Projeto de Pesquisa registrado no CNPq cujo objetivo é reunir pesquisadores latino-americanos, com metodologia interdisciplinar, por meio de pesquisas, seminários e publicações em Meio Ambiente, Cultura e Sociedade. Este projeto (2015-18) é coordenado pelo Prof. Dr. Dimas Floriani, responsável pela linha de Pesquisa em Epistemologia e Sociologia Ambiental do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR e inserido na Rede Internacional CASLA-CEPIAL Semeando Novos Rumos / Sembrando Nuevos Senderos (Coordenação Geral de Casa Latino-Americana - CASLA). Clique para acessar o projeto.


ESTAMOS INICIANDO UMA NOVA CAMINHADA EM 2019. Registramos novo projeto de pesquisa no CNPq (2019-2021), com o título de:
CONFLITOS DO SOCIOAMBIENTALISMO DESDE AS MARGENS: as intermitências do desenvolvimento e da democracia na América Latina.
Estamos associando ao projeto o(a)s doutorando(a)s da Linha de Epistemologia Ambiental do PPGMADE (UFPR).



quarta-feira, 23 de agosto de 2017

ATIVIDADES ACADÊMICAS E CONTATOS COM ORGANIZAÇÕES SOCIAIS EM PORTO VELHO – RONDÔNIA - 16 a 21 de de agosto de 2017


1)  PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (PPGG/UNIR)





Sobre o registro fotográfico dos inícios da história de Rondônia e da construção da “Ferrovia do Diabo”, as fotos da Coleção de negativos de Dana B. Merrill:




12º. Encontro do Programa de Pós-Graduação em Geografia: MARCADORES TERRITORIAIS – um conceito em construçãohttp://www.posgeografia.unir.br/

Cabe destaque especial ao organizador do evento, Prof. Dr. Josué da Costa e Silva um dos fundadores do PPGG/UNIR e editor-chefe da Revista Presença Geográfica (RPGeo) a quem coube abrir o evento, após a apresentação do mesmo pelas autoridades universitárias. A coordenadora do Programa de Pós Graduação Profa. Dra. Maria Madalena de Aguiar Cavalcante teve papel relevante na condução dos trabalhos e nas visitas realizadas à Reitoria e à Fundaro.



Local: Auditório Milton Santos – Centro de Estudos Geográficos e Sócio-Ambientais da Amazônia –CEGEA –


Ao comemorar seus doze anos de existência o PPGG/UNIR coloca em evidencia o conceito de marcadores territoriais desenvolvido entre os trabalhos da linha de pesquisa Território e Sociedade na Pan-Amazônia – TSP – como tema deste evento, trataremos das aplicações, limites e avanços deste conceito na pesquisa científica.  


Este conceito foi expandido pelo Prof. Dr. Adnilson de Almeida Silva



em sua tese de doutorado (Territorialidades e identidade do coletivo Kawahib da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau em Rondônia:“Orevaki Are”(Reencontro) dos “Marcadores Territoriais. 2010 - Tese de Doutorado em Geografia - UFPR).


O primeiro esboço teórico do conceito de Marcadores Territoriais foi feito pela pesquisadora portuguesa, Dra. Isabel de Castro Henriques (2003) em seus estudos sobre África:


 O 12º. Encontro serviu também para que os mestrandos e doutorandos apresentassem seus trabalhos de pesquisa em andamento, e demonstrando os usos do conceito de Marcadores Territoriais em seus respectivos estudos sobre a realidade sócio-territorial-ambiental-cultural de Rondônia (estudos com comunidades indígenas, afro-descendentes e camponesas). O Encontro propiciou um momento de extrema fertilidade, já que permitiu avaliar o alcance e o tensionamento da aplicação desse conceito e sua base teórico-metodológica.


O Prof. Dr. Dimas Floriani foi convidado a proferir palestra de abertura do 12º. Evento, com o título de A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO E O FAZER CIENTÍFICO (apresentação em power point):


Neste mesmo evento foi apresentada a proposta da Universidade Itinerante da Rede Internacional Casla-Cepial, pela coordenadora da CASLA, Dra. Gladys Renée de Souza Sánchez. A proposta da Universidade Itinerante é uma iniciativa que reúne atores acadêmicos e não acadêmicos (organizações, movimentos sociais, ministério e defensoria pública) para ampliar o arco do diálogo e inserção social das universidades, comprometidas com uma ciência pública e pertinente.




Rondônia sediará o VI CEPIAL (Congresso de Educação e Cultura para a Integração da América Latina) para o final de dezembro de 2019. O PPGG/UNIR propôs-se com o apoio da Universidade e de organizações e movimentos sociais de Rondônia a coordenar o evento que se insere nas ações estratégicas da Rede Internacional Casla-Cepial ( http://redecaslacepial.blogspot.com.br/ ).

Neste sentido, foram realizadas algumas visitas na cidade de Porto Velho para convidar e motivar alguns desses atores-chave para a realização do próximo congresso.

Iniciamos com a visita às organizações sociais que atuam com projetos aplicados de desenvolvimento sustentável em comunidades camponesas e indígenas, sob o princípio da agroecologia, recuperação da flora e com mapeamento por etnozoneamento.

Assim, na Oscip RioTerra (http://rioterra.org.br/pt/), fomos recebidos pelo doutor em geografia Alexis Bastos.  A entidade é um Centro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amazônia – criada em 1999, com o objetivo de contribuir para a formação de uma sociedade crítica, consciente de seu contexto socioeconômico e ambiental, capaz de propor um modelo de desenvolvimento para região amazônica que alie conservação e sustentabilidade à melhoria da qualidade de vida das populações locais. Essa melhora deve vir acompanhada pela valorização das diferenças culturais, observação das necessidades regionais e respeito a capacidade de suporte dos recursos naturais.




A Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé (http://www.kaninde.org.br/) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, sem fins lucrativos, fundada em 15 de novembro de1992, por um grupo de pessoas que trabalhavam com o povo indígena Uru-eu-wau-wau e na defesa do meio ambiente, em Rondônia.

Entre as principais atividades desenvolvidas, desde a sua criação, destacam-se as ações de vigilância e fiscalização da Terra Indígena Uru-eu-wau-wau e do Parque Nacional de Pacaás Novos, a assessoria às organizações indígenas, laudo de impacto ambiental, diagnóstico etnoambiental participativo em terras indígenas, avaliação ecológica rápida, etnozoneamento, plano de gestão de terras indígenas, educação ambiental, desenvolvimento de projetos de carbono, elaboração de projetos e acompanhamento de políticas públicas.

Lá fomos recepcionados e atendidos pela geógrafa e antropóloga Ivaneide Bandeira Cardozo, uma das principais desenvolvedoras da metodologia de etnozoneamento em comunidades indígenas.


Na Ação Ecológica Guaporé, ECOPORÉ fomos recebidos pelo técnico Paulo Henrique Bonavigo (www.ecopore.org.br).

Ecoporé foi criada em 25 junho de 1988, na ocasião com o intuito de legitimar suas ações desenvolvidas contra a exploração predatória de madeiras, combate ao desmatamento ilegal e ao processo de invasão das Unidades de Conservação, que à época se expandiam no estado de Rondônia, sediando-se no município de Rolim de Moura, interior do Estado. Posteriormente, em 2000, transfere sua sede para a capital do estado, Porto Velho.


Estivemos também fazendo uma visita de cortesia ao Reitor da UNIR, Prof. Dr. ARI OTT, expondo o histórico da Rede Internacional CASLA-CEPIAL e solicitando o apoio da Universidade para a realização em Rondônia do VI CEPIAL para o final de 2019.










Na segunda-feira, dia 21 de agosto/17 fizemos uma visita à Fundação de Rondônia (FUNDARO - http://www.rondonia.ro.gov.br/fapero/ ), instituição de apoio e fomento à ciência, tecnologia e eventos para apresentar a proposta da Rede Internacional Casla-Cepial e o VI CEPIAL que está sendo organizado pela Rede, juntamente com a UNIR (Universidade de Rondônia), cuja previsão é para meados de 2019.

Fomos recebidos pelo seu Presidente, Francisco Elder Souza de Oliveira e pelo Coordenador de Pesquisa Científica, Adreimar Martins Soares que ficaram motivados em apoiar o evento que segundo seu presidente será da maior relevância para Rondônia e para a Região Pan-Amazônica. A geógrafa, Profa. Dra.Maria Madalena de Aguiar Cavalcante, Coordenadora do Programa de Pós Graduação esteve presente, representando a UNIR. Dra. Gladys Renée de Souza Sanchez, Presidente da CASLA e o Prof. Dr. Dimas Floriani, coordenador acadêmico da Rede fizeram uma exposição da história e objetivos da Rede Internacional Casla-Cepial. 




sábado, 19 de agosto de 2017

Minuta de memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, ocorrida em 19 de julho de 2017.Elaboração: Prof. Dr. Thomaz Mendes Fo.


Presentes: Prof. Dimas Floriani, Profª Lucia Helena de Oliveira Cunha, Profª Maria do Rosário Knechtel, Ana Lizete Farias, Nathalia Barreto, Renata Giacometti, Zenilda Silva, Abdala Sánchez, Adriano Fabri, David Fadul, Naziel de Oliveira, Pedro da Silva e José Thomaz.



Manifestações. Prof. Dimas disse que algumas pessoas apresentaram justificativa de ausência. Informou haver encaminhado, pela manhã, duas referências: uma entrevista e um texto sobre decrescimento. Adriano chegou. Prof. Dimas propôs fazer leitura e discussão dos textos. Profª Maria do Rosário disse que aprova. Prof. Dimas propôs que cada doutorando se organizasse dentro de temáticas sugeridas, e que dialogassem com seus temas de pesquisa de tese. Disse ser importante buscar fórmula pragmática e objetiva, e que grupos temáticos dão autonomia à atividade. Que os subgrupos devem montar súmula, como antessala a um texto maior, para relatório final e ou livro, atendendo, assim, a interesses de pesquisa individuais, estabelecendo-se, assim, trabalho sinérgico. Propôs discussão sobre desenvolvimento a partir da ideia histórica, hegemônica, contrapondo-se a críticas e contemplando o contexto latino-americano. Fez menção a temas como sustentabilidade e racionalidade, e propôs escolher dois ou três textos centrais e, a partir deles, aprofundar e derivar texto para o relatório final e ou para um livro. Naziel chegou. Prof. Dimas fez menção a interfaces entre grandes eixos da dinâmica sistêmica do capitalismo. Considerou que, antes, o caráter do capitalismo foi discutido, no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento (MADE), a partir de textos do Prof. Carlos Brandão, da Universidade Estadual de Campinas, e do geógrafo inglês David Harvey, Membro da Academia Britânica. Fez menção, também, ao Prof. Juarez Guimarães, da Universidade Federal de Minas Gerais, no contexto da discussão de uma crise das democracias, à necessidade de outras lógicas para regimes políticos, e à atualidade brasileira. Considerou que a história tem sujeitos articulados a sistemas de práticas, ecologias das práticas, dimensões de materialidade, sistemas de práticas, cultura, imaginários, sistemas de valores, resistências políticas e diálogos de saberes, na qualidade de palavras-chave e ou de categorias de análise. E fez menção ao questionamento da ideia de desenvolvimento, com referência a centralidade e a periferia do desenvolvimento.



Profª Maria do Rosário perguntou se se trata de contextualização em nível mais amplo ou circunscrito à América Latina. Prof. Dimas respondeu que se refere ao plano macro, abstrato, mas que possibilita localização. Fez referência a sujeitos e a suas dimensões localizadas, e a dimensões interculturais de subalternidades, de tipologias, e que remetem a subjetividades ou racionalidades, resistências. E indagou sobre a capacidade de construção de práticas políticas. Sobre identidades e culturas, fez menção a possível contribuição de Profª Lucia Helena, e sobre interculturalidade, à da Profª Maria do Rosário. Fez referência a materialidade e a imaterialidade, a usos e apropriações da natureza mediados por tecnologias e que são influenciados pelo imaginário. Identificou movimentos dedutivo e indutivo, e disse da importância de indagar sobre processos estruturais de organização do capitalismo, com críticas a modelos dominantes, citando, como um dos exemplos, as chamadas epistemologias do Sul. Informou que o Prof. Edmilson apresentara quatro sugestões.



Ana Lizete fez menção a trabalho sobre educação, e disse que, a seu ver, não seria o caso de apresentá-lo em seminário. Destacou a importância, a seu ver, de centrar a investigação no Brasil. Disse estar a ler Em Defesa das Causas Perdidas (São Paulo: Boitempo, 2011), do sociólogo esloveno Slavoj Žižek (originalmente publicado em língua inglesa: Londres e Nova Iorque: Verso, 2008). Fez menção a como evoluíram, no tempo, as políticas ambientais, que considera alijada de vários processos. Fez menção ao Prof. Eduardo Faganini, da Universidade Estadual de Campinas, no particular, segundo ela, de que se encerrou um ciclo de decadência social. Considerou, ainda, ser importante identificar como se fez, como está, e para onde vai o ambientalismo, que, em sua visão, coopera, hoje, com empresas. Falou-se sobre uma mudança de papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ana Lizete disse achar que o Brasil não tem plano de desenvolvimento. Profª Lucia Helena indagou sobre a referência ao BNDES. Ana Lizete disse que o referido banco deveria ser fomentador do desenvolvimento, mas que, nos últimos anos, financiou frigoríficos, e manifestou preocupação no sentido do desmatamento da Amazônia. Profª Maria do Rosário disse que, a seu ver, deveria ser considerado, também, o Programa de Aceleração do Crescimento, e mencionou, nesse particular, construção de pontes. Ana Lizete disse que, a seu ver, o aspecto social tem estado desvinculado do ambiental. Prof. Dimas disse faltar uma visão mais crítica do Estado, e que há necessidade de um distanciamento crítico. Disse que os Presidentes Lula e Dilma falavam em quarenta bilhões de reais, e que o atual governo fala em crise. Ana Lizete, fazendo referência a um estudo, identificou decréscimo na aplicação de recursos.



 Profª Lucia Helena fez menção à Presidente Dilma como desenvolvimentista, e a que a Senadora Marina Silva teria deixado o Partido dos Trabalhadores (PT) em razão de seu posicionamento sobre o Código Florestal. Ana Lizete identificou desconstrução referente à política indígena. Prof. Dimas disse identificar diferença entre o projeto do PT e outros, e fez menção a como convivem com a centralidade do projeto capitalista, destacando que os governos dos Presidentes Lula e Dilma incentivaram o agronegócio. Fez menção ainda à obra A Ética Protestante e o “Espírito” do Capitalismo (São Paulo: Companhia das Letras, 2004), do sociólogo alemão Max Weber (originalmente publicada em língua alemã, em duas partes, em 1904 e 1905, no periódico Archiv für Sozialwiβenschaft und Sozialpolitik), com referência aos modelos inglês, suíço e de parte da Alemanha, e ponderou existirem tipos de capitalismo que não se centram no indivíduo. Disse que o sociólogo Florestan Fernandes dissera não haver havido, no Brasil, burguesia capaz de fazer revolução, e que o Estado brasileiro assumira essa função.



Profª Lucia Helena mencionou o antropólogo e Membro da Academia Brasileira de Letras Darcy Ribeiro, no particular em que a burguesia jamais fora estabelecida no Brasil, e que reflexos disso são visíveis, atualmente, nas relações entre patrões e empregados. Acrescentou que a formação histórica do Brasil pesa nesse sentido, com estranhamento, segundo ela, em que empregadas domésticas viajem de avião. Ana Lizete fez menção ao que chamou de colapso do Estado do Rio de Janeiro. Prof. Dimas fez uma analogia entre a cidade de Alepo (Síria) e a cidade do Rio de Janeiro, no particular em que, segundo ele, parte de ambas seriam funcionais, e as respectivas partes complementares não o seriam. Profª Maria do Rosário indagou sobre onde está um capital consumido. Prof. Dimas fez menção a a cidade do Rio de Janeiro haver sido Capital Federal, e a que o Estado do Rio de Janeiro perdera considerável quantidade de repasses de recursos federais. E disse que não conhecemos o Brasil. Profª Lucia Helena citou a canção Querelas do Brasil (Rio de Janeiro: Polygram do Brasil, 1978), de Maurício Tapajós e Aldir Blanc, interpretada por Elis Regina. Prof. Dimas disse ser importante identificarmos como nós percebemos o Brasil. Profª Lucia Helena reconheceu importância nas representações, e indagou como o PT não conhece essa dimensão do imaginário.



Prof. Dimas disse ser importante identificar quem fala a partir de quem, e de quem fala. Reconheceu que práticas religiosas são instrumentos poderosos, que chegam ao povo enquanto outros não o fazem. Considerou que o PT desenvolveu-se a partir de uma pequena elite, que identificou com sindicatos e com outros pequenos grupos, e fez a ressalva de que o Presidente Lula conseguiu dirigir‑se eficazmente ao povo brasileiro, e que essa habilidade é inata. Identificou, no Brasil, cultura cívica no sentido de que o Estado deve prover. E expressou a convicção de que, algumas vezes, os meios de comunicação induzem resposta aos entrevistados. Relacionou ao Prof. Juarez Guimarães uma ideia de golpe parlamentar, com trezentas pessoas mandando no Brasil. Ana Lizete citou o jornalista Leonardo Sakamoto como denunciante de algumas situações. Prof. Dimas disse haver dinâmica social e reforço de práticas. Fez menção a reforma política com voto distrital, e disse que os meios de comunicação são tão golpistas quanto o parlamento. Identificou, como desafio teórico, que os manuais dos séculos XIX e XX não explicam o Brasil. Profª Lucia Helena fez menção a O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil (São Paulo: Companhia das Letras, 1995), de Darcy Ribeiro. Prof. Dimas fez menção ao livro Le Destin du Brésil (Gembloux: Duculot, 1973), do padre belga Michel Schooyans. Disse que Padre Michel acreditava que, no século XXI, Brasil e China seriam reconhecidos como importantes potências mundiais, e que o referido padre teria sido influenciado pelo lema “Brasil: ame-o ou deixe-o.”. Fez ainda menção ao sistema belga de avaliação acadêmica que, na época em que ele, Prof. Dimas, cursava o mestrado, ainda mantinha realização de prova oral, e comentou, brevemente, sobre seu desempenho na realização de tais provas.  . Ana Lizete consultou colegas sobre a oficina no MADE. Adriano fez manifestação nesse sentido, e Prof. Dimas acrescentou explicação sobre isso.



Ana Lizete fez menção a intenção de contemplar desenvolvimento no Brasil. Prof. Dimas disse que isso será possível no subgrupo formado por ela, Ana Lizete, e Nathalia. Adriano disse estar interessado mais em reflexão crítica sobre o pós-desenvolvimento, com intuito de, depois, estudar um contexto local. Prof. Dimas perguntou sobre mais alguma manifestação nesse sentido. Zenilda informou estar interessada em estudar conflito entre natureza e sociedade, e que quer trabalhar com líderes comunitários, e com práticas. Disse estar a ler O Enigma do Capital: e as crises do capitalismo (São Paulo: Boitempo, 2011), de David Harvey (originalmente publicado em língua inglesa: Londres: Profile Books, 2010). Prof. Dimas considerou ser possível focar no Brasil com temas específicos. Profª Lucia Helena advertiu para não se recair no mecanicismo nem no automatismo, e fez breve brincadeira relacionando Sociologia e Antropologia. Ana Lizete disse ser importante incluir o movimento ambientalista, setor financeiro e papel do Estado. Naziel disse que o enfoque no Brasil poderia ficar com Ana Lizete e com Nathalia. Prof. Dimas fez referência a outros tópicos mais específicos, concluindo que as teorias contestadoras do desenvolvimento emergem a partir de práticas políticas.



Naziel fez menção a pequenas centrais hidrelétricas, e a tentativas, ou posturas, de manutenção de status quo. Prof. Dimas fez menção aos anos oitenta, e citou o ambientalista Chico Mendes. Profª Lucia Helena disse que Chico Mendes deu causa ao primeiro movimento socioambiental no mundo, que diferiu, por exemplo, das manifestações antinucleares. Prof. Dimas citou o Prof. Eduardo Viola, da Universidade de Brasília. Profª Maria do Rosário informou sobre o falecimento da pedagoga uruguaia Nana Mininni Medina, pioneira em educação ambiental no Brasil. Prof. Dimas lembrou que a Profª Nana organizara legislação ambiental brasileira, à época do governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. E considerou que o Prof. Viola realizara uma bela sistematização do movimento ambientalista, e indagou sobre contramovimentos que modelaram atores. Reconheceu influência do Estado, no sentido de absorver intelectuais em seus quadros. Citou, em particular, o ambientalista João Paulo Capobianco. Ana Lizete citou a ambientalista Miriam Prochnow. Prof. Dimas fez menção a militantes do PT da fase que identificou como “heroica”, considerando que, depois, o partido se institucionalizou. E citou, ainda, o ambientalista Fábio Feldmann. Ana Lizete citou a política Marina Silva. Prof. Dimas disse que pode ser feita uma leitura de classe, e citou o economista italiano Paolo Sylos Labini, em particular seu Ensaio Sobre as Classes Sociais (Rio de Janeiro: Zahar, 1983; originalmente publicado em língua italiana: Roma, Bari: Laterza, 1974), e comentou, no contexto dessa obra, que a classe média comanda o povo e submete-se ao capital. Disse que acredita em movimentos sociais, mas sem mistificá-los. Mencionou o caso de uma estudante goiana que se teria identificado com a doutrina do líder chinês Mao Tsé-Tung e que, em consequência, teria, durante um período de sua vida, mudado substancialmente seu modo de interagir no mundo.



Profª Lucia Helena considerou que a inserção em uma classe social não é opção. Pedro considerou que a ambientalista Marina Silva não era originaria da classe média e assumiu condição de classe média. Prof. Dimas disse que Marina não deixou de ser evangélica. Profª Lucia Helena disse que Marina era católica, filha de seringueiro; que Marina trabalhara como empregada doméstica; que Marina fora sua aluna e ingressara em um partido comunista; que o PT abrigava várias tendências, inclusive ocultando partido ou organização comunista. Ana Lizete disse ver em Marina firmeza, integridade e simplicidade. Profª Lucia Helena fez menção a pensar como se dá a migração de católico a evangélico. Prof. Dimas disse que por trás de todo santo há um grande perverso, frase que atribuiu ao médico austríaco, Membro estrangeiro da Royal Society, Sigmund Freud. Profª Lucia Helena disse haver recebido convite para ir, com a Profª Sigrid Andersen, a evento em hotel de Curitiba, no qual Marina Silva estaria presente. Nathalia chegou. Profª Lucia Helena disse que as pessoas se levantam em consideração a Marina Silva. Davi despediu-se de Prof. Dimas e ausentou-se. Profª Lucia Helena disse que acha que Marina almeja conseguir votos de conservadores. Pedro considerou a possibilidade de Marina não haver simpatizado com a escolha da então ministra Dilma Rousseff para sucessão do Presidente Lula. Prof. Dimas fez menção a expressões de contradições no Estado, e comentou brevemente sobre diferenças que identifica entre os governos do Presidente Lula e outros. Naziel disse pretender trabalhar com ecoformação, que acha necessário abrir o trabalho no sentido de que não se fique só no recorte temático do Brasil. Prof. Dimas fez menção a prática desenvolvimentista com elementos para localizar e perceber o processo histórico do desenvolvimento.



Profª Maria do Rosário perguntou se estão incluídas a educação e a interculturalidade. Prof. Dimas respondeu que sim. Profª Maria do Rosário comentou que, em certa época, parecia que a educação ambiental se desenvolveria de modo significativo e adequado, mas que, a partir de outra época, parece que não mais prosperou. Prof. Dimas fez menção ao intelectual e revolucionário ucraniano Leon Trótski, ao mês termidor, do antigo calendário francês, e à importância de centrar nos eixos. Considerou que a educação ambiental se escolarizou; que ela tem que chegar aos atores e agentes sociais; e que a prática social da escola é ideológica, doutrinária. Profª Maria do Rosário disse ser necessário um compromisso maior com o entorno. Zenilda e Naziel manifestaram-se no sentido de desenvolver perspectivas de práticas. Prof. Dimas fez menção à fase atual das atividades dos doutorandos e a futuras derivações (teses), e considerou que, em primeiro momento, importam, em particular, bases epistêmicas. Profª Maria do Rosário comentou haver poucas publicações sobre educação ambiental no MADE, apesar do pioneirismo do programa na formação com enfoque nessa área, e que sente falta de doutores em educação ambiental publicando. Prof. Dimas disse ser importante cuidar com a banalização dos usos da teoria. Ana Lizete avaliou que o excesso de aulas foi prejudicial, e que, para ela, educação ambiental é lúdica.



Zenilda disse da importância de defender a educação ambiental também na escola. Disse que sensibilização advém de conhecimento prévio, e que se preocupa com questões ambientais a partir de sua área de formação, a Biologia. Renata lembrou de atividades lúdicas por ela vividas nos quatro primeiros anos do ensino fundamental (ou equivalente). Prof. Dimas fez menção à precarização do ensino e da educação. Pedro mencionou uma estratégia que identificou como citymarketing, e contextualizou-a na Curitiba dos anos noventa. Prof. Dimas disse ser importante tentar situar-se na proposta do grupo. Renata fez menção a subalternidades e a hegemonias. Prof. Dimas considerou que a Sociologia comporta abordagem mais disciplinar que a praticada, em regra, no MADE, e que, possivelmente, depois haverá uma definição da pesquisa. E opinou que pesquisa não pode ser fechada. Disse sobre disponibilizar ao grupo texto em coautoria com Adriano. Profª Lucia Helena mostrou-se interessada pelo trabalho desenvolvido por Prof. Dimas e Adriano. Prof. Dimas disse que indicará alguns textos para leitura. Prof. Dimas e Adriano dialogaram sobre o texto produzido em coautoria. Profª Lucia Helena disse ser importante entender teorias do desenvolvimento para conceber pós-desenvolvimento.



Prof. Dimas propôs reuniões para os próximos dias 9 e 30 de agosto. Nathalia indagou sobre como abordar tema complexo. Profª Lucia Helena sugeriu leitura de Ideologia do Desenvolvimento: Brasil JK JQ (São Paulo: Paz e Terra, 1978), de Miriam Limoeiro Cardoso. Nathalia fez menção a foco socioambiental, com breve relato sobre o trabalho até então desenvolvido. Prof. Dimas disse ser importante focar em práticas e concepções dos agentes frente o desenvolvimento, com destaque para o Estado, e que temas subalternos também devem ser contemplados. Profª Lucia Helena despediu-se e ausentou-se. Nathalia fez menção a projeto de tese. Prof. Dimas disse ser necessário observar calendário, e à perspectiva de conclusão de trabalho coletivo até o próximo mês de setembro e os projetos individuais de tese até o próximo mês de dezembro. Disse que cada grupo deve produzir um texto para seu seminário, e ser importante pensar o trabalho comum junto ao interesse de pesquisa de cada um; e que existe possibilidade de publicação de livro em 2018. Nathalia comentou sobre localização de textos específicos. Prof. Dimas sugeriu localizá-los em publicações da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade (ANPPAS), e fez referência a Grupos de Trabalho em evento dessa Associação. Ana Lizete citou o livro Capitalismo e Colapso Ambiental (São Paulo: Saraiva, 2015), do Prof. Luiz Marques (Universidade Estadual de Campinas).



Adriano citou a filósofa belga Isabelle Stengers, e Prof. Dimas citou, dessa autora, o livro La Vierge et le Neutrino: les scientifiques dans la tourmente (Paris: Les Empêcheurs de penser en round, Seuil, 2006). Thomaz informou ser esta a última reunião do Grupo de Pesquisa em que pretende estar presente, e que, portanto, a partir da próxima, a função de registro de informações referentes às reuniões precisa ficar com outra pessoa. Disse que, a seu ver, a dedicação a uma atividade de pesquisa junto ao departamento em que é lotado na UFPR requererá como que uma imersão no tema, que contempla Economia, ética, dignidade humana e sustentabilidade ambiental, com vistas a publicação de um livro. Prof. Dimas perguntou se, então, caberia informar à Coordenadora do MADE sobre esta decisão. Thomaz disse que, no momento, estava a comunicar que não mais participaria das reuniões do Grupo de Pesquisa e que não mais elaboraria registro de informações referentes a reuniões do Grupo; e que, no que se refere a sua situação junto ao MADE, entende ser importante respeitar a identidade do programa, pois reconhece que, no contexto das ciências do comportamento, isso é necessário. Agradeceu pelo convite recebido para integrar o Grupo, que, a seu ver, tem importância em especial por reconhecer que a participação em Grupo de Pesquisa registrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) oficializa, no Brasil, a condição de pesquisador. Disse também estar disponível, no Centro Politécnico da UFPR, para dialogar, academicamente, sobre temas acadêmicos pelos quais tem interesse: teorias da justiça, ética ou virtudes cívicas, e processos de escolha coletiva. Prof. Dimas agradeceu pela colaboração com o Grupo.

Minuta [parcial] de memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, ocorrida em 14 de junho de 2017. Elaboração: Prof. Dr. Thomaz Mendes Fo.


Presentes: Prof. Dimas Floriani, José Edmilson de Souza Lima, Profª Lucia Helena de Oliveira Cunha, Profª Maria do Rosário Knechtel, Zenilda Silva, Adriano Fabri, Ítalo Carrera, Leonardo de León, Pedro da Silva e José Thomaz.  



Apresentação referente a tese de doutorado de Ítalo Carrera. Néstor Ítalo Carrera fez apresentação sobre tese de doutorado que desenvolve no Centro de Estudios de Desarollo Local, Regional y Políticas Públicas (CEDER) da Universidad de Los Lagos (Chile), tese intitulada “Estudio en torno a apropiaciones territoriales, transformaciones socioecológicas y discursos científicos en el maritorio interior de Chiloé”.  Ítalo disse que quando há redes de poder há também dialética ou dialógica. Mencionou haver comunidades que consideram saberes xamânicos como bruxaria, sem sentido. E fez menção, também, à submissão do colonizado à colonização. Zenilda disse que, do ponto de vista biológico, evolução não implica noções de melhor e pior. Profª Lucia Helena disse que, do ponto de vista social, existiu sim a ideia de superioridade, com populações indígenas sendo consideradas em estágio menos evoluído que o da civilização europeia. Zenilda disse que Ítalo falara de evolução biológica. Prof. Dimas observou que, no contexto da evolução, o mais apto se salva. Zenilda disse que, nesse contexto, tem êxito quem tem capacidade de adaptação, e reafirmou não haver conceito biológico de melhor. Ítalo observou que a evolução acontece gradual e lentamente, e fez referência a um período de 10.000 anos. Prof. Dimas citou o paleontólogo e biólogo evolucionista norte‑americano Stephen Jay Gould e a ideia de um neoevolucionismo com rupturas. Mencionou também um embate moral com a Igreja, e uma pesquisa creditada ao naturalista inglês e membro da Royal Society Charles Darwin sobre aves e guano no Peru. Comentou que, nos anos 20 e 30 do século XX, escritores ingleses qualificavam as fêmeas de pelicanos de desalmadas, atribuindo, assim, característica moral humana a uma espécie não humana. E mencionou a questão da apropriação de conceitos.



Ítalo mencionou um contexto antropológico no qual a ideia de evolução está, ou estaria, presente. Prof. Dimas disse que o intelectual alemão Friedrich Engels teria mencionado as anatomias humana e do macaco, qualificando a deste como inferior à daquele. Citou também o filósofo e sociólogo alemão, nascido na Prússia, membro da Royal Society of Arts, Karl Marx, em especial uma consideração referente ao prefácio de Das Kapital: Kritik der politischen Oekonomie (Hamburg: Verlag von Otto Meissner, 1867). Citou também o antropólogo e etnólogo norte-americano Lewis Henry Morgan. Profª Lucia Helena fez observação sobre como o discurso compõe o imaginário social. Ítalo fez observação sobre imaginário e colonização. Prof. Dimas comentou brevemente sobre como o colonizado se vê no imaginário formado pelo colonizador. Profª Lucia Helena considerou que o imaginário se institui e é instituído. Ítalo disse ser importante, quando se aceita uma teoria, ver se ela serve para explicar fenômeno de interesse, e mencionou duas categorias: apropriação territorial e conflito socioambiental. Disse que, no contexto de seu doutoramento, houve produção de três textos. Ainda nesse contexto, referenciado à região de interesse para a pesquisa (arquipélago chileno de Chiloé e arredores), fez menção a apropriação simbólica e cultural, no contexto da aquicultura; a uma espécie de desculturação, referente ao trabalho em planta industrial; à introdução do salmão, com impacto no ecossistema local; à aquicultura como elemento no contexto da economia capitalista, com consequente mudança no ponto de vista como a atividade é percebida. Mencionou que, por volta de 1970, não havia na região centro de cultivo, e sim algumas estações de pesquisas, que relacionou a interesses europeus e norte-americanos. Que nos anos 80 e 90, como que “por mágica”, observou-se mudança significativa, que relacionou a um regime político ditatorial durante o qual se estabelecera, segundo disse, uma instituição imaginária de desenvolvimento. Disse que, antes de 1990, a apropriação territorial em Chiloé acontecia em conformidade com uma lógica identitária; que havia uma relação, por assim dizer, quase “ideoafetiva” (sic) até antes dos anos 90.



Prof. Dimas informou que Chiloé fica a aproximadamente 1.400 quilômetros ao sul de Santiago. Disse‑se que lá se pratica cultivo de salmões sem pesquisas sobre esse cultivo. Adriano perguntou sobre volume de antibióticos. Ítalo fez menção a áreas de manejo. Mencionou licitação ganha por período de cem anos. Ao mencionar o processo colonizador, disse que o que existe em Chiloé é o que se pode, hoje, encontrar em outras cidades, como Santiago. Prof. Dimas fez menção à mudança do Código Florestal no Brasil, reconhecendo que, nela, foram contemplados aspectos culturais. Profª Lucia Helena mencionou uma divisão política atual no Brasil. Ítalo disse que, em Chiloé, o sujeito não é capitalista. Profª Lucia Helena fez menção a por que o sujeito, em Chiloé, passa a ser capitalista. Ítalo observou haver, antes, uma subjetividade. Prof. Dimas perguntou a Ítalo como identificará racionalidades. Ítalo disse preocupar-se com a subjetividade do sujeito, e considerou que a construção do mundo baseia-se na visão de mundo. Disse haver feito análises quantitativa e qualitativa, com consulta a aproximadamente trezentos artigos sobre Chiloé, organizando-os por temas; e que identificou que a maioria dos artigos era sobre Biologia e bioquímica. Fez menção a objetivos, hipóteses e metodologia. Edmilson fez menção a rede. Ítalo explicou sobre isso e disse que se fala de etnocentrismo, de etnos como a Academia vê o contexto indígena. Fez menção a biocentrismo, em que identificou atenção a processos biológicos ou bioquímicos, e a antropocentrismo. E identificou, na aquicultura local, influência importante das abordagens biológica e antropológica. Disse haver passado dois meses a estudar documentos normativas. Profª Lucia Helena perguntou sobre como ele articula teoria e empirismo. Ítalo citou o filósofo, economista e psicanalista francês, nascido na Grécia, Cornelius Castoriadis e o também francês e filósofo, além de antropólogo e sociólogo, Edgar Morin. No contexto do antropocentrismo, fez menção à ideia do homem como medida de todas as coisas, ideia esta creditada ao sofista grego Protágoras. Leonardo perguntou sobre dados utilizados na pesquisa. Ítalo respondeu. Prof. Dimas informou que, no sistema vigente na Universidad de Los Lagos, doutorandos têm como optar entre elaborar uma tese ao estilo de monografia ou fazê-lo com o formato de artigos. Leonardo perguntou novamente sobre os dados da pesquisa. Ítalo disse que 60% dos artigos sobre Chiloé referem-se a Chiloé como espaço e não como território.



Disse haver, em artigos, discurso etnocentrista, e que a ênfase é em espaço e não em território  Adriano fez menção a surto de desenvolvimento, e perguntou sobre autores que poderiam servir de referência nesse assunto. Ítalo disse que, no contexto do conceito de desenvolvimento, trabalhou com Morin e Castoriadis. Profª Lucia Helena reconheceu ser ampla a obra de Morin. Ítalo fez menção à ideia de sujeito em desenvolvimento. Profª Lucia Helena mencionou o primeiro livro de La Méthode, intitulado La Nature de la Nature (Paris: Seuil, 1977). Ítalo mencionou, no contexto da ideia de desenvolvimento, o economista e ambientalista chileno Manfred Max Neef, e, no contexto social, o professor português, Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, Boaventura de Sousa Santos. Profª Lucia Helena considerou o imaginário do desenvolvimento interessante para estudar a concepção indígena de desenvolvimento. Ítalo fez menção ao filósofo e poeta francês Gaston Bachelard, e, em diálogo com Profª Lucia Helena, foi mencionada a obra Les Fragments de la Poétique du Feu (Paris: Presses Universitaires de France, 1988). Ítalo, no contexto do imaginário, fez referência ao antropólogo argentino Néstor García Canclini, e à geógrafa mexicana Alicia Lindon. Profª Lucia Helena perguntou sobre alguma obra específica de Canclini. Ítalo citou Culturas Híbridas: estratégias para entrar y salir de la modernidad (México: Grijalbo, 1989), e a uma  tese do sociólogo, politólogo e ensaísta chileno, agraciado, em 2007, com o Premio Nacional de Humanidades y Ciencias Sociales de Chile, Manuel Antonio Garretón, sobre imaginário. Opinou que tese de doutorado deveria ser realizada por docentes depois de ao menos vinte anos de atividade. Profª Lucia Helena disse da importância de doutorandos dedicarem-se às teses de doutorado. Ítalo fez referência ao problema da subjetividade humana em Chiloé, ou a partir de Chiloé. Profª Lucia Helena perguntou sobre a profissão de Ítalo. Ítalo disse ser um trabalhador social, no contexto de pesquisas. Profª Lucia Helena concluiu haver correspondência entre a formação de Ítalo e o curso de Serviço Social no Brasil. Profª Maria do Rosário disse que o perfil de Ítalo parece com o de Ciências Sociais. Edmilson ausentou-se. Ítalo contou um pouco sobre sua experiência, e considerou que a teoria do imaginário tenta resolver o problema da subjetividade humana.  

Minuta de memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental,7 de junho de 2017. Elaboração: Prof. Dr. Thomaz Mendes Fo.


Presentes: Prof. Dimas Floriani, José Edmilson de Souza Lima, Ana Lizete Farias, Irma Bay, Nathalia Barreto, Zenilda Silva, Adriano Fabri, Pedro da Silva e José Thomaz. 1. Preliminares. Prof. Dimas deu início à reunião, informou sobre as ausências de Profª Maria do Rosário Knechtel e de Naziel de Oliveira.



Manifestações acerca do trabalho em desenvolvimento pelos doutorandos da Turma XII. 2.1 Prof. Dimas. Fez menção a dois documentos, referentes, um à Turma XI, outro à Turma XII, de doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR (PPGMADE). Considerou que a Linha de Pesquisa Epistemologias, Sabres, Práticas e Conflitos Socioambientais enfatiza bases teóricas que dão sustentação a subtemas e a temas de investigação das teses; que, a partir de ideias fortes e de eixos fortes, os doutorandos da Turma XII devem vincular seus temas de pesquisa com a fundamentação teórica; que esses doutorandos devem apresentar seus temas de pesquisa até o próximo mês de novembro; e que mestrandos também podem colaborar nesse processo. Disse da importância de não subestimar o esforço intelectual empreendido nos módulos.



Citou o intelectual alemão Friedrich Engels no contexto da consideração – ilustrativa da necessidade de recorrer a experiência quando a natureza daquilo que se pretende conhecer assim o exige ou sugere – de que, ao invés de tentar inferir o gosto de um pudim com base em sua cor, melhor é prová-lo; e concluiu que, em certos contextos de investigação, a prática é importante e deve dialogar com a teoria. Informou que uma disciplina obrigatória para a linha deve acontecer de 17 a 28 de outubro de 2017, e mencionou alguns temas, entre eles subalternidade na América Latina, e cartografia da subalternidade (este, relacionado a trabalho desenvolvido por doutorandos da Turma XI, que, no qual identificou imersão significativamente profunda em realidades).



Apresentou a questão da possibilidade, ou não, de conviver com a diferença. Mencionou a possibilidade de formação de grupos temáticos, e disse que gostaria que não houvesse desperdício de esforço. Propôs a formação de subgrupos em torno de uma temática mais ampla. E considerou que a sistemática de trabalho deve emergir dos próprios interesses. Considerou que os alunos podem, eventualmente, ter-se afastado de sua intenção inicial de pesquisa, e que, sendo esse o caso, eles precisam dizer isso. Citou o antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, relacionando-o à ideia de que teorias são biodegradáveis; e concluiu que escolhas precisam ser renovadas quando é esse o caso. Comentou sobre texto produzido pela Turma XI. Fez menção a diversas epistemologias: ambientais, eurocêntricas, e do Sul, e a saber ou pretender estabelecer uma ponte de diálogo entre epistemologias, identificando-lhes significação nas teorias do pós‑desenvolvimento.



Citou o antropólogo colombiano Arturo Escobar e o pensamento socioambiental do engenheiro mexicano, doutor em economia do desenvolvimento e membro da Academia Mexicana de Ciências, Enrique Leff, identificando, nesse pensamento, autores pós-modernos como referência. Informou que o Prof. Leff pretende ser doutor honoris causa em Filosofia, com o desenvolvimento de tese sobre o pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger. Indagou sobre a possibilidade de conciliar os extremos de epistemologias do Ocidente e epistemologias do Extremo Ocidente, caracterizadas, estas últimas, por uma não ocidentalidade pura. Citou, também, o antropólogo, e membro da Academia Brasileira de Letras, Darcy Ribeiro, no particular em que este se refere a caboclos e a mestiços, e também o professor português, Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, Boaventura de Sousa Santos, no particular de sua referência a uma sociologia das ausências. Fez menção, também, a empoderamento democrático, e indagou sobre a possibilidade de pensar desde as margens do sistema hegemônico e experimentar alternatividades, e sobre como se pode vislumbrar temas desde a margem sistêmica: os novos movimentos migratórios, impacto de megaprojetos, população carcerária, cidade ilegal, populações indígenas etc., identificando-os como efeitos de mercado globalizado.



Disse que o capitalismo é muito mais perverso que o sistema econômico. Indagou sobre em que sistema se vive na atualidade, e sobre as consequências produzidas por esse sistema na subjetividade. Identificou, nos anos sessenta, um debate em torno de uma centralidade marxista, com repercussões no mercado de trabalho, e com produção de marginalidade e exclusão pelo sistema econômico. Citou o sociólogo peruano Aníbal Quijano, no contexto da descolonização do pensamento, em que reconheceu a possibilidade de destacar populações específicas. Considerou que, se a reflexão permanece em nível difuso, fica difícil amarrar temáticas. Renovou a manifestação no sentido de construir alguns subgrupos temáticos. Disse que gostaria de ouvir os demais, identificar interesses postos e, depois, construir subgrupos. Lembrou aos presentes que na próxima semana o doutorando chileno Ítalo Carrera fará uma exposição sobre subalternidade e alteridade, e deu alguma notícia sobre Ítalo. Informou que no próximo dia 5 de julho há previsão de apresentação dos mestrandos, e que há previsão de reunião também no próximo dia 12 de julho.



José Edmilson de Souza Lima. Fez menção a evento agendado para acontecer na Colômbia. Disse da possibilidade de realizar um rearranjo, buscando pensar como se vem trabalhando por episteme plural, particular em que mencionou a ideia de “mini‑racionalidades”, que creditou ao Prof. Boaventura de Sousa Santos, como se constituindo ou reconstituindo não a partir de apriorismos mas a partir das práticas, contaminadas pelas bases, com características singulares. Disse da motivação para pensar a ideia de um sujeito coletivo.

Citou o livro La Apuesta por la Vida: imaginación sociológica e imaginarios sociales de sustentabilidad en los territorios del Sur (México: Siglo XXI, 2014), de Enrique Leff, relacionando-o à ideia de um sujeito não na perspectiva hegemônica do sujeito autoconfiante mas do sujeito que irrompe a partir de movimentos sociais, pensando o sujeito desde as margens. Disse ser importante pensar o sujeito sempre em movimento, sujeito coletivo vivo. Pensar o processo de produção de conhecimento desde as margens. Considerou que existiria a documentação de um mapeamento dos conflitos, e fez menção a uma relação de conexão entre os desejos do doutorandos. No particular de pensar o conhecimento desde as margens, mencionou o doutorando Alexandre Hedlund, com destaque para os espaços marginais. Considerou importante identificar pontos frágeis no processo de construir mapas temáticos, e fazer diálogo entre os temas de interesse e os textos produzidos pela Turma anterior.



Adriano Fabri. Citou o Prof. Carlos Brandão e o geógrafo inglês e Membro da Academia Britânica David Harvey, no contexto da vulnerabilidade dos territórios e das populações atingidas, conforme se vê na prática. Fez-se menção aos temas racismo e injustiça ambiental, à não neutralidade das teorias, ao caráter de descolonização, com menção a Aníbal Quijano; à realidade brasileira com identificação, nela, de uma fase de neoliberalismo, seguida por uma de novo desenvolvimentismo (relacionada ao governo do Presidente Lula) e por uma de volta ao neoliberalismo; uma crítica ao desenvolvimento, e ao pós-desenvolvimentismo, relacionando, este último, a Arturo Escobar.



Ana Lizete Farias. Em conjunto com Nathalia Barreto, manifestou a opinião de que se deve tentar fazer algo mais prático; de que até o presente momento o trabalho tem sido muito teórico, e identificar, no problema, diferentes questões. Fez menção a brainstorming, e a “sentar, pensar, construir”. Prof. Dimas disse que os doutorandos devem apresentar os problemas. Ana Lizete disse perceber coisas ricas acontecendo no Brasil, que possibilitam compreender vários aspectos.



Nathalia Barreto. Disse não haver gostado do modo como a Turma XI apresentou um de seus trabalhos, que lhe pareceu, por assim dizer, com feição de recorte e colagem, no sentido de que lhe pareceu possível identificar partes individuais. Considerou-se que o texto deve ser publicável no conjunto. Disse que gostaria que fosse abordada a realidade brasileira, o Brasil. Que gostaria de escrever sobre como se traduz o modelo de desenvolvimento no Brasil, e nesse particular identificou: flexibilização da legislação, concessão de terras a estrangeiros, biodiversidade, não titulação de terras de comunidades tradicionais. Sugeriu que se adotasse um procedimento em que, em primeiro momento, se apresente o que vem acontecendo; em segundo, uma crítica; e em terceiro, alternatividades. Considerou importante trabalhar com elementos concretos; que o texto da Turma XII salta da crítica da dimensão espacial do capitalismo para a análise dos conflitos. Disse ter havido sugestão de dividir, em vez de por regiões, por tipo de conflito. E considerou importante refletir sobre o que precede os conflitos. Edmilson disse que esse era o objetivo.



Prof. Dimas disse que a atividade falhou ao não dispor de um modelo multicausal, embora os elementos centrais estejam presentes. Disse que a Profª Naína, que orientou o trabalho, tem visão fortemente econômica, e que na visão dele o capitalismo é bem mais amplo que a economia. Nathalia reiterou sua opinião de que é momento de pensar o Brasil. Prof. Dimas disse que distribuirá texto do economista chileno José Gabriel Palma, no qual critica o pensamento da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), com referência a modelo coreano e com crítica a modelos populares ou populistas. Disse que defende o governo do Presidente Lula em comparação com governos conservadores; que o capitalismo não tem muito como sair de um esquema em que ideologias liberais tentam desenvolver modelos puros para a periferia; e que esse problema é maior que o Brasil, no sentido de que está presente, também, em outros países. Disse que Palma cita o naturalista inglês e membro da Royal Society Charles Darwin e o médico austríaco Sigmund Freud; e que seu texto poderia ser objeto de discussão.



Ana Lizete disse perceber um discurso ambiental panfletário, raso, e indagou sobre o que estaria por trás desse discurso. Prof. Dimas disse ser importante abrir a caixa-preta, mesmo se contra a vontade. Nathalia Barreto manifestou-se no sentido de perpassar questões da Turma XI. Prof. Dimas disse que um trabalho com mais densidade, com boa teoria, já é meio caminho andado, e pode antecipar temas novos. Disse da importância de centrar em alguns pontos, e que o doutorado é muito importante, talvez o momento de maior desafio intelectual, em que se projeta a subjetividade, embora não seja um trabalho definitivo, e que o doutorado orienta para áreas de conhecimento. Considerou que o mestrando se indaga se será capaz de fazer uma pesquisa, e que o doutorando deve indagar-se aonde sua pesquisa o leva. Considerou também que talvez não seja o caso de cada doutorando atuar, já, em seu tema.



Zenilda Silva. Mostrou-se preocupada com o tempo, e informou que a previsão de entrega do projeto de tese é para setembro próximo. Prof. Dimas disse que não se deve improvisar, e que se deve defender a autonomia das linhas; que os doutorandos não devem angustiar-se com o prazo, e devem dedicar-se a questões teóricas. Ana Lizete disse antever um bom exercício, pois que, a seu ver, instiga questionamento. Prof. Dimas ponderou que o conhecimento é como o amor: sofre-se mas tem-se prazer. Pedro fez breve comentário sobre masoquismo. Ana Lizete disse que a experiência dos alunos é muito subestimada; que os alunos têm diferentes visões de conflitos, e indagou sobre os autores cujas obras lhes possam servir de referência. Considerou que os alunos têm vivência, e que uma relevante questão é como sustentar essa experiência com bases teóricas. Zenilda disse concordar com a exposição feita por Nathalia; que a ideia de que as coisas foram apresentadas mas não aprofundadas; e que os alunos têm que sentir e ser verdadeiros em suas produções. Prof. Dimas disse que os doutorandos devem dialogar, selecionar teorias que sirvam para discutir o tema do doutorado. Zenilda disse que história de vida é importante, e que não concorda com os alunos serem obrigados a ler algo mas sem amadurecer a leitura.



Prof. Dimas considerou que há, ainda, dois anos para os doutorandos da Turma XII desenvolverem suas teses; e que, por enquanto, deve-se entender os contornos temáticos; e que, depois, cada aluno otimizará a utilização das leituras. Considerou que, no caso da Profª Maria do Rosário, que se interessa por educação ambiental, ele alargaria para o contexto de sistemas de práticas socioambientais. Disse que Profª Maria do Rosário critica a educação concebida como restrita à escola, a práticas didáticas; e que ele acha essa concepção pobre, pois considera que a educação é criativa. Leu mensagem recebida de Thomaz, e disse ver os interesses de pesquisa por este apresentados relacionados com subjetividades de atores, ética ambiental, ética vinculada a sujeitos e a resistência de atores que assumem posição de sujeito de ação e de sujeito de pensamento; e mesmo de interculturalidade, espaços democráticos. Considerou que, traduzindo em como vai ser feita a preparação para enfrentamento dos temas, existem temas de grande transitividade e temas de preferência, que são aqueles que chamam mais atenção a cada um dos doutorandos. E que uma identificação a ser feita refere-se aos grandes temas de amarração nos subgrupos. Considerou também a articulação dos temas, a serem tratados, por assim dizer, em feixes; que vários temas implicam a existência de sujeitos e, portanto, poderiam constituir uma subárea; e que há temas mais de caráter sistêmico, nucleados na abertura da ideia de caixa-preta do desenvolvimento.



Propôs retomar a ideia de desenvolvimento em Brandão ou em outros autores, identificar as lógicas nela presentes, e articular essas ideias com a existência de sujeitos históricos, que desenvolvem racionalidades, de resistência ou hegemônicas. E considerou que um procedimento assim exige criatividade para trabalhar e dialogar reconhecendo resistências e conflitos. Nathalia mencionou os temas desenvolvimento, sujeito, racionalidades em conflito, resistências e alternatividades. Prof. Dimas disse ser importante ser seletivo para garantir especificidades, e que contato com autores amplia a compreensão dos temas. Disse não ser antieconomicista, mas que vê limites na economia como veria em compreender a realidade só a partir da cultura. Edmilson fez pergunta a Nathalia e esta mencionou seleção de temas. Edmilson perguntou qual seria a grande categoria. Adriano mencionou desenvolvimento. Ana Lizete mencionou políticas ambientais. Prof. Dimas citou ecologia das práticas, e disse que mesmo os sujeitos de racionalidade weberianos identificam um sentido no mundo; um sistema de racionalidade.



Observou que na atualidade tudo é chamado de políticas públicas. Pedro disse que leis não são efetivadas, e que se culpa a falta de educação do povo. E perguntou se as ideias de desenvolvimento provêm de Celso Furtado, economista Membro da Academia Brasileira de Letras e agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Prof. Dimas fez menção a um texto do ecólogo social uruguaio Eduardo Gudynas, texto em que é desconstruída a ideia desenvolvimento; e disse haver um cardápio variado de teorias, inclusive entre as hegemônicas. Considerou que a Revolução Industrial, embora, em certo sentido, provenha das ideias do filósofo escocês Adam Smith, Membro da Royal Society of Arts, e do economista inglês David Ricardo, ganhou projeção com o problema do desenvolvimento na periferia. Indagou que elementos novos se oporão à razão metonímica de Boaventura de Sousa Santos. E considerou que os teóricos elaboram teorias a partir das práticas. Ana Lizete fez menção à Profª Cristina Teixeira, em um contexto relacionado ao ambientalista Chico Mendes, e a uma mudança de discurso motivada por uma compreensão de que aspectos ambientais são mais atrativos que aspectos sociais. Citou também Belo Monte. Prof. Dimas mencionou a tese da Drª Mara Monteiro, sobre Belo Monte. Prof. Dimas e Edmilson consideraram ser importante fazer exercício intelectual mas também aterrissar, chegar à prática.



Nathalia consultou a tese no celular e mencionou alguns itens nela presentes. Prof. Dimas citou o Prof. Paul Little, no particular em que ele descreve três tipos de conflito, e como manejar o conceito de território. Citou, também, o geógrafo Milton Santos, vencedor do Prêmio Valtrin Lud em 1994. E disse da importância de dar vida às teorias. Adriano perguntou sobre tempo. Prof. Dimas disse que os subgrupos terão a necessária autonomia. Nathalia perguntou quais serão os eixos. Prof. Dimas disse considerar um estruturante, a partir de desenvolvimento; sujeitos: quem, com que racionalidade; e conflitos culturais: que projetos culturais têm esses sujeitos; se abrigam injustiça ambiental. E, no contexto de epistemologia da margem, considerou incluir a ideia de território (urbano, rural). Pedro indagou sobre como se traduz o novo extrativismo no Brasil, e se este utiliza campo, empírico ou dados secundários. Ana Lizete fez também menção a prazo. Prof. Dimas concedeu palavra a Thomaz. Thomaz disse que está a disposição para colaborar com os alunos dentro dos temas de pesquisa pelos quais ele tem interesse. Disse também que, a seu ver, os doutorandos devem dedicar-se aos temas que sejam realmente importantes no contexto de elaboração de suas teses.


 Edmilson mencionou a dificuldade para obtenção de dados de pesquisa, e citou um episódio em que, no contexto da consecução de dados em uma comunidade, estiveram envolvidos um padre e um bailão. Pedro fez menção à personagem Amélie Poulin, protagonista do filme Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulin (diretor: Jean-Pierre Jeunex, 2001), destacando sua percepção sobre mentiras elaboradas pela personagem. Prof. Dimas reconheceu proximidade desses comportamentos com o da sedução. Fez nova menção à importância do texto de Gudynas, e disse também que as teorias feministas oferecem contribuição epistemológica importante. Edmilson falou uma vez mais sobre calendário. Prof. Dimas disse que seria adequado trazer, para o próximo dia 12 de julho, uma boa leitura, com localização de categorias centrais. Durante a reunião, Prof. Dimas registrou, na lousa, um conjunto de informações, dispostas em espaços delimitados e que, para tornar compatível com o recurso utilizado nesta memória (a palavra escrita, sem uso do recurso gráfico das linhas de delineamento de espaços e de conexão ou relação), recebem, aqui, números conforme a seguir apresentado. 1. Aspectos sistêmicos (estruturais). 1.1 Concepções de desenvolvimento, incluindo sustentabilidade (novo extrativismo). 1.2 Capitalismo (globalização/financeirização e seus efeitos periféricos). Que se relaciona com 2. Sujeitos ambientais históricos: 2.1 Conflitos: (in)justiça ambiental. 2.2 Subalternidades (diálogo de saberes). 2.3.1 Racionalidades (hegemonia; resistências e alternatividades). 2.3.2 interculturalidade (subjetividades). Que se relaciona com 3. Sistema de práticas. Registrou, ainda na lousa, no que se refere ao item 1, alguns autores de referência: os já citados Harvey, Palma, Gudynas (este com destaque), e, ainda, o economista norte-americano Joseph Stiglitz (laureado, em 2001, ele e os também economistas e norte-americanos George Arthur Akerlof e Michael Spence, com o Prêmio Sveriges Riksbank de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, “por sua análise de mercados em condição assimétrica”) e o esloveno, nascido na Iugoslávia,Slavoj Žižek.

Minuta de memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, ocorrida em 12 de maio de 2017. Elaboração: Prof. Dr. Thomaz Mendes Fo.


Minuta de memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, ocorrida em 12 de maio de 2017, nominalmente a partir das 14 horas, na Casa Latino-Americana (CASLA).  



Presentes: Prof. Dimas Floriani, Profª Lucia Helena de Oliveira Cunha, Profª Maria do Rosário Knechtel, Zenilda Silva, Abdala Sánchez, Alexandre Hedlund, Christian de Britto, David Fadul, Felipe Amaral, Ítalo Carrera, Naziel de Oliveira, Leonardo de León, Pedro da Silva e José Thomaz.



1.    Preliminares. Prof. Dimas deu início à reunião, e informou sobre as ausências de Ana Lizete Farias por motivo de saúde e de Nathalia Barreto por compromissos no trabalho. Considerou que o calendário antes elaborado poderia ser revisto. Informou que a proposta de um curso inicialmente previsto para acontecer de 22 a 26 de maio de 2017 será transferida para outubro de 2017, ocasião para que está prevista visita de campo a algumas comunidades; que existe a intenção de aproveitar a presença dos professores no contexto de seus interesses de pesquisa; e que gostaria de contar com a presença de professores de outras instituições, como, por exemplo, a Profª Drª Ana Tereza Reis da Silva, da Universidade de Brasília.



2.    Informou haver intenção de relacionar as atividades da fase 2 da oficina 4 com trabalhos desenvolvidos por doutorandos da turma imediatamente anterior, bem como de produzir publicações a partir dos trabalhos a serem desenvolvidos pelos doutorandos da turma atual. Profª Lucia Helena e Ítalo chegaram. Mencionou também a presença, no dia 11 de maio próximo passado, no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR (PPGMADE), do Prof. Dr. Antonio Carlos Diegues, da Universidade de São Paulo, e fez breve menção ao perfil acadêmico do referido Professor. Profª Maria do Rosário perguntou se Prof. Diegues abordara processo interdisciplinar de pesquisa. Profª Lucia Helena disse crer ser ele um dos pioneiros nessa atuação. Prof. Dimas e Profª Lucia Helena relacionaram-no a pesquisas com pescadores artesanais e ao conceito de populações tradicionais. Profª Lucia Helena disse já haver tido contato com Prof. Diegues, e que ele e o Prof. Sérgio Adorno, da Universidade de São Paulo, têm atuação nos temas violência e direitos humanos. Profª Maria do Rosário perguntou sobre a área de pesquisa e Profª Lucia Helena disse ser antropologia marítima, e relacionou-o ao Prêmio Nobel da Paz de 1981 (nesse ano, o referido Prêmio foi concedido ao Haut Commissariat des Nations Unies pour les Réfugiés, cujo alto-comissário, então, era o diplomata dinamarquês Poul Hartling).



3.    Foi informado também que Profª Naína, coordenadora do PPGMADE, dissera haver intenção, por parte do PPGMADE, de abrir diálogo com Prof. Diegues. Prof. Dimas disse ser importante aproveitar o espaço disponibilizado pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade (Anppas), e fez menção ao 8º Encontro Nacional da  Anppas, agendado para acontecer em Natal, de 8 a 11 de outubro de 2017. Lembrou que, entre os egressos do Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR (MADE), Dr. Nicolas Floriani recebeu o prêmio de melhor tese, e Drª Cristina Frutuoso Teixeira foi agraciada com menção honrosa. Foi dito também que Prof. Dr. Carlos Sampaio tem ocupado posição de destaque junto à Fundação Capes. Profª Maria do Rosário reconheceu a importância do papel desempenhado pelo Prof. Sampaio por ocasião da mais recente avaliação.



4.    Prof. Dimas deixou a palavra em aberto para informes e manifestações. Fez menção ao doutorando chileno Ítalo Carrera, aluno da primeira turma do Doctorado en Ciencias Sociales da Universidad de Los Lagos em Osorno (Chile), e disse esperar que ele reapresente alguns aspectos referentes ao desenvolvimento de sua tese. Ítalo informou que, no desenvolvimento de sua tese, busca captar mudanças que acontecem em culturas milenares autóctones, localizar narrativas e processos discursivos na ciência, com destaque para a “marea roja”; que faz curso de português, e está a conhecer Curitiba; que o processo de conhecimento está em todo lugar, embora a imersão em determinado local seja única; e que a apresentação do trabalho está agendada para o próximo dia 20 de maio. Profª Maria do Rosário perguntou se isso ocorrerá aqui, no Brasil, ou no Chile. Prof. Dimas disse que isto ainda precisa ser definido, e considerou a possibilidade de estender a permanência.



5.     Profª Maria do Rosário perguntou se há muitos inscritos no evento Cepial, e Prof. Dimas disse haver por volta de 80 inscritos. Naziel perguntou sobre preço de passagem, e Prof. Dimas disse que estava em torno de R$ 2.400,00 há aproximadamente dois meses. Naziel perguntou sobre hospedagem, e Prof. Dimas informou o valor de US$ 30,00 pela diária em Pasto (Colômbia), e que existe a alternativa de ficar em Bogotá. Perguntou aos mestrandos sobre como estavam. Leonardo disse estar bem, e que o exame de qualificação estava previsto para o próximo mês de outubro. Christian disse trabalhar com informações referentes ao Porto de Paranaguá. Profª Lucia Helena fez menção ao oceanógrafo Guilherme Caldeira, a quem reconheceu ser uma pessoa dedicada. Prof. Dimas perguntou a Zenilda como estava. Zenilda disse estar bem.



6.    2. Apresentação sobre o desenvolvimento das teses dos doutorandos da Turma 11 do PPGMADE. Prof. Dimas perguntou a Thomaz se recebera os textos dos doutorandos. Thomaz respondeu que recebera mensagens eletrônicas, mas que não sabia dizer se estas traziam, ou não, os referidos textos.



7.    2.1 Apresentação sobre a tese em desenvolvimento por Alexandre Hedlund. Alexandre informou, inicialmente, ter havido uma conversa entre doutorandos sobre como realizar a apresentação. Fez, em seguida, menção às partes introdução e sumário provisório, a objetivos de partes do texto, a cronograma com atualização, a metodologia e a referências. Depois, passou a comentar, mais pormenorizadamente, conteúdos dos capítulos da tese em desenvolvimento, cujo título provisório é “Espaços Marginais e (In)visibilidades na Latinoamérica [sic]: ponderações desde uma epistemologia em linhas abissais”, e cuja versão atual compreende três partes. (Apresenta-se, aqui, um conjunto dos itens do trabalho, com base em texto previamente encaminhado por Alexandre.) A parte I, “considerações sobre os espaços marginais e a racionalidade de um modelo civilizatório (em crise) de desenvolvimento”, compreende os dois primeiros capítulos. O capítulo I, “por uma cartografia dos espaços marginais”, comporta as seções 1.1, “constituição da modernidade urbana: o horizonte da cidade entre espaço e lugar”; 1.2, “do centro a periferia e o periférico das margens”, e 1.3, “(re)produção de espaços marginais pela dinâmica neoliberal”. O capítulo II, “racionalidade de um modelo civilizatório (em crise) de desenvolvimento”, comporta as seções 2.1, “o modelo civilizatório de crise da modernidade: rupturas e transições pós-modernas”; 2.2, “a constituição (simbólica e material) das margens na periferia do sistema mundo”; 2.3, “a racionalidade em crise e a marginalização avançada”, e 2.4, “aproximações e distanciamentos entre o 'não lugar' e o Estado de exceção”. A parte II, “apontamentos sobre a (in)visibilidade dos sujeitos subalternos no contexto latino-americano”, também comporta dois capítulos. O capítulo III, “da constituição da cidadania à periférica cidadania latino-americana”, comporta as seções 3.1, “atores, autores, sujeitos e cidadãos (partindo do eurocentrismo) da classificação social”, 3.2, “o status de cidadão na modernidade periférica, ou de sua ausência”, 3.3, “da ralé estrutural e dos descartáveis do sistema central”, e 3.4, “bricolagem de direitos: a ilusão da cidadania subalterna”. O capítulo IV, “do mundo (in)visível dos sujeitos invisíveis”, comporta as seções 4.1, “quem opera o mundo visível, ou das formas de controle”; 4.2, “das racionalidades e contradições do mundo (in)visível e a produção das vulnerabilidades na latinoamérica [sic]”; e 4.3, “polarização humana e a vulnerabilidade a dinâmica neoliberal: a visibilidade dos modernos constituiria a invisibilidade dos subalternos?”. A parte III, “ponderações sobre as fragilidades epistêmicas da latinoamérica [sic] – caminhando por linhas abissais”, compreende três capítulos. O capítulo V, “fragilidade epistêmica da subalternidade – vazios ou abismos do pensamento”, comporta as seções 5.1, “cultura de controle destitui o lugar/espaço e vê o espaço como ameaça”; 5.2, “em busca da epistemologia das margens: processos de imperfeição e desordem”; e 5.3, “a estigmatização territorial e o aprisionamento simbólico dos invisíveis”. O capítulo VI, “o (des)velar do mito de Sísifo em busca do Garabombo: pela multiplicidade de epistemologias das margens para se pensar outras racionalidades desde o sul”, comporta as seções 6.1, “o cotidiano do espaço marginal: reinvenção dos lugares e do que escapa ao controle”; 6.2, “racionalidades e espiritualidades: da reinvenção do lugar da cultura”; 6.3, “condição periférica no pensamento político: a questão da cidadania num universo de fragilidades”; e 6.4, “em busca de Garabombo ou da necessidade do mito e do símbolo latino-americano”. E o capítulo VII, “por uma cartografia (social) dos espaços marginais ou a guisa de conclusão”, comporta as seções 7.1, “a resistência como negatividade positiva da ação política enquanto devir”; e 7.2, “as vozes dos invisíveis: (entrevistas semiestruturadas como lideranças de movimentos - mapuche, mulheres, luta pela moradia/terra de direitos e outros)”. Alexandre fez menção, também, a pesquisa de campo com uso de entrevistas semiestruturadas, e foram mencionados alguns autores: Jessé Souza (no contexto do conceito de “ralé”), Aníbal Quijano, Arturo Escobar, Gilles Deleuze (no contexto dos conceitos de “cidade real” e “cidade formal”).



8.    Prof. Dimas revelou-se impressionado com a ousadia da proposta, ao considerar o pouco tempo disponível para finalização do doutorado. Disse também ser necessário traçar uma linha mestra, pois por volta de 80% do texto se apresenta como reforço em relação àquela; burilar como que uma racionalidade crítica do desenvolvimento. Mencionou, também, sujeito, crítica do poder, acumulação por espoliação, e a ideia de sujeitos “descartáveis”, na acepção utilizada pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman; isso sem falar na parte empírica do trabalho. Disse ser importante refletir mais sobre limites do Direito no contexto dos espaços marginais e de “estado de exceção”, na acepção utilizada pelo filósofo italiano Giorgio Agamben. Fez ainda menção ao romancista e poeta peruano Manuel Scorza, no contexto do livro que, em português, ganhou a versão História de Garabombo, o Invisível (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira). Disse ser importante dar mais densidade à ideia-força da tese. Citou, ainda, o sociólogo português, Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique, e Grande Oficial da Ordem de Rio Branco, Boaventura de Sousa Santos, no particular em que este trata da “razão metonímica”. Ponderou, também, haver risco de uma tese extensa ser superficial, e disse ser importante enunciar o problema sem abandonar o Direito, área de formação original de Alexandre.



9.    Profª. Lucia Helena disse achar inviável realizar pesquisa prática nesse estágio do trabalho, e sugeriu dedicar atenção a como trazer a ela as vozes dos sujeitos marginais e a apontar a invisibilidade. Profª Maria do Rosário perguntou se sujeitos de diferentes países seriam considerados. Prof. Dimas disse que isso já implica em outra coisa, e contou uma anedota referente a estratificação social em um país europeu. Profª Maria do Rosário fez referência a status social no Egito, por ocasião de uma viagem que ela fizera ao país africano. Profª Lucia Helena enfatizou a importância de seguir uma linha na tese.



10. Prof. Dimas disse que os dois primeiros capítulos poderiam ser reunidos em um; que seria importante ver se o Direito consegue servir de linha na tese e, em caso positivo, como o consegue. Alexandre disse que não se utiliza mais, no Brasil, o direito penal com foco no autor, sendo mais frequente tratá-lo com base no contexto social do réu. Profª Lucia Helena disse que parece que, no contexto da apresentação, atores e sujeitos estão meio confundidos, e lembrou a acepção de sujeito do filósofo e dramaturgo francês Alain Badiou. Pedro fez menção ao sociólogo francês e sócio-correspondente da Academia Brasileira de Letras Alain Touraine, e a como, a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, se têm constituído os direitos. Citou o filósofo, escritor e senador vitalício italiano Norberto Bobbio, em particular sua obra que, em português, foi vertida como A Era dos Direitos (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998), e considerou importante delimitar contextos anterior e posterior a 1988.



11. Prof. Dimas perguntou a Christian seu posicionamento. Christian disse que, a seu ver, a questão é complicada. Prof. Dimas disse que, a seu ver, a tese assume aspecto mais teórico. Perguntou a opinião de Thomaz. Thomaz disse não ver, ainda, com clareza, uma tese. Prof. Dimas disse ser importante buscar sinergias, e propôs fundir os capítulos 3 e 4, e buscar equilíbrio no trabalho. Disse que a estratégia de uma tese é de permanente reestruturação. Profª Lucia Helena disse sentir falta de que mais pessoas falassem.



12. 2.2 Apresentação sobre a tese em desenvolvimento por David Fadul. David disse não haver participado com os demais doutorandos da conversa mencionada por Alexandre. Considerou que o campo ambiental é interdisciplinar, e o problema de como se dá o diálogo em prol de um conhecimento. Disse haver consultado as áreas de formação, e indagou sobre a possibilidade de volta a outros campos, inclusive o dele próprio. Mencionou dois conceitos que creditou ao Prof. José Edmilson de Souza Lima: os de sujeito cognoscente e campo. E, com referência ao segundo, esclareceu que, enquanto o sociólogo francês Pierre Bourdieu nele acentua uma disputa de sentidos, Prof. Edmilson nele reconhece disputa e convivência. Disse planejar que na primeira parte seja apresentado o estado da arte a partir da óptica do campo ambiental. Fez menção ao sujeito cognoscente clássico conforme o concebera o filósofo e matemático francês René Descartes, e indagou sobre como os campos evoluem epigeneticamente. Considerou que, na obra Discours de la Méthode : pour bien conduire la raison, et chercher la verité dans les sciences (Leyde: Ian Maire, 1637), o homem é reconhecidamente distinto dos animais, e mencionou experiências com chimpanzés que, segundo disse, sugerem que estes possuem inteligência. Fez menção também ao médico norte-americano Roger Sperry, que, em conjunto com os também médicos norte-americano David Hubel e sueco Torsten Wiesel, fora agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1988, por pesquisas referentes à separação e a identificação das funções dos hemisférios cerebrais esquerdo e direito. Fez referência às noções de teleologia e teleonomia, creditando-as ao biólogo teuto-americano Ernst Mayr, e também à epigênese do sujeito coletivo. Prof. Dimas mencionou algumas virtudes de Mayr, e fez menção ao livro do filósofo francês de origem grega Cornelius Castoriadis que, em português, recebeu a versão A Instituição Imaginária da Sociedade (São Paulo: Paz e Terra, 2007). Davi citou a frase final do romance do escritor e semiólogo italiano Umberto Eco que, em português, foi vertido como O Nome da Rosa (Rio de Janeiro: Record, 2009): “Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus.” (Em vernáculo: “A rosa antiga permanece no nome, nada temos além do nome.”) Disse que uma contribuição dos matemáticos alemão Abrahan Frankel e galês Bertrand Russell poderia, embora sem necessidade, ser considerada no contexto em questão. Prof. Dimas indagou sobre como resolver a questão da epigênese do sujeito coletivo. David disse haver tipos de sujeito cognitivo: referenciado ao interior e referenciado ao meio; que campos de conhecimento seriam, por assim dizer, uma espécie de sujeito coletivo; que como os discursos são formados dependem do meio; e que o Direito é um campo e um sujeito coletivo. Pedro ausentou-se. David citou brevemente o filósofo austríaco, naturalizado britânico, Ludwig Wittgenstein. Considerou que as regras são publicizadas ou não o são; que, no Direito, não o são; e que nem o são nos tribunais. Prof. Dimas considerou que o juiz tem um cargo de pessoa. Alexandre fez menção a um determinado juiz brasileiro como exemplo de magistrado que pensa diferentemente dos demais. Davi disse que os juízes, em suas decisões, não se pautam pelo que dizem publicações acadêmicas. Prof. Dimas indagou sobre o que instrui alguns agentes, em particular se o seria a pressão social, e considerou que agentes têm história de vida, visão de mundo. Davi disse acreditar em uma teoria realista do Direito. Prof. Dimas disse que os agentes não necessariamente são neutros. Profª Lucia Helena disse que um trabalho acadêmico tem que ter conexão com a realidade, para não se incorrer em metafísica. Prof. Dimas apresentou preocupações metodológicas, no sentido de criar um mecanismo de mediação para qualificar lógicas, processuais e outras. Citou o biólogo e antropólogo americano Gregory Bateson. Considerou o sujeito coletivo no contexto ambiental, indagando sobre o que leva a determinada postura jurídica, ou, que mecanismo leva à decisão. Davi citou o jurista e filósofo dinamarquês Alf Ross, no contexto do Direito. Naziel mencionou, no contexto da Biologia, pesquisa com andorinhas, relacionando-as a etologia. Prof. Dimas perguntou se a informação se referia ao trabalho do biólogo austríaco Konrad Lorenz, agraciado, em conjunto com os etologistas alemão Karl von Frisch e neerlandês Nikolaas Tinbergen, com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1973, por trabalhos em etologia, comportamento e comunicação animal. Naziel disse que também se referia a Lorenz. Profª Lucia Helena perguntou se Prof. Edilson trabalha com Bourdieu. Prof. Dimas disse não o saber, e fez menção a um artigo. Profª Lucia Helena disse que tentará ajudar. Naziel cumprimentou pela exposição.



13. Prof. Dimas perguntou a Ítalo como trabalhara com Castoriadis, e também a Alexandre. Alexandre informou que, no direito penal chileno, a posição do ministério público, no recinto de julgamento, sugere postura acusatória, de frente para o magistrado, enquanto no direito penal brasileiro, o ministério público posiciona-se ao lado do magistrado, sugerindo, a seu ver, uma postura mais inquisitorial, de matriz espanhola. Prof. Dimas considerou que o sociólogo alemão Niklas Luhman teria aceitação significativa no Direito, e perguntou sobre as razões dessa aceitação. David disse não perceber muita aceitação de Luhman no Direito. Alexandre e David dialogaram um pouco sobre isso. Prof. Dimas disse ver autopoiese em Luhman. Davi explicou seus conceitos de crise e de ruptura. Prof. Dimas perguntou sobre o imaginário. Ítalo disse da barreira da língua, e identificou, no contexto em questão, um problema filosófico: estar-se a falar a partir de uma estrutura teleológica sem contemplar a dimensão axiológica, sem resolver, portanto, o problema da subjetividade humana. Reforçou a manifestação da ideia de que se se quer estudar dimensão teleológica tem-se que estudar também uma axiológica. Perguntou se David conhece o filósofo da ciência austríaco Paul Feyerabend, no particular referente a como o sujeito cognoscente constrói realidade. Afirmou que a teoria evolutiva do naturalista francês Jean-Baptiste de Monet, Cavaleiro de Lamarck, é melhor que a teoria da coevolução para resolver bem a relação entre sujeito e realidade. E considerou, para tanto, serem importantes, senão necessárias, algumas contribuições de filosofia moderna. David agradeceu pela manifestação final referente ao refazimento do calendário.   de maio de 2017.