pesquisadores latino-americanos, com metodologia interdisciplinar, por meio de pesquisas, seminários e publicações em Meio Ambiente, Cultura e Sociedade. Este projeto (2015-18) é coordenado pelo Prof. Dr. Dimas Floriani, responsável pela linha de Pesquisa em Epistemologia e Sociologia Ambiental do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR e inserido na Rede Internacional CASLA-CEPIAL Semeando Novos Rumos / Sembrando Nuevos Senderos (Coordenação Geral de Casa Latino-Americana - CASLA). Clique para acessar o projeto.


ESTAMOS INICIANDO UMA NOVA CAMINHADA EM 2019. Registramos novo projeto de pesquisa no CNPq (2019-2021), com o título de:
CONFLITOS DO SOCIOAMBIENTALISMO DESDE AS MARGENS: as intermitências do desenvolvimento e da democracia na América Latina.
Estamos associando ao projeto o(a)s doutorando(a)s da Linha de Epistemologia Ambiental do PPGMADE (UFPR).



sábado, 11 de julho de 2015

Memória no. 9 do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental (10.6.2015)

Minuta de memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, ocorrida em 10 de junho de 2015, nominalmente das 14h às 16h, nas dependências da Casa Latino-Americana (CASLA). Presentes: Prof. Dimas Floriani, Profª Lúcia Helena de Oliveira Cunha, Profª Maria do Rosário Knechtel, Maria Fernanda Cherem, David Fadul e José Thomaz. 1. Informes. O Prof. Dimas informou sobre apresentação de justificativa de Rafael Braz para não comparecimento à reunião. 2. Discussão sobre o texto “Hacia un Pensamiento Socioambiental: aproximaciones epistemológicas, sociológicas y metodológicas”, produzido em coautoria pelos Profs. Dimas Floriani e Nelson Vergara Muñoz. Prof. Dimas informou que o texto fora discutido, em 2 de junho de 2015, no Centro de Estudios del Desarrollo Local y Regional (CEDER), Universidad de Los Lagos (Chile); e que naquela ocasião fora sugerido que a parte III, “Teorías y métodos de investigación en temas socioambientales”, fosse tratado em outro texto. Prof. Dimas comentou sobre características da produção de um texto em coautoria, em particular quando a convivência entre os autores é relativamente recente; e que o Prof. Vergara se aproxima do pensamento complexo do antropólogo, filósofo e sociólogo francês Edgar Morin. Comentários: a) que a introdução apresenta questões socioambientais como crise do pensamento; b) que existe necessidade de uma epistemologia da complexidade; c) que existe necessidade de dizer em que consiste cada epistemologia; d) que cada uma das posições perante o conhecimento é influenciada culturalmente, por meio de racionalidades; e) lembrou-se do princípio de recursividade, de Edgar Morin, que, por assim dizer, internaliza externalidades de natureza cultural; f) que correlação e interdependência [captadas pela figura de “rede”] representam melhor a questão [da consideração de elementos socioambientais] do que a ideia de encadeamento, uma vez que esta significa a relação causa-efeito e a noção de rede não é monocausal e policêntrica; g) a ideia de que a razão da vida social é produzir sentido, e de que os jogos de linguagem permitem revelar e esconder; h) a existência de um debate semântico entre substantivo e adjetivo referente ao termo “socioambiental”; i) a necessidade de compreender a relação entre sociedade e natureza; j) Na modernidade, a natureza é vista e representada como signo negativo, pois emerge da crise ecológico-econômica, como expressão da superexploração dos recursos naturais e das catástrofes e poluições de origem antropogênica; k) o risco da simplificação, e das abordagens simplificadoras e ou tendenciosas; l) a necessidade de reinventar a ciência moderna, com diferentes perspectivas epistêmicas, lembrando que cada uma delas exige dizer qual é seu ponto de partida; m) a possibilidade de falar de um novo contrato epistemológico; n) o problema da possibilidade de diálogo entre visões diferentes. Prof. Dimas apresentou também a ideia de elaborar um livro com a produção teórico-metodológica referente à interação entre sociedade e natureza, o qual poderia conter fundamentos de uma teoria do imaginário, das representações e da aprovação discursiva. Profª Lúcia Helena mencionou a perspectiva “sociologizante” (que dissolve a natureza no homem) e “ecologizante” (que dissolve o homem na natureza). Prof. Dimas lembrou que “a pedra não pensa; o homem pensa mas pode pensar errado”. Indagou sobre qual seria o ponto de partida, se os contextos estão misturados. Apresentou, como possibilidade, partir da cultura e reivindicar uma singularidade aos fenômenos. E mencionou o desafio lógico ou teórico de reconhecer o momento quântico em que a unicidade se torna diferenciada. Profª Lúcia Helena disse que o mar, por exemplo, impõe condições, e tem, por assim dizer, uma fala. Prof. Dimas acrescentou que isso remete à possibilidade de uma perspectiva biológica diferente, a partir, por exemplo, de construtos ou elementos de natureza cibernética; o que levaria uma pessoa a rever suas referências a partir das quais compreende, posiciona-se diante de, representa e interpreta o mundo. Lembrou o construtivismo social do antropólogo, sociólogo e filósofo da ciência francês Bruno Latour, ao reconhecer que as coisas são simultâneas: pensamento e ação. Profª Lúcia Helena considerou a importância de o tema tratado no texto ser apresentado, como aula, a alunos de pós-graduação. Profª Maria do Rosário lembrou que, na primeira edição do encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade (Anppas), foi apresentada a pergunta: “por que educação socioambiental?”. Profª Lucia Helena fez menção ao problema de um conceito de natureza fixo, a partir de um olhar urbano industrial. Maria Fernanda citou o livro do historiador norte-americano Warren Dean que ganhou tradução de Cid Knipel Moreira intitulada A Ferro e Fogo: a história e a devastação da mata atlântica brasileira (São Paulo: Companhia das Letras, 1993). Profª Maria do Rosário disse achar difícil dissociar o socioambiental, que contempla as naturezas humana e não humana. Prof. Dimas mencionou o problema das definições de estratégias de sustentabilidade, em especial no que se refere à dimensão a ser considerada diante de processos tecnológicos de mediação. E indagou como seria possível dispor de uma teoria geral que contemple entendimentos, por exemplo, em Guaraqueçaba e em Lyon; e como seria possível, nela, levar em conta aspectos da subjetividade. Profª Lúcia Helena propôs um trabalho no tema “cultura e natureza: bases epistemológicas” para ser feito “a quatro mãos” (Prof. Dimas e Profª Lucia Helena). Valorizou a presença da diversidade ou da diferença em textos de natureza socioambiental. E mencionou um texto que polemiza a idealização das diferenças, mencionando, como exemplos: o apelo midiático e publicitário à diferença; a questão de fundo: estabelecer um nexo com a questão da igualdade da espécie humana, tanto biológica como social; e a observação de que, se a diferença for extremada, pode acontecer que surja um outro tão “outro” que, portanto, seja considerado como destituído de direitos. Profª Maria do Rosário lembrou o educador canadense Peter McLaren, ao dizer da necessidade de aceitar o outro como diferente, mas não como desigual ou inferior. Prof. Dimas lembrou a perspectiva feminista, também no contexto do direito às diferenças, e indagou se não seria uma fantasia a ideia de universal, por exemplo, no contexto da democracia. Lembrou também Edgar Morin no contexto das novas universalidades que contemplam as diversidades. Considerou que tal novidade coloca dificuldades a qualquer teoria social, embora seja um problema, talvez permanente, das ciências humanas, o qual ilustrou com referência a como ocorreu o processo de invisibilidade e paulatina visibilidade das populações indígenas. Indagou sobre a possibilidade de haver uma teoria geral capaz de explicar de modo adequado a reemergência indígena. E citou o problema de destacarem-se as grandezas, mas não as mazelas, do multiculturalismo. Profª Lúcia Helena manifestou a ideia de bases epistemológicas do contexto de cultura contemporânea. Prof. Dimas lembrou do crítico literário nascido em Jerusalém sob o Mandato Britânico da Palestina Edward Saïd, de cujos livros um ganhou tradução de Rosaura Eichenberg intitulada Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente (São Paulo: Companhia das Letras, 2007). E sugeriu leitura de textos do livro La Colonialidad del Saber: eurocentrismo y ciencias sociales: perspectivas latinoamericanas (Buenos Aires: Clacso, 1993), organizado pelo sociólogo venezuelano Edgardo Lander. David indagou sobre ser o diálogo de saberes voltado a um fim outro ou um fim em si mesmo: o que motivou a apresentação, por parte do Prof. Dimas, de um exemplo no campo jurídico, comparando os papéis do advogado e do promotor público. Prof. Dimas fez menção à possibilidade, ou mesmo à necessidade, de uma ciência pública, e lembrou a filósofa belga Isabelle Stengers no particular referente à necessidade de reinventar a ciência moderna. Maria Fernanda mencionou existência de legislação sobre Medicina em comunidades tradicionais. Profª Maria do Rosário relatou brevemente a experiência de uma dissertação de mestrado interdisciplinar que, por meio de pesquisa-ação, relacionou educação e saúde. Prof. Dimas perguntou se haveria mais manifestações e, como não houve, encerrou a reunião. Curitiba, 19 de junho de 2015. …...........................
Para saber mais sobre o Projeto, acessar o link: http://meioambienteculturaesociedade.blogspot.com.br/2015/07/fundamentos-teorico-metodologicos-dos.html   

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