Projeto de Pesquisa registrado no CNPq cujo objetivo é reunir pesquisadores latino-americanos, com metodologia interdisciplinar, por meio de pesquisas, seminários e publicações em Meio Ambiente, Cultura e Sociedade. Este projeto (2015-18) é coordenado pelo Prof. Dr. Dimas Floriani, responsável pela linha de Pesquisa em Epistemologia e Sociologia Ambiental do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR e inserido na Rede Internacional CASLA-CEPIAL Semeando Novos Rumos / Sembrando Nuevos Senderos (Coordenação Geral de Casa Latino-Americana - CASLA). Clique para acessar o projeto.


ESTAMOS INICIANDO UMA NOVA CAMINHADA EM 2019. Registramos novo projeto de pesquisa no CNPq (2019-2021), com o título de:
CONFLITOS DO SOCIOAMBIENTALISMO DESDE AS MARGENS: as intermitências do desenvolvimento e da democracia na América Latina.
Estamos associando ao projeto o(a)s doutorando(a)s da Linha de Epistemologia Ambiental do PPGMADE (UFPR).



domingo, 13 de dezembro de 2015

Ata no. 19 de memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, (elaborada pelo Prof. Dr. José Thomaz Mendes Filho) ocorrida em 9 de dezembro de 2015, nominalmente a partir das 14 horas e 30 minutos, na Casa Latino-Americana (CASLA).
Presentes: Prof. Dimas Floriani, Profª Lúcia Helena de Oliveira Cunha, Profª Maria do Rosário Knechtel, Alexandre Hedlund, David Fadul, Guilherme Silva, João Vitor Fontanelli Santos e José Thomaz.
1. Preliminares. Profª Lucia Helena disse pretender dedicar-se a atividade de escrever, e apresentou justificativa para ausência de Cláudia, por convalescença. Prof. Dimas apresentou ao grupo o sociólogo e mestre em antropologia social João Vitor Fontanelli Santos. Informou também sobre o I Encontro Nacional sobre Tendencias e Desafios Ambientais (I Entenda), ocorrido nos dias 25 e 26 de novembro de 2015 em São Luís. Prof. Dimas disse ver uma ponte interessante entre a área de atuação de João Vitor e atividades desenvolvidas no âmbito da Rede CASLA-Cepial. Profª Maria do Rosário chegou. Prof. Dimas disse que Edmilson havia justificado, previamente, sua ausência. Seguiu-se breve comentário sobre o processo de seleção de candidatos ao Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR (MADE). Profª Lucia Helena comentou sobre o número significativo de suicídios na população indígena. João Vitor fez breve menção a seus temas de interesse: trabalho com comunidades tradicionais e com populações indígenas, e fez menção à tribo dâw, contemplada em sua dissertação de mestrado. Citou também ao povo indígena caigangue, que, segundo disse, conta 12 mil pessoas no Paraná e 34 mil pessoas no Sul do Brasil. Disse que a renda dos caigangues provém da venda de artesanato e de benefícios sociais. Fez breve menção à política curitibana de casa de passagem, na qual reconhece a necessidade de separar a população de rua em grupos segundo características identitárias. Disse que casais podem permanecer até 20 dias em uma casa de passagem. Disse que a presença de indígenas na cidade é consequência de esbulho por eles sofrido em suas terras de origem. Disse que 80% dos caigangues que chegam a Curitiba provêm da reserva indígena Rio das Cobras, localizada, assim o disse, no município de Laranjeiras do Sul. Profª Maria do Rosário perguntou sobre o tempo de permanência dos indígenas na casa de passagem. João Vitor disse ser de 20 dias. Profª Lucia Helena perguntou se não seria interessante haver um conselho, no sentido de dar visibilidade à população indígena. Profª Maria do Rosário perguntou que práticas os educadores sociais fazem. João Vitor citou crianças em situação de rua, acompanhando suas mães. Profª Lucia Helena disse ser importante falar não só do índio na cidade, mas também da trajetória do índio que vem à cidade, e considerou que sua visibilidade só ocorrerá se ele trouxer sua cultura para a cidade. Pro. Dimas mencionou o Prof. José Roberto Vasconcelos Galdino, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Disse que a CASLA conta com a assistência jurídica de advogados que atuam na CASLA-Jur, e reconheceu a necessidade de consultar os indígenas em situações que exercem impacto sobre eles. Profª Maria do Rosário fez menção ao educador social e a sua importância. Thomaz perguntou como acontece o mencionado esbulho. João Vitor disse que se trata de um processo histórico de afastamento do indígena de suas terras. Prof. Dimas fez menção ao Prof. Jorge Montenegro, do Departamento de Geografia, Setor de Ciências da Terra da UFPR, e ao Prof. Alfredo Wagner, da Universidade do Estado do Amazonas, relacionando-os ao debate sobre populações tradicionais. E disse da intenção de convidar um filósofo de formação para integrar o Grupo de Pesquisa. Profª Maria do Rosário fez menção à Profª Ana Tereza Reis da Silva, da Universidade de Brasília, destacando o interesse da referida professora pela educação ambiental.
2. Considerações sobre as teses em andamento.
2.1 Guilherme Silva: identificou como marcos teóricos a teoria das representações do psicólogo social francês nascido na Romênia Serge Moscovici e a psicologia cognitiva do epistemólogo suíço Jean Piaget. João Vitor despediu-se e ausentou-se. Profª Lucia Helena indagou sobre o objeto da pesquisa e se o trabalho contemplaria as representações dos discentes, e destacou a importância de identificar percepções. Prof. Dimas disse da importância de identificar, também, ausências. Profª Lucia Helena disse que a ideia de hipótese tem matriz em contextos de verificação. Profª Maria do Rosário considerou que hipótese trabalha com quantidade. Prof. Dimas ponderou que as coisas servem a um público e não a outro. Profª Lucia Helena localizou no trabalho do sociólogo, psicólogo social e filósofo francês Émile Durkheim a origem das representações sociais, desvinculando-as da Psicologia; citou o filósofo, economista e psicanalista francês nascido no Império Otomano Cornelius Castoriadis, e o professor francês Gilbert Durand, relacionando este último ao estudo das estruturas antropológicas do imaginário. Prof. Dimas citou a professora francesa Denise Jodelet, e recomendou consulta à obra do pedagogo e filósofo Moacir Gadotti. Guilherme concordou. Profª Lucia Helena apresentou a questão de como o imaginário institui, ou não, práticas. Thomaz disse ser possível adotar Moscovici e Piaget, autores do século XX, como marcos teóricos, contanto que se identifiquem referências no século XXI que revelem que as contribuições desses autores continuam, por assim dizer, vivas, e relevantes nas respectivas áreas de atuação. Partindo do mencionado contexto da educação ambiental, considerou também uma diferença importante entre a educação de adultos e a educação de não adultos, no particular em que adultos devem poder escolher se querem ou não receber determinado tipo de educação, enquanto que essa decisão, no caso de não adultos, cabe a quem por eles seja responsável. Prof. Dimas considerou que o imaginário se situa próximo do mito, e que o mito é atemporal; e fez menção ao Prof. Nelson Vergara Muñoz, do Centro de Estudios Regionales da Universidad de Los Lagos (Chile), por seu trabalho com quotidiano e imaginário. Profª Maria do Rosário disse ter material proveniente da Espanha. Guilherme citou ainda o filósofo e sociólogo alemão Theodor Adorno, no contexto dos temas autonomia e heteronomia.
2.2 Alexandre Hedlund: disse trabalhar com os temas espaço marginal, cultura do controle e marginalidade urbana. Que a questão central em sua pesquisa é o espaço marginal, a exclusão e a invisibilidade do subalterno, e a fragilidade epistêmica da marginalidade. Prof. Dimas indagou sobre se vale ou não apena incluir os excluídos, no sentido particular de saber se eles querem, ou não, ser incluídos. Citou o filósofo italiano Giorgio Agamben, relacionando-o à “biopolítica”, e o filósofo francês Michel Foucault. Profª Lucia Helena fez menção a saberes ambientais. Alexandre fez menção ao livro Os Condenados da Terra (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968), originalmente publicado em língua francesa com o título Les Damnés de la Terre (Paris: Maspero, 1961), de autoria do psiquiatra, filósofo e ensaísta francês Frantz Fanon; e também ao conceito de Homo sacer. Prof. Dimas citou a filósofa política belga Chantal Mouffe e o filósofo esloveno nascido na Iugoslávia Slavoj Žižek. Profª Maria do Rosário disse da necessidade de se ter um ideal. Prof. Dimas fez menção ao livro Mil Platôs (São Paulo: 34, 1995), originalmente publicado em língua francesa com o título Mille Plateaux (Paris: Minuit, 1980), de autoria do filósofo Gilles Deleuze e do intelectual Félix Guattari, ambos franceses; e também ao livro Manicômios, Prisões e Conventos, (São Paulo: Perspectiva, 2015) de autoria do cientista social, antropólogo, sociólogo e escritor canadense Erving Goffman, originalmente publicado em língua inglesa com o título Asylums: essays on the social situation of mental patients and other inmates (New York: Anchor Books, 1961). Comentou que, com a experiência nessas instituições, os indivíduos, por assim dizer, deixam de ser o que eram e passam a ser outras pessoas. Profª Maria do Rosário comentou que as pessoas que trabalham nessas instituições também sofrem influência do ambiente. Prof. Dimas e Profª Maria do Rosário mencionaram o livro Vigiar e Punir: nascimento da prisão (Petrópolis: Vozes, 1987), de Michel Foucault, originalmente publicado em língua francesa com o título Surveiller et Punir : naissance de la prision (Paris: Gallimard, 1975). Alexandre fez menção ao problema de considerar os componentes material e simbólico.

2.3 David Fadul: disse já haver falado sobre o desenvolvimento de sua tese na reunião próxima passada. Prof. Dimas disse ser importante identificar se existe diferença de grau ou de natureza entre os sujeitos cognoscentes individual e coletivo; e considerou marginal o direito coletivo no sentido de que a racionalidade do direito desenvolve-se a partir da perspectiva do indivíduo. David esclareceu não propor exclusão mútua entre sujeito individual e sujeito coletivo. Prof. Dimas mencionou o livro Massa e Poder (São Paulo: Companhia das Letras, 1992), originalmente publicado em língua alemã com o título Masse und Macht (Düsseldorf: Claassen, 1960), de autoria do escritor búlgaro-britânico Elias Canetti, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1981, e também, por seu trabalho na área de etologia, racionalidade e irracionalidade, Konrad Lorenz, biólogo austríaco nascido no Império Austro-Húngaro e agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou de Medicina em 1973. Reconheceu na obra de Deleuze e Guattari a ideia de agenciamento. Disse da importância de não se simplificar exageradamente a manifestação dos autores, e observou que a afirmação de que cada indivíduo age no coletivo por causa da coletividade é tautológica se não se explicar como ocorre essa ação e em que medida há multiplicidade de situações que possibilitem entender que o comportamento coletivo não é algo naturalizado ou essencializado, válido para todas as circunstâncias e indivíduos. Curitiba, 12 de dezembro de 2015.

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