Minuta de memória da reunião
do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, ocorrida em 27
de maio de 2015, nominalmente das 14h às 16h, nas dependências da Casa
Latino-Americana (CASLA). Presentes: Prof. Dimas Floriani, Profª Lúcia
Helena de Oliveira Cunha, Profª Maria do Rosário Knechtel, Maria Fernanda
Cherem, David Fadul, Guilherme Silva e José Thomaz. 1. Informes.
O Prof. Dimas informou sobre evento ocorrido no litoral paranaense, que contou
com presença do Prof. Dr. Alfredo Wagner, que trabalha com a ideia de
ressignificação da territorialidade, em conformidade com uma reivindicação de
que os sujeitos possam definir sua própria cartografia, e do Prof. Dr. Jorge
Montenegro, da UFPR (Setor de Ciências da Terra, Departamento de Geografia), que
atua, entre outros, nos temas cartografia social, povos e comunidades
tradicionais e conflitos pela terra e pelo território; além de doutorandos e de
outros pesquisadores. 2. Atividade referente a livro de D. Martuccelli.
Prof. Dimas teceu comentários sobre o livro de Danilo Martuccelli intitulado ¿Existen individuos en el Sur?
(Santiago de Chile: LOM). A ideia inicial era iniciar um debate entre os
presentes sobre o conteúdo das duas primeiras partes do livro; mas esse debate
ficou postergado tendo em vista que a Profª Lúcia Helena informou não haver
lido o texto por problema relacionado ao modo de disposição das páginas na tela
do computador. Prof. Dimas comentou que teorias contêm dispositivos que geram
expectativas sobre o que deve acontecer; contêm valores explícitos ou
implícitos que dificultam, se não mesmo impedem, o reconhecimento de alguma
concepção relativa de neutralidade da ciência. Lembrou da contribuição de Celso
Furtado no contexto das propostas de desenvolvimento que, em comparação com a ideia
de tendência a uniformização dos processos de desenvolvimento, contemplam mais
adequadamente a realidade latino-americana. Mencionou também o problema de
construir narrativas que formam imagens do Outro, com destaque para a teoria
pós-colonial, que consegue amplitude transcontinental ao abranger regiões da
África, da América e da Ásia. Fez referência a José Bengoa, historiador e
antropólogo chileno estudioso das história e sociedade mapuches, com destaque
para a reemergência indígena e o surgimento de novas categorias de análise; e a
Aníbal Quijano, sociólogo peruano conhecido pelo conceito de colonialidade do
poder, conceito que se relaciona com a ideia de colonialidade do saber;
pensadores cujas concepções diferem fortemente, por exemplo privilegiado, do
modelo dos estágios de crescimento de Rostow, proposto pelo economista norte‑americano
Walt Whitman Rostow. Profª Lúcia Helena mencionou uma crítica, creditada ao
frade dominicano Frei Betto, de que o recente aumento dos bens para a classe
média brasileira privilegiou bens de consumo e não bens sociais. Prof. Dimas
destacou a importância de, nos discursos, caracterizar os pontos de vista: por
exemplo, de que capitalismo se esteja a falar; e de que ponto de vista se fala
de modernidade. E citou brevemente os nomes de Nestor García Canclini, filósofo
e antropólogo argentino que reside no México, e Daniel Mato, antropólogo
venezuelano e doutor em ciências sociais. Profª Maria do Rosário menciona que,
em países nórdicos, todos têm ensino médio, e que aquelas sociedades
conseguiram implementar a social-democracia. Prof. Dimas fez breve leitura de
um trecho do mencionado livro de Martuccelli (de parte da p. 107 até parte da
p. 108), referente a diferentes processos de individuação. Fez menção também às
duas opções apresentadas pelo economista alemão Albert Otto Hirschmann diante
da insatisfação de um membro em uma organização: “exit”, ou seja, romper
relação; ou “voice”, isto é, tentar repará-la ou melhorá-la, valendo-se, para
tanto, de processos comunicativos (neste caso, contando bastante a lealdade
pelo grupo). Fez breve menção ao assédio cultural, que, por divulgar uma ideia
de uniformização de hábitos e de costumes, pode dificultar a compreensão de que
os padrões em diferentes sociedades não são, por vezes, os mesmos. Citou, na
qualidade de estados formados por diferentes etnias, Equador e Bolívia; e
mencionou a importância de pensar em como seria uma democracia diferente, não
delegadora, molecular (lembrando, pelo termo, o intelectual francês Félix
Guattari). E destacou uma tese, creditada a Martuccelli, de que a
democratização está na sociedade e não no Estado; e indagou sobre o que seria
uma democracia tutelada. Thomaz comentou que, a seu ver, existe um problema com
a democracia aplicada aos processos de escolha coletiva, em especial em
contextos de interesse público: uma vez que o que se decide, por meio do voto,
é de interesse coletivo e público, cada cidadão deveria votar na proposta que,
na visão desse cidadão, conduz a maior benefício coletivo público; entretanto,
parece que a racionalidade que permeia esses processos de escolha por vezes
pauta-se mais pela visão, e correspondente motivação, que o votante tem
enquanto indivíduo, ou enquanto partícipe de grupos menores, do que por sua
qualidade de membro da sociedade. Prof. Dimas disse que essa observação remete
ao problema da educação cívica: e exemplificou com o caso de um sujeito que, ao
colidir seu carro com outro, havendo produção de dano, se ninguém o interpelar
em razão da colisão, provavelmente deixará o local sem procurar reparar o dano
causado. 3. Comunicações e encaminhamentos finais. Prof. Dimas fez
menção a atividades programadas para o Grupo de Pesquisa, entre elas uma
palestra com Prof. Dr. Nicolas Floriani, da Universidade Estadual de Ponta Grossa
(Departamento de Geografia), e uma discussão, agendada para o próximo dia 10
de junho (uma quarta-feira), sobre o texto “Hacia un Pensamiento
Socioambiental: aproximaciones epistemológicas, sociológicas y metodológicas”,
produzido em coautoria pelos Profs. Dimas Floriani e Nelson Vergara Muñoz, este do Centro de Estudios del
Desarrollo Local y Regional (CEDER), Universidad de Los Lagos (Chile). Prof.
Dimas fez menção também ao Programa ATLAS (acrônimo para Análisis Territorial
Local Aplicado y Sustentabilidad), Programa de Investigación Interdisciplinaria
en Complejidad Territorial y Sustentabilidad, vinculado à Universidad de Los
Lagos (Departamento de Ciencias Sociales). Curitiba, 2 de junho de 2015.
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Projeto de Pesquisa registrado no CNPq cujo objetivo é reunir pesquisadores latino-americanos, com metodologia interdisciplinar, por meio de pesquisas, seminários e publicações em Meio Ambiente, Cultura e Sociedade. Este projeto (2015-18) é coordenado pelo Prof. Dr. Dimas Floriani, responsável pela linha de Pesquisa em Epistemologia e Sociologia Ambiental do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR e inserido na Rede Internacional CASLA-CEPIAL Semeando Novos Rumos / Sembrando Nuevos Senderos (Coordenação Geral de Casa Latino-Americana - CASLA). Clique para acessar o projeto.
ESTAMOS INICIANDO UMA NOVA CAMINHADA EM 2019. Registramos novo projeto de pesquisa no CNPq (2019-2021), com o título de:
CONFLITOS DO SOCIOAMBIENTALISMO DESDE AS MARGENS: as intermitências do desenvolvimento e da democracia na América Latina.
Estamos associando ao projeto o(a)s doutorando(a)s da Linha de Epistemologia Ambiental do PPGMADE (UFPR).
ESTAMOS INICIANDO UMA NOVA CAMINHADA EM 2019. Registramos novo projeto de pesquisa no CNPq (2019-2021), com o título de:
CONFLITOS DO SOCIOAMBIENTALISMO DESDE AS MARGENS: as intermitências do desenvolvimento e da democracia na América Latina.
Estamos associando ao projeto o(a)s doutorando(a)s da Linha de Epistemologia Ambiental do PPGMADE (UFPR).
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