Projeto de Pesquisa registrado no CNPq cujo objetivo é reunir pesquisadores latino-americanos, com metodologia interdisciplinar, por meio de pesquisas, seminários e publicações em Meio Ambiente, Cultura e Sociedade. Este projeto (2015-18) é coordenado pelo Prof. Dr. Dimas Floriani, responsável pela linha de Pesquisa em Epistemologia e Sociologia Ambiental do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR e inserido na Rede Internacional CASLA-CEPIAL Semeando Novos Rumos / Sembrando Nuevos Senderos (Coordenação Geral de Casa Latino-Americana - CASLA). Clique para acessar o projeto.


ESTAMOS INICIANDO UMA NOVA CAMINHADA EM 2019. Registramos novo projeto de pesquisa no CNPq (2019-2021), com o título de:
CONFLITOS DO SOCIOAMBIENTALISMO DESDE AS MARGENS: as intermitências do desenvolvimento e da democracia na América Latina.
Estamos associando ao projeto o(a)s doutorando(a)s da Linha de Epistemologia Ambiental do PPGMADE (UFPR).



terça-feira, 29 de novembro de 2016

Memória Número 25 do seminário de Epistemologia Ambiental em 04/10/2016

Memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, ocorrida em 4 de outubro de 2016, nominalmente a partir das 14 horas e 30 minutos, na Casa Latino-Americana (CASLA). 

Presentes: Prof. Dimas Floriani, José Edmilson de Souza Lima, Profª Lucia Helena de Oliveira Cunha, Profª Maria do Rosário Knechtel, Alexandre Hedlund, Guido Mejías e José Thomaz.  

Profª Lucia Helena disse identificar-se, enquanto pesquisadora, com o Prof. Francisco Ther Ríos. Prof. Dimas considerou a possibilidade de Katya mudar de tema no VII Seminário sobre Ecologia de Saberes: produção social do conhecimento e desconstrução da colonialidade que será realizado nos dias 16 ao 18 de novembro/16 em Ponta Grossa e Curitiba (uma produção da Rede Internacional Casla-Cepial) no sentido de viabilizar a atuação da Profª Lucia Helena no mesmo evento em que estará presente o Prof. Ther, mas lembrou que isso será possível desde que combinando com Katya. 

 Prof. Dimas apresentou uma síntese das características esperadas para as atividades a serem desenvolvidas pela Linha Epistemologias, Saberes, Práticas e Conflitos Socioambientais no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento (MADE) da UFPR, com início previsto para o próximo dia 17 de outubro e com previsão de aproximadamente duas semanas. Propôs iniciar a atividade na manhã do dia 17, indicar vários autores, de modo que cada professor identifique dois textos dentre o conjunto sugerido que gostariam de indicar aos alunos, de modo que, com seis professores, resultam doze textos. 

Propôs também deixar um dia sem aulas para os alunos trabalharem. Alexandre disse que, a seu ver, existe excesso de aulas, fazendo referência, nesse particular, a aulas de Biologia, cujo conteúdo, em sua opinião, fora superficial. Prof. Dimas considerou que pós-graduação implica em reflexão e discussão, que aula é, na via da regra, unidirecional, e que os alunos precisam de tempo para prepararem-se para apresentações e discussões. Profª Maria do Rosário disse que as atividades de recensão crítica têm dado bons resultados, e demonstrou preocupação com seminários que não suscitam perguntas. Alexandre lembrou que são quatro alunos: Alexandre, David, Guilherme e Guido. 

Prof. Dimas disse que poderiam ser reservados trinta minutos para cada aluno. Alexandre disse que Guilherme não comparecera à reunião em razão de dificuldades de locomoção. Prof. Dimas mencionou a importância de haver retorno, por parte dos alunos, no diálogo entre teoria e empiria. Profª Maria do Rosário considerou que a existência de debate depois da apresentação proporciona uma experiência mais rica. Considerou a possibilidade de, depois, cada grupo, a partir da recensão, produzir um artigo, citando, nesse particular, a experiência da turma VI do doutorado no MADE, da qual participou Edmilson. 

Prof. Dimas considerou haver duas frentes: a da disciplina e a do evento. Profª Maria do Rosário considerou a possibilidade de elaboração de um texto a ser apresentado no próximo Cepial. Prof. Dimas considerou que livro exige mais densidade que artigo, e que se deve cuidar para não banalizar o livro. Informou aos presentes sobre o exame de qualificação de mestrado de Guido, agendado para o próximo dia 14, com início previsto para as 10 horas, na CASLA. Edmilson perguntou sobre evento na Colômbia. 

Prof. Dimas disse que vale a pena ir, que é possível pensar em uma temática e que a programação para o evento está sendo construída. Prof. Dimas fez menção ao, e propôs leitura do, livro “Indios, Negros y Otros Indeseables: capitalismo, racismo y exclusión en América Latina y El Caribe” (Bogotá: Ícono Editorial, 2016), de autoria do jornalista espanhol Paco Gómez  Nadal. 


A continuação, transcreve-se o programa da disciplina obrigatória da linha de Epistemologias, Saberes, Práticas e Conflitos Socioambientais que será ofertada entre os dias 17 de outubro e 8 de novembro de 2016: 


DISCIPLINA OBRIGATÓRIA DA LINHA DE PESQUISA ‘EPISTEMOLOGIA AMBIENTAL’ PPGMADE – 17 ao 28 de outubro/2016 

Ementa:  
 Aspectos epistemológicos do debate em torno de sustentabilidade, subalternidade e interculturalidade, com ênfase nos aspectos histórico-políticos, conflitos, democracia e crise dos modelos de desenvolvimento na América Latina contemporânea.

Tópicos:

1. Alguns referenciais teóricos para pensar a problemática socioambiental, tendo em vista os atuais
desafios histórico-políticos de algumas sociedades latino-americanas 

2. Conflitos, democracia e crise dos modelos de desenvolvimento 

 3. Cartografia dos principais conflitos socioambientais desde uma perspectiva da subalternidade. 

4. A interculturalidade e a resposta dos diferentes atores e instituições: é possível a coexistência na diferença? 

 Referências bibliográficas

I – Dimensões epistemológicas sobre sustentabilidade, subalternidade e interculturalidade 

1. QUIJANO, A. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. (orgs). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez. 2010. p. 84-130.

 file:///C:/Users/Dimas/Desktop/Linha%20Epistemologias%20%20e%20Seminários2016/Epistemolo gias%20do%20Sul.pdf
http://www.decolonialtranslation.com/espanol/quijano-colonialidad-delpoder.pdf   

2. SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. G.; NUNES, J. A. Introdução: para ampliar o cânone da ciência: a diversidade epistemológica do mundo. In: SANTOS, B. S. (Org.).  Semear Outras Soluções: os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. pp. 21-121.
http://www.biomas.ufop.br/biomas/texto1.pdf   

3. ESCOBAR, Arturo. Sentipensar con la tierra: nuevas lecturas sobre desarrollo, território y diferencia. Medellin: Ediciones UNAULA, 2014.
http://data.over-blog-kiwi.com/1/38/03/91/20160510/ob_fa7d06_arturo-escobar-sentipensar-con-la-tie.pdf  

4. LEFF, E. As Aventuras da epistemologia ambiental: da articulação dos saberes ao diálogo de saberes. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
http://www.ceapedi.com.ar/imagenes/biblioteca/libros/299.pdf  

5. LACEY, H. e MARICONDA, P.R. . O modelo das interações entre as atividades científicas e os valores - scientiæ studia, São Paulo, v. 12, n. 4, p. 643-68, 2014.
 http://www.scielo.br/pdf/ss/v12n4/1678-3166-ss-12-04-00643.pdf  

6. CASTILLO CISNEROS, M. Libertad y Justicia em Hannah Arendt: uma aproximación. Desafíos. Bogotá (Colombia), (20), 11-29. Semestre I de 2009.
http://www.redalyc.org/pdf/3596/359633165002.pdf  

7. BERKES, F. Sacred Ecology, p.3-19. New York and London: Routledge, Third edition published 2012. 
 http://samples.sainsburysebooks.co.uk/9781136341731_sample_497219.pdf  

8. Diálogo de saberes entre filosofia ocidental (Ricardo Salas Astrain) e saber mapuche (Armando Marileo Lefio). 

8.1.file:///C:/Users/Dimas/Downloads/DialnetFilosofiaOccidentalYFilosofiaMapucheIniciandoUnDia-3777538.pdf  

 8.2. https://www.youtube.com/watch?v=5o2VSFVBh9c  

9. Entrevista a Silvia Rivera Cusicanqui: La urgente necesidad de descolonizar la investigación social latino-americana - http://www.territoriocesch.com/nuestro-equipo     

 II – Sobre ‘desenvolvimento’ e ‘sustentabilidade’ 

1.      FLORIANI, Dimas. As retóricas da sustentabilidade na américa Latina: conflitos semânticos e políticos no contexto de “modernidades múltiplas”. In: FLORIANI, Dimas; HEVIA, Antonio Elizalde (Orgs.). América Latina:  sociedade e meio ambiente. Curitiba: Ed. UFPR, 2016, p.139-172. 

2. ESCOBAR, A. O lugar da natureza e a natureza do lugar: globalização ou pós-desenvolvimento?  
 In: LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências, perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 133-168. Disponível em:  http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/     Acesso em: 05/10/2016. 

3. ESCOBAR, Arturo. Sentipensar con la tierra: nuevas lecturas sobre desarrollo, território y diferencia. Medellin: Ediciones UNAULA, 2014.
http://data.over-blog-115kiwi.com/1/38/03/91/20160510/ob_fa7d06_arturo-escobar-sentipensar-con-la-tie.pdf  

4.GUDYNAS. E. Debates sobre el desarrollo y sus alternativas en América Latina: Una breve guía heterodoxa. In: Más Allá del Desarrollo. Quito: Ediciones Abya Yala, Fundación Rosa Luxemburg, 2011. http://www.gudynas.com/publicaciones/capitulos/GudynasDesarrolloGuiaHeterodoxaFRLQuito11.p120df 

5.RIVERO, O. O mito do desenvolvimento: os países inviáveis no século XXI. Trad. de Ricardo Aníbal Rosenbusch. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

6.BÁRCENA, A. y PRADO, A. El imperativo de la igualdad: por un desarrollo sostenible en América Latina y el Caribe. Santiago: XXI Editores y CEPAL, 2016.
 http://www.agci.cl/images/centro_documentacion/EL_IMPERATIVO_DE_LA_IGUALDAD_CEPAL_ma yo_2016.pdf  

7. Desarrollo Sustentable: de la Teoría a la Práctica. Abraham Hernández Paz,  Héctor González García, Gerardo Tamez González (coord.). Nuevo León: Universidad Autónoma de Nuevo León, México, 2016. 
 http://eprints.uanl.mx/10921/1/LIBRO%20DESARROLLO%20SUSTENTABLE%20DE%20LA%20TEOR% C3%8DA%20A%20LA%20PR%C3%81CTICA.pdf  

8. Sobre conceitos e categorias de análise da economia ecológica, tais como metabolismo e território, ) na perspectiva intelectual  de José Manuel NAREDO, consultar: http://www.elrincondenaredo.org/index.html e o texto autobiográfico do autor: 135
http://www.elrincondenaredo.org/autobiografia.html  

III – Sobre Conflitos Socioambientais e organizações/movimentos ambientalistas

1. MARTINEZ ALIER, J. O Ecologismo dos Pobres, págs. 89-116 (Ecologia Política: o estudo dos conflitos ecológicos distributivos) e págs. 333-357 (As relações entre a ecologia política e a 140
 economia política). São Paulo: Editora Contexto, 2011. 
Resenha do livro, por Clóvis Cavalcanti:
file:///C:/Users/Dimas/Desktop/Linha%20Epistemologias%20%20e%20Seminários2016/El%20ec ologismo%20de%20los%20pobres%20Alier.pdf  

2. GOMEZ NADAL, P. Indios, Negros y Otros indeseables: capitalismo, racismo y exclusión en 145
 América Latina y el Caribe, p. 149-203 (III. Los Encuentros). Bogotá: Ícono, 2015. 

3. Centro para la Conservación y el Desarrollo Alternativo Indígena - http://cicada.world/es/  

4. RED RURAL DE ORGANIZACIONES PRIVADAS DE DESARROLLO (RED RURAL) – PARAGUAY –  http://redrural.org.py/miembros  

IV – Sobre ‘subalternidade’: 

 1. SOUZA, J. A Construção Social da Sub-cidadania: para uma sociologia política da modernidade periférica. Belo Horizonte: Editora UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2003.   http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/7983/7983.PDF  

2. WACQUANT, L. A estigmatização territorial na idade da marginalidade avançada. Sociologia. Problemas e práticas (Lisboa), 16 (Fall 2006), p. 27-39. 
  http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4618.pdf  

3. WACQUANT, L. Os condenados da cidade. Editorial Revan. Rio de Janeiro. 2005.  https://joaocamillopenna.files.wordpress.com/2015/11/wacquant-os-condenados-da-cidade.pdf  

4. WACQUANT, L. Marginalidad, etnicidad y penalidad en la ciudad neoliberal: una cartografia analítica. Ethnic & Racial Studies, Symposium, Winter. 2013.
 http://loicwacquant.net/assets/Papers/Recent-Papers/Wacquant-Marginalidad-2014.pdf  

5. CHRISMAN, L. Postcolonial contraventions: Cultural readings of race, imperialism and transnationalism. Manchester University Press, 2003.  

6. file:///C:/Users/Dimas/Downloads/341364%20(1).pdf  

7. GÓMEZ NADAL, P. Indios, Negros y Otros indeseables: capitalismo, racismo y exclusión en América Latina y el Caribe. Bogotá, Icono Editorial, 2016. 

8. LOERA GONZÁLEZ, J.J. La construcción de los buenos vivires; entre los márgenes y tensiones ontológicas. Polis, Revista Latinoamericana, (40), 2015. https://polis.revues.org/10654  

9. MASSARO DE GÓES, C. De Antonio Gramsci aos Subaltern Studies: notas sobre a noção de
 subalternidade. http://www.fflch.usp.br/dcp/assets/docs/III_SD_2013/Mesa_8.1__Camila_Goes_III_SD_2013.pdf  

10. EL TPP Y LOS DERECHOS DE LOS PUEBLOS INDÍGENAS EN AMÉRICA LATINA - José Aylwin Oyarzún. Emanuel Gómez Martínez. Luis Vittor Arzapalo - Grupo Internacional de Trabajo sobre Asuntos Indígenas - junio de 2016.


V- Sobre ‘Interculturalidade’

1. CARMEN A. GUEVARA V. Resignificación de la categoría sujeto en el contexto comunitario y popular: componente clave en la educación popular transformadora para Venezuela. TELOS. Revista de Estudios Interdisciplinarios en Ciencias Sociales. 
 UNIVERSIDAD Rafael Belloso Chacín. Vol. 14 (3): 311 - 322, 2012.
http://www.redalyc.org/pdf/993/99324907005.pdf   

2. RICARDO SALAS ASTRAIN. Ética Intercultural Ensayos de una ética discursiva para contextos culturales conflictivos. (Re) Lecturas del pensamiento latinoamericano. Quito: Ediciones Abya-Yala, 2006.

 2.1.  http://old.afyl.org/txt/LibrosNovedades/Etica-intercultural.pdf  

2.2. https://www.youtube.com/watch?v=5o2VSFVBh9c  

2.3. https://www.youtube.com/watch?v=ddBQlazLeI0  

3. MARTUCELLI,  D. ¿Existen Individuos en el Sur? Santiago de Chile: LOM, 2010.  

3.1. http://revistas.pucp.edu.pe/index.php/debatesensociologia/article/viewFile/2169/2100 

 3.2. https://doblevinculo.files.wordpress.com/2011/01/entrevista-a-danilo-martuccelli.pdf  

3.3. https://www.youtube.com/watch?v=-QrJQ7gnqhE  

4. Documento da UNESCO: Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, 2005. http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001502/150224por.pdf   

quinta-feira, 1 de setembro de 2016



ALGUNS FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS, CULTURAIS E POLÍTICOS PARA REPENSAR CATEGORIAS DE ANÁLISE SOBRE SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

04/08/2016
REDE CASLA-CEPIAL PARTICIPA EM PALESTRA  no Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT)  do CDs (UnB)

O Prof. Dr. DIMAS FLORIANI, coordenador acadêmico da Rede Internacional CASLA-CEPIAL e coordenador da linha de pesquisa do PPGMADE-UFPR (Epistemologias, Saberes, Práticas e Conflitos Socioambientais) participou, a convite da Profa. Dra. Ana Tereza dos Reis (responsável pelo SEMINÁRIO INTEGRADOR 02: INTERCULTURALIDADE E INTERCIENTIFICIDADE), de uma Palestra no MESPT do CDs da UnB, na quinta-feira, dia 04 de agosto de 2016, abordando temas sobre teorias e metodologias socioambientais, na perspectiva de uma Epistemologia da Diversidade e dos Espaços Marginais: (in)justiça ambiental, sujeitos subalternos e discursividades e re(x)istências no contexto do socioambientalismo contemporâneo. 




ALGUNS FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS, CULTURAIS E POLÍTICOS PARA REPENSAR CATEGORIAS DE ANÁLISE SOBRE SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL




REDE CASLA-CEPIAL PARTICIPA EM PALESTRA  no Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT)  do CDs (UnB)

ANTECEDENTES sobre o MESPT do CDS (UnB):

1. Introdução

Criado pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS), da Universidade de Brasília (UnB), o Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT) é uma iniciativa inovadora, no campo da pós-graduação, orientada pela perspectiva de promover o diálogo de saberes (acadêmicos e tradicionais) em favor da sustentabilidade.

A iniciativa lança luz sobre a diversidade epistemológica e visa contribuir para a superação de um quadro histórico de negação ou subalternização de outros sistemas de conhecimento, para além da ciência, que podem guardar respostas fundamentais para o enfrentamento de problemas contemporâneos, dentre eles o desafio da sustentabilidade.

Criado em 2010, como parte de uma nova área de concentração do Programa de Pós-Graduação Profissional em Desenvolvimento Sustentável (PPG-PDS), o MESPT constituiu sua primeira turma em 2011, focalizando a temática indígena. A seleção, à época, contou com 157 candidaturas, para 26 vagas - das quais 50% reservadas para estudantes indígenas.

Treze diferentes etnias estiveram representadas entre os candidatos indígenas selecionados na primeira turma: Apurinã, Bakairi, Baniwa, Baré, Guarani, Kaingang, Kinikinau, Makuxi, Pantamona, Suruí, Umutina, Xavante e Wapixana. Do ponto de vista geográfico, Norte e Centro-Oeste foram as regiões melhor representadas na primeira edição do curso. Além dos estudantes indígenas, a primeira turma foi composta também por estudantes não-indígenas, atuantes em órgãos diversos de governo (nas esferas estaduais e federais), além de organizações não-governamentais indígenas e indigenistas, com potencial de incidência sobre a formulação, execução, monitoramento e/ou avaliação de políticas indigenistas e correlatas.

2. O curso

Três são os eixos do MESPT: no plano teórico, a sustentabilidade, em sentido amplo - e, portanto, não restrita à dimensão ambiental; no plano metodológico, a interdisciplinaridade; e, em plano transversal, o diálogo de saberes (acadêmicos e tradicionais).

O curso tem duração de 24 meses e carga horária de 420 horas e destina-se à formação de profissionais (indígenas, quilombolas e outros sujeitos sem marcadores de diferença étnica) que atuam no mercado de trabalho, em órgãos públicos, empresas ou organizações da sociedade civil (de assessoria ou base comunitária) e têm o interesse de refletir sobre a sua prática profissional e de potencializar suas intervenções em benefício de povos e territórios tradicionais.



Três são as linhas de pesquisa do programa, a saber:

- Gestão Ambiental e Territorial

- Produção Sustentável e Segurança Alimentar

- Educação para a Interculturalidade e a Sustentabilidade



Maiores informações:


Quadro de Dissertações da 1a. edição do Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais

PRIMEIRO CICLO | DEZEMBRO DE 2012

- Pastoreio do Futuro: projeto de sustentabilidade para a Terra Indígena São Marcos, Roraima. | Alfredo Bernardo Pereira da Silva (Wapixana).

- BR 364: análise da sustentabilidade das medidas mitigatórias e compensatórias na Terra Indígena Colônia 27 no estado do Acre | Francisco de Moura Cândido (Apurinã).

- Território Umutina: vivências e sustentabilidade. | Eliane Boroponepá Monzilar (Umutina).

- Congresso Nacional: direitos e mineração em Terras Indígenas | Solange Ferreira Alves.

- Sustentabilidade e processos de reconstrução identitária entre o povo indígena Kinikinau (Koinukunôen) em Mato Grosso do Sul | Rosaldo Albuquerque Souza (Kinikinau).

- Do Araguaia ao Planalto: uma auto-análise da gestão de políticas públicas em Educação Escolar Indígena | Maria Helena Sousa da Silva Fialho.

- Yakuigady: cultura e sustentabilidade nas máscaras rituais no povo Kurâ-Bakairi | Vitor Aurape Peruare (Kura-Bakairi).

SEGUNDO CICLO | JANEIRO DE 2013

- "Meu rap está apenas começando": juventude e sustentabilidade cultural na Reserva Indígena de Dourados -MS | Kênide de Souza Morais (Guarani).

- Reflorestamento da Terra Indígena Sete de Setembro: uma mudança da percepção e da conduta do Povo Paiter Surui de Rondônia? | Chicoepab Suruí.

- Vivências e Convivências na Aldeia Mrotidjãn: uma análise dos processos da educação escolar Xikrin | Ana Luisa Brites Blaser.

- Sustentabilidade do Cerrado na Respiração do Maracá: conversando com os Mestres Krahô | Verônica Aldé.

- Na Trilha das Kura-Bakairi: de mulheres árvores ao associativismo do Instituto Yukamaniru | Isabel Teresa Cristina Taukane (Kura-Bakairi).

- Alimentos, restrições e reciprocidade no ritual Xavante do Wapté mnhõno (Terra Indígena Marãiwatsédé, Mato Grosso) | Sayonara Maria Oliveira da Silva

- Sabedoria Ancestral em Movimento: perspectivas para a sustentabilidade | Samantha Ro'otsitsina de Carvalho Juruna (Xavante).

- Reflexões sobre as práticas kaingang de cuidados com a gestação, parto e pós-parto e suas interfaces com o sistema oficial de saúde | Maria Elenir Neves Coroaia.

- Proposta de Plano de Curso para a Formação Técnica dos Agentes Indígenas de Saúde do DSEI Cuiabá | Maria das Graças Oliveira de Figueiredo.

- O diálogo intercultural que nasceu no espaço da Maloca: relato da experiência dos cursos técnicos de nível médio em etnodesenvolvimento e em desenvolvimento sustentável indígena no alto rio Negro | Francinete Soares Martins (Baré).

TERCEIRO CICLO | FEVEREIRO DE 2013

- Plantas Alimentares Cultivadas na Roça Baniwa: mudanças participação dos jovens | Franklin Paulo Eduardo da Silva (Baniwa).

- A Trajetória dos Agentes Indígenas de Saúde na Atenção Básica no Contexto do Distrito Sanitário Especial Indígena do Leste de Roraima | Jaqueline Beatriz Henker Freitag.

- O Gê dos Gerais: elementos de cartografia para a etno-história do Planalto Central: Contribuição à antropogeografia do Cerrado | Rodrigo Martins dos Santos.

- Segurança Alimentar nas Escolas Indígenas do Centro Willimom da Terra Indígena Raposa Serra do Sol | Zelandes Alberto de Oliveira.

- Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde em Terras Indígenas: o caso do Distrito Sanitário Especial Indígena Médio Rio Purus, Amazonas | Solange Lima Gomes.

- Ti’a roptsimani’õ: os A’uwẽ Marãiwatsédé tecem saberes para a construção de uma proposta curricular intercultural | Luciana Akeme Sawasaki Manzano.



APRESENTAÇÃO DA AULA (Prof. Dimas Floriani)



I.                   CIENCIAS, HISTÓRIAS E SOCIEDADES

OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO – SISTEMAS ACADÊMICOS

A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NAS SOCIEDADES ATUAIS INSTITUI-SE EM AGÊNCIAS ACADÊMICAS E EM OUTRAS ENTIDADES DE APLICAÇÃO E INOVAÇÃO TÉCNICA.  DERIVAM DIVERSAS E DIFERENTES CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA, DESSES SISTEMAS DE FUNCIONAMENTO E GESTÃO   DO CONHECIMENTO, AO MESMO TEMPO EM QUE SÃO GESTADAS CRÍTICAS EPISTEMOLÓGICAS, POLÍTICAS E CULTURAIS EM RELAÇÃO A SEUS USOS, POR PARTE DE DIFERENTES ATORES SOCIAIS SUBALTERNOS QUE NÃO SÃO CONTEMPLADOS POR TAIS SISTEMAS COGNITIVOS.

A TRADIÇÃO DERIVADA DA HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS (CIÊNCIAS NORMAIS NO SENTIDO DEFINIDO POR THOMAS KUHN) É INSTAURADA POR UMA CONVENÇÃO (ESPÉCIE DE PARLAMENTO DAS CIÊNCIAS, QUE A EXEMPLO DAS INSTÂNCIAS DE LEGITIMAÇÃO DE UMA OU DE MÚLTIPLAS AUTORIDADES POLÍTICAS, DEPENDE DA INSTAURAÇÃO DE UM SISTEMA DE AVALIAÇÃO, CONTROLE E CONFIGURAÇÃO INSTITUCIONAL DA ESTRUTURA ACADÊMICO-CIENTÍFICA QUE ESTÁ DEFINIDA E ORGANIZADA DE MANEIRA INSTITUCIONAL (SISTEMAS DE SANÇÕES, BONIFICAÇÕES E CASTIGOS NAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, REPRODUÇÃO E (DES)LEGITIMAÇÃO DAS FORMAS DE CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ACADÊMICO-CIENTÍFICO, DISTRIBUÍDO DE FORMA DESIGUAL NOS ESPAÇOS DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO (LOCAL, REGIONAL, NACIONAL E INTERNACIONAL), NA CHAMADA GEOPOLÍTICA DA CIÊNCIA (neste sentido, consultar o artigo de CHARLES TILLY, sobre a distribuição desigual do conhecimento científico em escala mundial).

A ORGANIZAÇÃO DESSE ORDENAMENTO (ENTRE AGENTES E ESTRUTURA) É POSSÍVEL DE PERCEBER E INTERPRETAR SEGUNDO AS LENTES DAS TEORIAS UTILIZADAS. OS RAMOS DE ALGUMAS DISCIPLINAS COMO A HISTÓRIA, A FILOSOFIA, A SOCIOLOGIA, A ANTROPOLOGIA E A GEOGRAFIA QUE SE OCUPAM DA CIÊNCIA PODEM SER ÚTEIS NESTE SENTIDO. POR EXEMPLO, BOURDIEU NOS APRESENTA A POSSIBILIDADE DE INTERPRETAR O SISTEMA CIENTÍFICO E SUAS PRÁTICAS DE LEGITIMAÇÃO NO INTERIOR DE UM CAMPO DE CLIVAGENS (SEPARAÇÕES E CISÕES), AUTORIDADES E CONFLITOS NA DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS QUE CONDICIONAM TANTO O ACESSO COMO A APROPRIAÇÃO EFETIVA E SIMBÓLICA, GERANDO UMA ESPÉCIE DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL DO SISTEMA ACADÊMICO-CIENTÍFICO.

EM UMA SOCIEDADE DE CLASSES (SOCIAIS), OS ESPAÇOS DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DO SISTEMA DAS CIÊNCIAS PODEM SER PÚBLICOS E PRIVADOS – AS EXCLUSIVIDADES MAIS OU MENOS RESERVADAS AO PÚBLICO OU AO PRIVADO, DEPENDEM DA HISTÓRIA DAS CONQUISTAS SOCIAIS E DE SUA ESTABILIDADE POLÍTICA – A ORDEM É REGULADA: PELOS ESTADOS NACIONAIS E AS PROFISSÕES OU CARREIRAS DOS CIENTISTAS E SEUS VÍNCULOS COM O SISTEMA DE HIERARQUIAS DE DISTRIBUIÇÃO DOS BENS EDUCACIONAIS QUE É DEFINIDO PELA ESTRUTURA DE CLASSES QUE CONTROLA OS CAPITAIS SOCIAIS, POR MEIO DAS ESTRATIFICAÇÕES SOCIAIS DE RENDA E PELA CAPACIDADE DE CADA UM DE INGRESSAR NO SISTEMA EDUCACIONAL.

 É POSSÍVEL E NECESSÁRIO VISUALIZAR A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ACADÊMICO-CIENTÍFICO EM DIFERENTES INTERAÇÕES DE SEUS SUBSISTEMAS, PELAS SEGUINTES DIMENSÕES: A) EPISTEMOLÓGICAS; B) INSTITUCIONAIS; C) POLÍTICO-CULTURAIS. ESSAS DIMENSÕES TRATAM DO SIGNIFICADO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO, DE SEUS USOS E DE SUAS APLICAÇÕES.


 AS POTENCIALIDADES DAS NOVAS ASSOCIAÇÕES NO DOMÍNIO DOS ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS, POR EXEMPLO, DEVEM SER OBSERVADAS A PARTIR DE SUA CONSTITUIÇÃO.  COMO EMERGEM; SEU GRAU DE CONFLITUOSIDADE, EM DIFERENTES NÍVEIS; E SEU GRAU DE COMPETITIVIDADE COM AS DEMAIS ESTRUTURAS DE PODER EPISTÊMICO E INSTITUCIONAL DAS CIÊNCIAS. QUAL A CAPACIDADE QUE POSSUEM ESSAS CIÊNCIAS EM TORNO DOS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS PARA GERAR EFEITOS DE CONTAMINAÇÃO NO SISTEMA CARTOGRÁFICO DAS CIÊNCIAS? NO BRASIL, DESDE 1992 ATÉ AGORA, PODE-SE VERIFICAR QUE OS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO CONSIDERADOS INTERDISCIPLINARES SOMAM MAIS DE 70 E A PARTIR DE 2012 FOI CRIADO NA CAPES-MEC UMA ÁREA DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS, ALÉM DO SETOR INTERDISCIPLINAR JÁ EXISTENTE ANTERIORMENTE.

 AS FORMAS ASSUMIDAS POR ESSAS NOVAS EXPERIÊNCIAS E CONCEPÇÕES DIFERENCIADAS DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO ACADÊMICO-CIENTÍFICO, COM BASE NAS DISCIPLINAS E CONCEITOS, SEGUEM, CONTUDO, ENRAIZADAS EM UMA CIÊNCIA POSITIVISTA, NO CHAMADO OBJETIVISMO DA REALIDADE, NO ELITISMO DO OLHAR ILUMINADO DO OBSERVADOR. OS SUJEITOS DA PESQUISA SÃO TRATADOS COM A FRIEZA DO OBJETO E ATÉ COM MENOSPREZO E INFERIORIDADE, NEGANDO-LHES A SUBJETIVIDADE, SUA CULTURA E SUAS EXPERIÊNCIAS INSUBSTITUÍVEIS.



 O QUE SE PODE CONSIDERAR SOBRE AS CIÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS.



  • OS DISCURSOS DE SUSTENTABILIDADE E SUAS DIFERENTES MATRIZES RET(E)ÓRICAS: DIFERENTES EPISTEMOLOGIAS OU MANEIRAS DE SE PRODUZIR CIÊNCIA, ACESSO E CONDIÇÕES DE APROPRIAÇÃO:
  • AS EPISTEMOLOGIAS CIENTÍFICAS (DO INTERIOR DO SISTEMA DE CIÊNCIAS)
  •  AS EPISTEMOLOGIAS PARA-CIENTÍFICAS E META-CIENTÍFICAS, SEGUNDO PIAGET, QUE EMERGEM DE LUGARES DIFERENTES AOS ESTRITAMENTE CIENTÍFICOS (RELIGIÃO, FILOSOFIA, CULTURA, POLÍTICA, VALORES, ETC.)
  • CONFLITOS ENTRE A CIENCIA NORMAL (HISTÓRIA E METODOS DAS CIÊNCIAS E DISCIPLINAS MODERNAS) E A CIÊNCIA PÓS-NORMAL OU NÔMADE (PELO HIBRIDISMO DO DIÁLOGO DE SABERES, A INTERCULTURALIDADE, A TRANSDISCIPLINARIDADE E A CRÍTICA POLÍTICA E CULTURAL)
  • CIÊNCIA PÚBLICA (DIMENSÕES POLÍTICAS E CULTURAIS)
  • CIÊNCIA CORPORATIVA (A CIÊNCIA DOS PESQUISADORES)
  • CIÊNCIA PRIVADA E DE MERCADO (AS TECNOCIÊNCIAS)
  • OS RELATÓRIOS DE PESQUISA (DIAGNÓSTICOS E REGISTROS DAS AGÊNCIAS GOVERNAMENTAIS)
  •  OS SABERES CULTURAIS (AS ETNOCIÊNCIAS, AS PRÁTICAS E OS SISTEMAS HÍBRIDOS-TRADICIONAIS): AGROECOLOGIA, ETNOBOTÂNICA, ETC.



EXEMPLOS DE ALGUNS MARCOS DO PENSAMENTO SOCIOAMBIENTAL

(LEGITIMAÇÃO DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO)





CONCEPÇÕES PRÓ-SISTÊMICAS, DE TRANSIÇÃO E CRÍTICAS (AS INÉRCIAS POSITIVISTAS E AS ESTRATÉGIAS ANTI-CÍCLICAS):

       DA MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICA

       TEORIAS CONSTRUTIVISTAS

       TEORIAS DO PENSAMENTO MULTIMODAL

       TEORIAS FUNCIONALISTAS

       TEORIAS SISTÊMICAS (HOLISMO E CO-EVOLUÇÃO)

       MARXISMO ECOLÓGICO

       TEORIAS POS-COLONIAIS

       AS ETNOCIÊNCIAS

       TEORIAS SOBRE DIÁLOGO DE SABERES, DOS SISTEMAS CULTURAIS (RELIGIÕES, COSMOVISÕES ENRAIZADAS NOS CONHECIMENTOS E PRÁCTICAS DOS POVOS AUTÓCTONES, SABERES CAMPONESES, POVOS DA FLORESTA, PESCADORES ARTESANAIS, ETC.)



O CONTEXTO TEÓRICO DA EMERGÊNCIA DE “MODERNIDADES MÚLTIPLAS”, (POS-COLONIAIS, EPISTEMOLOGIAS DO SUL...), NO LUGAR DAS TEORIAS DA GLOBALIZAÇÃO.



       NO INTERIOR DESSAS ‘MODERNIDADES MÚLTIPLAS’, SÃO PRODUZIDOS NOVOS SIGNIFICADOS EMERGENTES.

       UM NÓ SEMÂNTICO QUE ARTICULA OUTRAS POSSIBILIDADES DE EMPODERAMENTO SOCIAL, COM UM NOVO CARÁTER  EPISTEMOLÓGICO, POLÍTICO E CULTURAL, FRUTO DE OUTRA SINGULARIZAÇÃO DOS PROCESSOS HISTÓRICOS E SOCIETAIS E QUE SE ENTRETECEM DE IDEÁRIOS PLURAIS, EXTENSÍVEIS A CENTENAS DE EXPERIÊNCIAS E DE CERTO MODO COMUNS, PRODUTORAS DE OUTROS SENTIDOS E QUE EXIGEM, PORTANTO, OUTRAS HERMENÊUTICAS PARA SEU ENTENDIMENTO.

       ASSIM OCORRE COM A QUESTÃO AMBIENTAL QUE ARTICULA ATORES, MOVIMENTOS COLETIVOS, IDENTIDADES RESSIGNIFICADAS COM A EMERGÊNCIA INDÍGENA NA AMÉRICA LATINA, COM AS POPULAÇÕES TRADICIONAIS, AS MÚLTIPLAS FORMAS DE ABORDAR OS TERRITÓRIOS...



       CONTRADIÇÕES QUE SE EXPLICITAM EM DIFERENTES NÍVEIS ESPACIAIS (LOCAIS, NACIONAIS E GLOBAIS), QUE PRODUZEM EFEITOS E QUESTIONAMENTOS PARA O ESTADO REPUBLICANO, CENTRALIZADO E UNITÁRIO QUE SE TRATOU DE CONSTRUIR NA AMÉRICA LATINA, COM O CONSEQUENTE QUESTIONAMENTO ÀS HISTÓRIAS OFICIAIS, BEM COMO DE OUTRA FORMA GEOPOLÍTICA, DE ARRANJOS JURÍDICOS E DE ACORDOS INTERNACIONAIS, COM FORTES IMPACTOS SOBRE AS PRÁTICAS DE GOVERNABILIDADE NO INTERIOR DOS ESPAÇOS NACIONAIS.

       NESSES PROCESSOS DE REEMERGÊNCIAS, PERCEBEM-SE EMERGÊNCIAS DE OUTRAS MEMÓRIAS, ETNICIDADES, RESSIGNIFICAÇÃO DE NATUREZA, CRÍTICAS AOS MODOS DE PRODUÇÃO, DE CONSUMO E DE CONVIVÊNCIA COM OS TERRITÓRIOS, AS FLORESTAS, OS RIOS, OS ALIMENTOS, OS MODOS DE CONVIVER COM A ECOSFERA, OS BIOMAS, OS ECOSSISTEMAS...



ÉTICA NA PESQUISA

       COMO PRODUZIR UMA CIÊNCIA PRUDENTE E PERTINENTE?

       COMO ESTABELECER VÍNCULOS COM O CONTEXTO (VINCULAÇÃO  COM O MEIO)

       USOS E ABUSOS DA PESQUISA (A RELAÇÃO SUJETO-OBJETO E UMA PESQUISA SOBRE OBJETOS)

       A CIÊNCIA BENEFICIA À HUMANIDADE?  OU SE TODA PESQUISA É VÁLIDA, EM NOME DO PROGRESSO E DE UM FUTURO RADIANTE PARA A HUMANIDADE.

       UMA CIÊNCIA DEMOCRÁTICA OU UMA PRODUÇÃO DE ILUMINADOS PARA OS LEIGOS OU/E IGNORANTES?





II.                 ARTURO ESCOBAR: problematizando o desenvolvimento, os territórios e a cultura



A CRISE CIVILIZACIONAL CONTEMPORÂNEA REPERCUTE SOBRE:



1)   A DIMENSÃO DA  TERRA. O AQUECIMENTO GLOBAL É TÃO SÓ A PONTA DO ICEBERG DA CRISE ECOLÓGICA QUE AMEAÇA A VIDA NO PLANETA;



2) A OPOSIÇÃO DE UMA TRANSIÇÃO ECOLÓGICA E CULTURAL PROFUNDA CONTRA ORDENS SOCIO-NATURAIS MUITO DIFERENTES ÀS EXISTENTES, COMO ÚNICO CAMINHO PARA QUE OS HUMANOS E NÃO-HUMANOS POSSAM FINALMENTE COEXISTIR DE FORMA MUTUAMENTE ENRIQUECEDORA, SUPERANDO OS MODELOS DA MODERNIDADE CAPITALISTA, SEGUNDO OS QUAIS O HUMANO SE CONSTRÓI ÀS CUSTAS DO NÃO-HUMANO. ESSES DISCURSOS DE TRANSIÇÃO ESTÃO SURGINDO COM FORÇA EM MUITOS ESPAÇOS, TAIS COMO:  A ECOLOGIA, AS CIENCIAS DA COMPLEXIDADE, A ESPIRITUALIDADE, O PENSAMENTO ALTERNATIVO DO DESENVOLVIMENTO E DA ECONOMIA, A ACADEMIA CRÍTICA E, COM RAZÃO, EM MUITOS MOVIMENTOS SOCIAIS QUE IMAGINAM UMA VERDADEIRA “TRANSIÇÃO CIVILIZATÓRIA”.

3) ESTA CRISE ECOLÓGICA E SOCIAL CONDUZ A MUITOS/AS PENSADORES/AS E MOVIMENTOS A ENFATIZAR A RE-LOCALIZAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO, A ECONOMIA E MUITOS OUTROS ASPECTOS DA VIDA SOCIAL COMO CONTRA-PROPOSTA À GLOBALIZAÇÃO BASEADA NOS MERCADOS DOMINADOS POR GRANDES CONGLOMERADOS CORPORATIVOS. ESTE PARADIGMA DA RE-LOCALIZAÇÃO É O FUNDAMENTO DE MUITAS PROPOSTAS CAMPONESAS E ETNO-TERRITORIAIS SOBRE A ALIMENTAÇÃO E A ECONOMIA, POR EXEMPLO, NO CAMPO DA RESISTÊNCIA AOS TRATADOS DE LIVRE COMÉRCIO.

ESCOBAR EXAMINA AS 5 TENDENCIAS QUE CONSIDERA COMO NOVIDADES NOS ESTUDOS CRÍTICOS DO “DESENVOLVIMENTO” NA AMÉRICA LATINA NOS ÚLTIMOS ANOS, INCLUINDO:

1)   O PENSAMENTO DECOLONIAL (OU PÓSCOLONIAL), 2) AS ALTERNATIVAS AO “DESENVOLVIMENTO”, 3) AS TRANSIÇÕES AO PÓS-EXTRATIVISMO, 4) A CRISE E A MUDANÇA DO MODELO CIVILIZATÓRIO E 5) VÁRIAS PERSPECTIVAS INTER-RELACIONAIS QUE SE CENTRAM NA “RELACIONALIDADE” E NO “COMUNAL”.



ESCOBAR BUSCA AINDA FAZER UMA PROFUNDA DIFERENÇA ENTRE DUAS CONCEPÇÕES DE CULTURA: 1) A CULTURA COMO “ESTRUTURA SIMBÓLICA” (ACEITA TANTO PELA ANTROPOLOGÍA, OS ESTUDOS CULTURAIS E AS POLÍTICAS CULTURAIS DO ESTADO) E 2) A CULTURA COMO “DIFERENÇA RADICAL” (CONCEPÇÃO EMERGENTE).

A CULTURA COMO DIFERENÇA RADICAL SE RELACIONA COM TERMOS COMO “CIVILIZAÇÃO”, “COSMOVISÃO”, “DIFERENÇA EPISTÊMICA” E “LÓGICAS COMUNITÁRIAS”, TORNANDO COMPLEXA A NOÇÃO MAIS PRECISA DE CULTURA COMO ESTRUTURA SIMBÓLICA.

ESCOBAR SUGERE QUE A NOÇÃO DE CULTURA COMO ESTRUTURA SIMBÓLICA CONTINUA ALBERGANDO A CRENÇA DE UM MUNDO ÚNICO QUE SUBJAZ À TODA REALIDADE – UM MUNDO CONSTITUÍDO DE UM SÓ MUNDO.  NO FUNDAMENTO DESSA CRENÇA, ESTÃO DOIS GRANDES PROCESSOS INTER-RELACIONADOS: 1) CERTAS PREMISSAS ONTOLÓGICAS SOBRE O QUE CONSTITUI O REAL, ESPECIALMENTE A UNICIDADE DO MUNDO NATURAL E 2) PROCESSOS HISTÓRICOS DE PODER QUE PERMITIRAM A ESSA CONCEPÇÃO DE UM ÚNICO MUNDO NATURALIZAR-SE E EXPANDIR-SE A TODOS OS ESPAÇOS SÓCIO-NATURAIS. 

A NOÇÃO DE CULTURA COMO DIFERENÇA RADICAL, AO CONTRÁRIO, QUESTIONA OS DUALISMOS CONSTITUTIVOS DAS FORMAS DOMINANTES DE MODERNIDADE E DA IDEIA DE UM MUNDO FEITO DE UM SÓ MUNDO. O AUTOR PROPÕE A NOÇÃO DE ONTOLOGIA COMO ALTERNATIVA À “CULTURA”, UM ESPAÇO PARA PENSAR OS COMPLEXOS PROCESSOS DE DISPUTA ENTRE MUNDOS DE HOJE. UMA CONCEPÇÃO DE ONTOLOGIA QUE PERMITA MÚLTIPLOS MUNDOS NOS CONDUZIRÁ À NOÇÃO DE PLURIVERSO E A ENFATIZAR AS ONTOLOGIAS NÃO DUALISTAS OU RELACIONAIS QUE MANTEM MUITAS COMUNIDADES.

PARA A RECONSTITUIÇÃO DESSAS DIMENSÕES, SEGUNDO ESCOBAR, OS POVOS INDÍGENAS E AFRODESCENDENTES DA AMÉRICA LATINA ESTÃO ACIONANDO POLÍTICAS DE RELACIONALIDADE, POR MEIO DE DOIS GRANDES PROCESSOS ENTRELAÇADOS (ABORDADOS NO SEGUNDO CAPÍTULO: TERRITÓRIOS DE DIFERENÇA: A ONTOLOGIA POLÍTICA DOS “DIREITOS AO TERRITÓRIO” ) :

1)   A PROBLEMATIZAÇÃO DAS IDENTIDADES “NACIONAIS”, COM O CONCOMITANTE SURGIMENTO DE CONHECIMENTOS E IDENTIDADES INDÍGENAS, AFRODESCENDENTES E CAMPONESAS; E 2) A PROBLEMATIZAÇÃO DA VIDA, EM RELAÇÃO COM A CRISE DA BIODIVERSIDADE, A MUDANÇA CLIMÁTICA E O AUMENTO DA DESTRUIÇÃO AMBIENTAL PELAS INDÚSTRIAS EXTRATIVISTAS.

FINALMENTE, ESCOBAR PROPÕE A ELABORAÇÃO DE ESTUDOS DO PLURIVERSO COMO ALTERNATIVAS VIÁVEIS AO DISCURSO E PRÁTICAS DO MUNDO ÚNICO PARA AQUELES UNI-MUNDISTAS MODERNOS, CANSADOS JÁ DE SUAS NARRATIVAS UNIVERSALISTAS VAZIAS, BUSCANDO ASSIM ENTENDER OS MÚLTIPLOS PROJETOS BASEADOS EM OUTROS COMPROMISSOS ONTOLÓGICOS E FORMAS DE MUNDIFICAR A VIDA E AS MUITAS MANEIRAS DE COMO ESSAS LUTAS PODEM DEBILITAR O PROJETO DE UM MUNDO ÚNICO E AO MESMO TEMPO CONTRIBUEM PARA AMPLIAR SEUS ESPAÇOS DE RE-EXISTENCIA.



OS ESTUDOS DO PLURIVERSO SÃO NECESSARIAMENTE INTER-EPISTÊMICOS: PARTEM DA PREMISSA DE QUE EXISTEM MUITAS CONFIGURAÇÕES DO CONHECIMENTO E DO SABER, MUITO ALÉM DO ESPAÇO CONSAGRADO COMO TAL PELA ACADEMIA. PROBLEMATIZAM AS ONTOLOGIAS DUALISTAS MODERNAS E SE ABREM ÀS ONTOLOGIAS RELACIONAIS QUE, COMO A TERRA MESMA, CARACTERIZAM OS MUNDOS DE MUITOS POVOS COM APEGO AO LUGAR E AO TERRITÓRIO. ESSES ESTUDOS SE APLICAM NÃO SÓ A CONTEXTOS RURAIS E A GRUPOS ÉTNICOS, MAS IGUALMENTE AOS MUNDOS URBANOS.

NESTE SENTIDO, OS ESTUDOS PLURIVERSAIS TERÃO QUE LAVRAR SEUS PRÓPRIOS CAMINHOS, ALÉM DA ACADEMIA, COM OS SONHOS DA TERRA, DOS POVOS E DOS MOVIMENTOS QUE INSISTEM EM IMAGINAR E TECER OUTROS MUNDOS.





Minuta (parcial) de memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, lavrada pelo Prof. Thomaz Mendes Filho,  ocorrida em 30 de junho de 2016, nominalmente a partir das 15 horas, na Casa Latino-Americana (CASLA). Presentes: Prof. Dimas Floriani, José Edmilson de Souza Lima, Abdala Sánchez, Alexandre Hedlund, David Fadul, Felipe Amaral, Guido Mejías, Leonardo de León e José Thomaz. 1. Preliminares. Prof. Dimas fez menção ao filósofo norte-americano Hugh Lacey, Professor Emérito do Swarthmore College (Estados Unidos), reconhecendo-o como afiliado à filosofia analítica. Mencionou que no Seminário Internacional Territórios, Conflitos Socioambientais, Segurança e Soberania Alimentar na América Latina, realizado nos dias 16,17 e 18 de junho de 2016 esteve presente um indígena missak, de Silvia, Cauca, sul da Colômbia. Profª Maria do Rosário perguntou sobre se o evento se caracterizou como interdisciplinar. Prof. Dimas respondeu que sim, Fez menção ao Prof. Dr. Ricardo Salas, da Universidad Católica de Temuco (Chile), no contexto, por assim dizer, das pontes entre os pensamentos originário e ocidental. Disse esperar que um projeto que encaminhara a um edital do CNPq, com solicitação de recursos na faixa de até R$ 60.000,00, seja aprovado. Disse que fora parecerista no contexto desse mesmo edital e que, em sua opinião, bons projetos nele concorrem, embora não coubesse a ele decidir sobre a aprovação das propostas. Profª Maria do Rosário fez menção a um texto, desenvolvido no contexto do Grupo de Pesquisa, que contempla dignidade humana e educação intercultural. Disse que falta contribuição empírica a esse texto e que colegas do grupo poderiam contribuir nesse sentido. Prof. Dimas fez menção a uma mesa híbrida, com vistas a um evento programado para acontecer em junho de 2017, na Colômbia, que contempla, como tema, o buen vivir e a questão da paz, com contribuição de uma comunidade de camponeses pela paz, que convivem com a violência e que defendem projetos de paz. Disse que o Prof. Javier Tobar, da Universidad del Cauca (Colômbia), encaminhará proposta de desenho do projeto. Disse que a dinâmica do evento é interessante no particular em que concede vozes para pesquisadores e vozes para a comunidade. Disse que a região de entorno do evento reúne cafeicultura, agroecologia, populações tradicionais, indígenas e quilombolas estes conhecidos como palenques. Disse que um programa de mestrado local conta com a participação de representantes da comunidade. E propôs que cada um dos presentes pensasse em como poderia participar do evento. 2. Impressões acerca do Seminário Internacional Territórios, Conflitos Socioambientais, Segurança e Soberania Alimentar na América Latina, realizado nos dias 16,17 e 18 de junho de 2016. Prof. Dimas propôs aos presentes que participaram do evento que manifestassem suas impressões sobre o mesmo. Profª Maria do Rosário disse que o evento reuniu saberes variados e interessantes. Felipe disse que o evento fora bem diversificado no primeiro dia, e trabalhoso no segundo. Profª Maria do Rosário disse que algumas pesquisas ainda estavam em estágio inicial. Guido disse que gostou do seminário. Prof. Dimas informou que houve lançamento da coleção editorial bilíngue “Semeando Novos Rumos – Sembrando Nuevos Senderos”. 3. Comunicado. Thomaz disse não se identificar com os temas atualmente em desenvolvimento no Grupo de Pesquisa, e que, na atualidade, interessa-se por teorias da justiça, virtudes cívicas e processos de escolha coletiva, e também pode concepções substantivas no contexto econômico. Disse ver o Grupo como coeso, e que, a seu ver, seus interesses de pesquisa se distanciam significativamente dos que estão contemplados no Grupo. Considerou também a possibilidade, se em benefício do grupo, de não mais dele participar, embora pretenda, se possível, continuar a atuar no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR (MADE). Disse reconhecer o valor da iniciativa empreendida pelo Prof. Dimas e por sua esposa, a Dra. Gladys Sánchez, de desenvolver trabalho no contexto latino-americano, do qual a Casa Latino-Americana é importante expressão, mas que não se sente motivado a trabalhar nessa temática. Prof. Dimas disse que, a seu ver, a ruptura do vínculo não seria benéfica nem para Thomaz nem para o MADE, pois criaria uma situação, por assim dizer, de tipo “free rider”; e que um Grupo que contempla epistemologia comporta visões diferentes. Edmilson disse que, a seu ver, a diferença de interesse de pesquisa não é motivo para que Thomaz deixe o Grupo, salvo se ele, Thomaz, não mais queira participar do Grupo. Thomaz ausentou-se, tendo em vista sua participação em reunião do Colegiado do Curso de Engenharia Mecânica da UFPR, agendada para iniciar as 16 horas, no Centro Politécnico da UFPR. Curitiba, 1º de julho de 2016.

Minuta (parcial) de memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, lavrada pelo Prof. Thomaz Mendes Filho, ocorrida em 24 de maio de 2016, nominalmente a partir das 13 horas e até as 16 horas, na Casa Latino-Americana (CASLA). Presentes: Professores Dimas Floriani, José Edmilson de Souza Lima, Thomaz Mendes Filho, Maria do Rosário Knechtel, Lucia Helena Cunha, mestrandos e doutorandos do PPGMADE.  

Manifestações sobre leitura de livro previamente proposta ao grupo.  Os presentes se manifestaram sobre conteúdos do livro Sentipensar con la Tierra: nuevas lecturas sobre desarollo, territorio y diferencia (Medellin: Unaula, 2014), de autoria do antropólogo colombiano Arturo Escobar.



 Profª Lucia Helena disse que gostaria de realizar uma nova leitura do texto, e indagou como se veria o antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin dizendo novas universalidades que contemplam alteridades. Prof. Dimas fez menção à “questão hologramática”, segundo a qual o todo contém as partes e estas o contêm. Fez menção também, por assim dizer, a uma maneira de reexistir com projeto defendido. Considerou que, nos anos 50, reivindicar território era reivindicar terra, e que, hoje, essa reivindicação comporta, por assim dizer, uma tradução do que os sujeitos coletivos reivindicam para si. Fez ainda menção, por assim dizer, a uma arqueologia dos conceitos datados. Maria Fernanda: disse não haver lido todo o texto. Fez menção a parte empírica de sua experiência, e ao conceito de “pluriverso”, colocado como leitura de direito coletivo, com menção, também, a funções de estado-nação.

Abdala: disse não haver lido o texto todo. Fez menção aos contextos de Cuba e da então União Soviética, relacionando‑os à ideia de concorrência, e também ao livro “El Imperio Contracultural: del rock a la postmodernidad” (Caracas: Nueva Sociedad, 1990) de autoria do escritor, historiador, ensaísta e dramaturgo venezuelano Luis Britto García.

Zenilde: fez menção a repensar o desenvolvimento. Considerou que a leitura gera impactos. Fez referência a re-existência, considerando existência e re-existir enquanto ser na natureza, os humanos, os não humanos e o que não se vê. Disse ter que ler e reler, e manifestou sensação socrática de nada saber.

Irma: disse-se contemplada por várias manifestações. Disse pensar em um verbete de ciências humanas e de engenharia. Disse conseguir estabelecer relações com autores. Quanto ao texto, disse que este instigava, “dava raiva”. Disse que faz Artes Visuais, e que um mundo acontece em movimentos sociais. Considerou que sua reexistência é uma reexistência, por exemplo, como mulher. Fez menção, ainda, a uma reflexão quanto ao que é normal no mundo naturalizado (isto com base em uma experiência em seu curso de graduação), e disse que identificava essa reflexão como um convite a experimentar.

Ener: fez menção ao núcleo madeano Ekoa, e a Modernidade e Colonialidade/“Decolonialidade”. Disse haver adquirido um exemplar de La Invención del Desarollo (Popayán: Editorial Universidad del Cauca, 2012), de Arturo Escobar. Profª Lucia Helena perguntou como o autor usa o termo comunidade. Prof. Dimas respondeu que o autor diz como o usa. Profª Lucia Helena considerou que o conceito não é coeso. Lizete: identificou uma relação entre “pluriverso” e a noção budista de “coemergência”, que, segundo ela, diz, simplificadamente, que o mundo é um espelho que revela a realidade interior; fez menção também a sabedoria búdica, no sentido de olhar o mundo do outro a partir dele. Fez menção também a uma visão que identificou como dual: está-se como indivíduo sem perceber ser parte de um todo maior. Disse-se apegada a Enrique Leff, engenheiro mexicano e doutor em economia do desenvolvimento. Prof. Dimas disse que o autor dialoga com o budismo a partir do pensamento do biólogo e filósofo chileno Francisco Varela.
Natália: qualificou o texto como muito importante, obrigatório e meio “foucaultiano”, e identificou-o como interessado em estado da arte em termos teóricos. Disse haver nele identificado abordagens teóricas do capitalismo na América Latina. Considerou que o autor faz uma sistematização de construtos ou concepções. Fez menção à ideia de “pluriverso”. Disse ainda que o livro fornece ferramentas, e mencionou ainda a ideia de construir práticas que permitem encontro de mundos.

Profª Lucia Helena disse não conseguir ver o filósofo francês Michel Foucault nisso. Natália disse que, apesar de mencionar Antropologia, o autor trabalha com ideias. Profª Lucia Helena disse que a Antropologia trabalha com ideias. Natália disse que, no caso do antropólogo, isso acontece sem empiria. Naziel: fez menção à questão da alteridade, e a que o autor procura mostrar uma alternativa de vida que contempla o diálogo de saberes. Identificou como dificuldade a velocidade com que as coisas acontecem. Fez menção à cidade mato‑grossense de Lucas do Rio Verde e a contaminação de leite de lactantes. Mencionou também Thomas Malthus, pastor e economista inglês, dizendo que este previra falta de alimentos, e considerou que, na atualidade, o alimento chega ao consumidor sem qualidade. Fez referência, também, ao professor português, Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, Boaventura de Sousa Santos, no particular referente às epistemologias do Sul, e disse não ver saída prática para o problema. Prof. Dimas disse que o texto não se compromete, por assim dizer, com abrir a caixa-preta do  sistema hegemônico. Fez breve menção a como considerar a questão da defesa e da crítica à transgenia.. 3. Encaminhamentos. Prof. Dimas convidou os presentes para a inauguração da Casa da Mulher Brasileira, no dia 15 de junho de 2016, despediu-se e, por volta de 16h45min, ausentou-se. Curitiba, 1º de julho de 2016.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Memória da reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologias, Saberes, Práticas e Conflitos Socioambienais, em 13 de abril de 2016


 Nominalmente a partir das 14 horas e 30 minutos, na Casa Latino-Americana (CASLA).
Presentes: Prof. Dimas Floriani, Prof.ª Lúcia Helena de Oliveira Cunha, Prof.ª Maria do Rosário Knechtel, Maria Fernanda Cherem, Christian de Britto, David Fadul, Guido Mejías e José Thomaz. A ata da memória foi redigida pelo Prof. Dr. José Thomaz Mendes Filho)

1. Preliminares.

Prof. Dimas disse da importância de não se perder de vista o horizonte do projeto. Informou haver participado de avaliação de projeto de pesquisa, e haver encaminhado solicitação de financiamento referente a edital do CNPq, cujo resultado é aguardado para o próximo mês de julho. Destacou a importância de o Grupo de Pesquisa trabalhar observando objetivos, focos, metas e publicação. Informou que no dia anterior, 12 de abril, manteve contato com o jornalista José Carlos Fernandes, do jornal Gazeta do Povo, relacionando-o a um projeto que reúne jovens em contexto de comunicação popular. Disse que o referido jornalista tem interesse pelo tema de pesquisa desenvolvido por Guido, e que, ainda o jornalista, demonstrara interesse em elaborar matéria relacionada a interesse(s) de pesquisa do Grupo. Disse ainda que, segundo o jornalista, a elaboração de matéria jornalística com que ele trabalha requer conexão com a realidade dos leitores, e que gostaria de realizar cobertura jornalística do Seminário Internacional 'Territórios, Conflitos Socioambientais, Soberania e Segurança Alimentar na América Latina', promovido pela Rede CASLA-Cepial no próximo mês de junho. O Prof. Dimas informou que a linha Epistemologias, Saberes, Práticas e Conflitos Socioambientais recebe cinco novos doutorandos, e que os alunos recém-chegados à linha poderiam desde as próximas reuniões participar das atividades do Grupo de Pesquisa, inicialmente como observadores. E fez, ainda, breve comentário sobre editais do CNPq e da Capes.

2. Interesses e atuação em pesquisa.

2.1 Christian de Britto: fez menção a aulas e à necessidade de ir a Pontal do Paraná, para interagir com a comunidade Maciel. Disse haver feito contato com Sr. Jair, representante da associação local de pescadores, e que o diálogo com ele lhe rendera por volta de duas horas de gravação. Disse que metade da comunidade já se mudou, e que identifica pressão nesse sentido de mudança; e que conversou com moradores que saíram. Disse que pretende, em sua pesquisa, verificar impactos socioambientais de implantação de indústria petrolífera na região, em que há, também, previsão de construção de porto de sólidos. Disse que imóveis são lá vendidos a mui baixo preço, e que tem interesse em compreender a dinâmica do que lá ocorre. Disse ainda que em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, quase setenta por cento dos negócios com a Petrobras estariam paralisados. Prof. Dimas perguntou sobre os fundamentos epistemológicos da pesquisa. Christian mencionou coleta de dados, identificar fatores, itens, escolher fatores e qualificá-los, e considerou haver fatores que representam fenômenos. Prof. Dimas disse da possibilidade de integração com outros trabalhos em desenvolvimento ou já desenvolvidos. Disse ainda da importância de elaborar artigo para daqui a seis meses, e de elaborar roteiro de pesquisa. Disse que, no mestrado, Christian contemplou método multimodal, creditado ao teórico organizacional sueco John Donald de Raadt e sua esposa Veronica Raadt, com inspiração em contribuição do jurista neerlandês Herman Dooyeweerd, mas que, na atualidade, o método, por assim dizer, comporta diálogo com autores latino-americanos. E considerou ser adequado um diálogo com outros colegas que trabalham em temas próximos. E comentou com Guido sobre o interesse, da parte do citado jornalista da Gazeta do Povo, por trabalho no tema tratado por Guido em sua dissertação.

2.2 Guido Mejías: informou buscar revisar trabalho que realizou no Chile (projetos de jovens moradores de rua chilenos), adotando o método biográfico, história de vida, a teoria do sujeito subalterno. Disse haver um grupo latino-americano que trata desse tema, e que a pesquisa comporta entrevistas e observações, contemplando, por assim dizer, um olhar teórico ao sujeito subalterno, a ecologia dos saberes, e contribuição teórica do sociólogo francês Loïc Wacquant. Prof. Dimas disse que Guido estava em bom caminho, que se aproxima da epistemologia da margem, da criminalização do subalterno, e fez menção ao filósofo italiano Giorgio Agamben, relacionando-o às ideias de estado de exceção e de barbárie, e à investigação dos tipos de extensão que os processos produzem. Prof.ª Lúcia Helena perguntou a Guido como ele trabalha com ecologia dos saberes. Guido reconheceu uma pequena aproximação, e disse ver a ecologia dos saberes como pluralidade de epistemologias; considerou também a capacidade de as próprias pessoas terem conhecimento, não só o acadêmico. E considerou que jovens de dezesseis anos têm uma lógica de apresentar-se ao mundo. Prof. Dimas fez menção a como esses jovens desenvolvem suas estratégias de percepção do mundo. E, recuperando a menção feita pela Prof.ª Lúcia Helena, considerou que a ecologia dos saberes dialoga com a natureza, e que acredita que essa proposta se aproxima da obra do professor português, Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, Boaventura de Sousa Santos. Prof.ª Lúcia Helena considerou que meninos de rua são expropriados de seus saberes, e lembrou da sociologia das ausências, de Boaventura de Sousa Santos. Prof. Dimas fez menção ao Prof. Fernando Codoceo, da Universidad de Los Lagos (Chile), no particular das investigações deste no contexto da relação entre discurso neoliberal e reconstituição de um sujeito neoliberal introjetado na marginalidade. E enfatizou a importância do foco. Guido disse que deve tratar também de aspectos teóricos. Prof. Dimas fez menção ao  cientista social, antropólogo, sociólogo e escritor canadense Erving Goffman, que, em sua obra, contempla instituições como asilos, conventos e manicômios, dentro das quais a luta da pessoa é por reconstituir-se moralmente, tendo em vista que lutam por sua identidade e contra a instituição que sobre ela exerce poder. E disse, ainda, ser importante focar nas questões que se revelam promissoras. Prof.ª Maria do Rosário fez menção aos kibutzim, identificando-os como coletividades a cujos moldes quem nelas decide entrar precisa adequar-se, em particular no que se refere à destituir-se de bens, que passam a pertencer ao kibutz. Citou que a produção do kibutz pertence à coletividade; que, nele, as crianças não coabitam com seus pais. Prof.ª Lúcia Helena observou que, diferentemente de nas instituições estudadas por Goffman, nos kibutzim existe opção de entrar ou não. Prof.ª Maria do Rosário disse que, nos kibutzim, crianças até os três anos pertencem à coletividade; que seus habitantes não dispõem de dinheiro, mas que o kibutz efetua pagamento para as compras que seus membros realizam. Prof. Dimas observou que muitos dos fundadores dos kibutzim são de inspiração socialista. E fez menção à concepção sobre “o homem novo”, creditada ao médico e guerrilheiro argentino-cubano Ernesto “Che” Guevara, no que se refere à consideração de que, no capitalismo, os estímulos são de natureza material, e no socialismo, moral. Christian fez menção ao comunitarismo e ao individualismo, que considerou como extremos. Prof. Dimas ponderou que o egoísta sofre privação (de amizade, por exemplo). Christian considerou ser o individualismo, em certo sentido, míope. Prof.ª Lúcia Helena fez menção à dialética entre indivíduo e sociedade. Prof. Dimas fez referência à filosofia do apego e à filosofia do desapego, e ao que é intermediário entre ambas.

2.3 Prof.ª Maria do Rosário: disse que ela e Thomaz elaboraram um primeiro roteiro; que a ideia é, primeiro, elaborar referencial e, depois, identificar categorias viáveis para o tratamento do contexto latino-americano. Disse haver autores contrários à multiculturalidade, em consonância com a ideia de que a abordagem multicultural pode favorecer uma cultura em prejuízo de outras. Prof. Dimas mencionou indagação, que creditou ao filósofo prussiano Immanuel Kant, quanto a sermos ou não indivíduos emancipados. Prof.ª Maria do Rosário fez menção ao sociólogo peruano Danilo Martuccelli. Prof. Dimas indagou sobre o que seria uma outra matriz, tendo em vista que o indivíduo kantiano é muito centrado na razão, no indivíduo e nos pretendidos imperativos categóricos universais, a partir da cultura eurocêntrica. Fez menção ao sociólogo peruano Aníbal Quijano, no particular relacionado à ideia de que a modernidade emerge com a América Latina de modo diferente do vivenciado na Europa. E considerou que, na porção latina do Novo Continente, a modernidade teria emergido no contexto de uma teoria da descolonização. Citou o exemplo da medicina mapuche praticada em Osorno (Chile), em cujo contexto, segundo disse, o nascimento de bebês observa práticas mapuches. Prof.ª Maria do Rosário relatou, brevemente, visita a Havana (Cuba), e disse que lá observou base de tratamento fitoterápico. Prof. Dimas fez menção à cultura colombiana misak, destacando, sobre ela, algumas particularidades: casa da mulher adolescente, edifícios circulares, escolas que ensinam anciãos, e negociação com o governo, mas com autonomia.

2.4 Thomaz: disse que, no texto em desenvolvimento com Prof.ª Maria do Rosário, a questão da dignidade humana considera, como referências, as contribuições do erudito nascido no ducado de Módena e Régio Giovanni Pico della Mirandola, conde de Concordia e de Mirandola, e de Immanuel Kant. Disse da importância de que processos educativos enunciem os valores que defendem, para que adultos possam decidir sobre se querem ou não participar de tais processos, e, na educação de não adultos, essa decisão possa ser feita por quem por eles seja responsável. E fez breve comentário sobre a concepção de alteridade no modo como a percebera ao consultar alguns livros do filósofo lituano naturalizado francês Emmanuel Lévinas. Prof.ª Lúcia Helena disse querer resgatar tema de pesquisa sobre saberes. Prof. Dimas propôs elaboração epistemológica dos temas seguida de capítulos que contemplem temáticas específicas, no formato de livro. Prof.ª Maria do Rosário disse que uma proposta assim estruturada não inviabiliza novas possibilidades, mediadas por experiências de vida. Prof.ª Lúcia Helena disse da intenção de trazer ao Seminário Internacional agendado para junho atores da cultura indígena, considerando que o Paraná tem cultura europeia. Prof. Dimas e Maria Fernanda sugerem participação de um senhor chamado Douglas, do Rio Grande do Sul. Christian fez menção a Lévinas, considerando a possibilidade de sua filosofia se aproximar de uma filosofia judaica. Prof. Dimas fez menção à recepção do trabalho de Lévinas por parte do engenheiro mexicano e doutor em economia do desenvolvimento Enrique Leff.

2.5 David Fadul: no contexto de seus interesses de pesquisa, fez menção ao conceito de télos, com o sentido de propósito de uma determinada ação do sujeito cognoscente. Considerou que nem todo télos é compartilhado por sujeitos individuais, e que sujeitos cognoscentes têm télos comum, o que não se trata de algo necessariamente consciente. Apresentou questão sobre se regras do discurso são objetivados ou objetiváveis. Interrogou sobre a existência de componentes estéticos no discurso. Considerou também não ser por que um valor é admitido no discurso que ele seria real, e indagou sobre a possibilidade de, na prática, os valores serem outros que aqueles manifestados, verbalmente, no discurso. Considerou, ainda, a possibilidade de haver fetichismo no discurso epistêmico. E disse parecer não haver, em considerável número de casos, conformidade entre discurso e prática acadêmicos. Partindo de menção ao economista norte-americano Richard Norgaard, considerou que os teóricos, ao descreverem as promessas da modernidade, parecem imaginar que seus interlocutores concordariam com seus supostos. Disse que a ligação do discurso a determinado autor melhora consideravelmente a apresentação do argumento, e, nesse particular, citou Ronald Coase, economista inglês agraciado, em 1991, com o Prêmio Sveriges Riksbank de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel; citou-o no particular em que sua teoria criticava a proposta do também economista inglês Arthur Pigou. Prof.ª Lúcia Helena perguntou se se tratava de construção cultural. David disse que sim, se a hipótese for concreta. Prof. Dimas perguntou se David não poderia renunciar ao télos como o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein renunciara a uma referência matemática abstrata, do conceito puro, em especial por ocasião de seu contato com o também filósofo austríaco Paul Feyerabend, que o teria incentivado a deixar aquela qualidade de referência em favor de “olhar o mundo” (“Não pense. Olhe para o mundo”!). David citou o Tractatus Logico-Philosophicus (Wilhelm Ostwald's Annalen der Naturphilosophie, 1921), de Wittgenstein, com introdução do filósofo e matemático galês Bertrand Russel, 3º Conde Russel, agraciado, em 1949, com a Ordem do Mérito, e em 1950, com o Prêmio Nobel de Literatura; mencionou o conceito de atomismo lógico; e considerou que uma ação humana tem um propósito ou um motivo. Prof. Dimas considerou que se o télos não for estritamente racional aproxima-se de ideias do sociólogo alemão nascido na Prússia Max Weber, para quem haveria diversos tipos de racionalidade: em relação a fins (instrumental) em relação a valores (axiológica) e em relação à tradição (afetiva); porém, nenhuma delas é estritamente exclusiva. Indicou possibilidades de diálogo com ideias do filósofo francês Michel Foucault, do próprio Wittgenstein e do filósofo francês nascido na Argélia Jacques Rancière, este último no particular em que discorre sobre a ideia de dissenso. E fez menção, também, ao quinto capítulo de sua obra Crítica da Razão Ambiental: pensamento e ação para a sustentabilidade (São Paulo: Annablume, 2013), intitulado “Atores e construção de redes de significados: racionalidades híbridas para um pensamento alternativo?”. David considerou que uma metodologia só faz sentido se em conformidade com o télos em questão; que ela deve ser afinada com o télos e com os pressupostos. Prof. Dimas considerou que nem sempre o télos é tão visível no contexto do conhecimento; que o télos seria autopoiético, como o Direito: sofre-se a ação de si próprio, com o outro; e pediu a David que elaborasse a proposta com apoio de autores.

3. Considerações finais.
Foram tecidas algumas orientações gerais de como ir avançando nas reflexões e nos produtos (a fim de visarmos, até o final do ano, a produção de capítulos para o livro). Como pano de fundo das reflexões epistemológicas, há alguns temas transversais oriundos da discussão coletiva, cuja amarração pode ser feita por meio de algumas categorias ou palavras-chave: epistemologia das margens, sujeitos subalternos e criminalização, interculturalidade (encontro ou embate das modernidades reinventadas neste diálogo norte-sul), sujeitos cognoscentes, emaranhado e telos (a última abordagem do David). Prof. Dimas disse ainda querer convidar o Prof. Dr. Nicolas Floriani, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, e a Prof.ª Dra. Ana Tereza Reis da Silva, da Universidade de Brasília. Informou detalhes sobre o Seminário Internacional agendado para junho próximo, que contempla projeto editorial bilíngue com o título “Semeando Novos Rumos / Sembrando Nuevos Senderos”, e consultou os presentes sobre a possibilidade de participarem como membros da comissão científica de mestres e doutorandos. Prof.ª Maria do Rosário disse poder colaborar; disse que Ricardo Colatusso, doutorando recém-ingresso no MADE, também poderia ajudar. Prof. Dimas, ao finalizar, destacou a necessidade de operar algoritmos em conformidade com a realidade. Curitiba, 19 de abril de 2016.