Projeto de Pesquisa registrado no CNPq cujo objetivo é reunir pesquisadores latino-americanos, com metodologia interdisciplinar, por meio de pesquisas, seminários e publicações em Meio Ambiente, Cultura e Sociedade. Este projeto (2015-18) é coordenado pelo Prof. Dr. Dimas Floriani, responsável pela linha de Pesquisa em Epistemologia e Sociologia Ambiental do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR e inserido na Rede Internacional CASLA-CEPIAL Semeando Novos Rumos / Sembrando Nuevos Senderos (Coordenação Geral de Casa Latino-Americana - CASLA). Clique para acessar o projeto.


ESTAMOS INICIANDO UMA NOVA CAMINHADA EM 2019. Registramos novo projeto de pesquisa no CNPq (2019-2021), com o título de:
CONFLITOS DO SOCIOAMBIENTALISMO DESDE AS MARGENS: as intermitências do desenvolvimento e da democracia na América Latina.
Estamos associando ao projeto o(a)s doutorando(a)s da Linha de Epistemologia Ambiental do PPGMADE (UFPR).



quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Minuta da memória No. 16 (elaborada pelo Prof. Dr. José Thomaz Mendes Filho)

Reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental, ocorrida em 21 de outubro de 2015, nominalmente a partir das 14 horas, na sala de aula do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR (PPGMade). Presentes: Prof. José Edmilson de Souza Lima, Profª Maria do Rosário Knechtel, Claudia Picone, Alexandre Hedlund, David Fadul, Guido Mejías e José Thomaz. 
1. Informes. Prof. Edmilson deu início à reunião. Alexandre informou que Guilherme Silva não poderia comparecer. E Katya também havia informado da impossibilidade de comparecimento. 
2. Considerações sobre as teses e a dissertação em andamento. Edmilson e David disseram haver compreendido que as páginas referentes à interface entre o tema mais geral da (in)justiça socioambiental e as intenções de pesquisa dos alunos eram para ser discutidas na reunião de então, e Claudia, Alexandre e Thomaz, que não haviam compreendido desse modo. Claudia perguntou se os professores comentariam os textos. Thomaz informou haver encaminhado, por mensagem eletrônica, seus comentários sobre o texto de Claudia. Edmilson perguntou a Clauda como ela vê a inserção de seu interesse de pesquisa no tema mais amplo e comum. Claudia considerou que a forma como se tratam as mudanças climáticas é hegemônica, e que estaria interessada em conhecer como o tema seria visto por autores do Sul, e também como proceder diante da possibilidade de trabalhar com análise de discurso. Edmilson perguntou a Claudia se ela conhece a tese em desenvolvimento de Eloísa Belling Loose, que contempla comunicação e mudanças climáticas, e que, segundo informado por Edmilson, trabalha com a ideia de percepção a partir de consulta a jornais. Consultado quanto a número de páginas, Edmilson disse que 250 (duzentas e cinquenta) páginas seria um número razoável. Alexandre disse que procurou trabalhar com estruturas e com como se operam injustiças. 
Citou o livro que, traduzido ao português, ganhou o título Globalização: as consequências humanas (Rio de Janeiro: Zahar, 1999), do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o filósofo e historiador das ideias francês Michel Foucault, o jurista e sociólogo norte-americano David Garland, um livro do sociólogo alemão Norbert Elias, em coautoria com John Scotson, que ganhou a versão em português Os Estabelecidos e os Outsiders (Rio de Janeiro: Zahar, 2000), e o psicanalista francês Jacques Lacan. Mencionou também espaços marginais e a problematização de justiça e de injustiça, a rotulação dos criminosos e o problema do controle. Edmilson sugeriu ler Danos colaterais: desigualdades sociais numa era global (Rio de Janeiro: Zahar, 2011), de Bauman. Profª Maria do Rosário chegou. David disse preocupar-se com como os conceitos são utilizados na prática da pesquisa. Disse haver analisado o uso que o Prof. Henri Acselrad fizera dos termos justiça e injustiça,  qual seja  o de haver tendência de o sujeito cognoscente isolar um certo vetor, pensando em como esse sujeito se aproxima dos vetores no “emaranhado” (Souza-Lima). Edmilson considerou a ideia de tensionar os conceitos de justiça e de injustiça, indagando, por exemplo, sobre em que condições se produzem textos de justiça e de injustiça. Disse que Claudia discorre sobre como mudanças climáticas são consideradas a partir de epistemologias do Sul; como essa questão é aí tensionada, se é que o é. Que Alexandre considera como ocorre esse tensionamento dentro de espaços marginais, destacando a importância de fazer isso sem se comprometer com determinado autor. Reconheceu haver ponto em comum entre diferentes interesses de pesquisa. Claudia disse partir da hipótese de que as mudanças climáticas são tratadas a partir da epistemologia do Norte. 
Edmilson disse que as epistemologias do Sul se apresentam de modo singular, alternativas ao hegemônico. Citou  as mini-racionalidades consideradas pelo professor português, Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, Boaventura de Sousa Santos, em Pela Mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade (Coimbra: Almendina, 2013). E que, no campo da análise do discurso, há que se captar elementos das falas, ao identificar como é que os grupos constroem ideias de justiça e de injustiça. David fez menção a trabalhos na bacia do rio Verde, considerando que Claudia já partiria da premissa de que as pessoas já deveriam estar cientes, e de que a injustiça seria elas não estarem conscientes disso. Claudia considerou que a injustiça decorre de que a ênfase é econômica e não social; que há injustiça em como o problema é trabalhado; e que o que o hegemônico propõe não é materializável. David considerou a diferença entre problema social e problema sociológico, presente em Invitation to Sociology: a humanistic perspective (New York: Open Road, 2011), do sociólogo e teólogo austro-americano Peter Ludwig Berger; e que a comunicação é destinada a poucos. Profª Maria do Rosário mencionou o projeto Gpontes, e disse que as construções foram realizadas em local antes ocupado por famílias sem que estas houvessem recebido adequada informação prévia. Que nesse projeto fora desenvolvido um subprojeto de comunicação e educação ambiental. Identificou presença de injustiça ambiental no caso mencionado. E que o projeto contemplara epistemologia tendo em vista haver contemplado elaboração de teoria. Alexandre mencionou a invisibilidade dos sujeitos. David sugeriu dar-se um passo em direção de aspectos teóricos. Edmilson citou o sociólogo francês Pierre Bourdieu, no particular em que este destacava a importância de criar sentidos. Considerou que o PPGMade também cria sentidos. Disse ter a impressão de que Claudia já teria, previamente, uma resposta à pesquisa. E que, nesse caso, a crença pode conduzir a resultados previamente esperados. Alexandre mencionou brevemente como sua proposta se caracteriza como injustiça, destacando a invisibilidade dos marginalizados. Edmilson considerou a importância de dialogar com a realidade. 
Thomaz considerou duas formas de invisibilidade social: que, por uma, os indivíduos invisíveis o seriam por não terem seus direitos respeitados; e, por outra, por não haver previsão legal de direitos a que eles, no plano moral, lhes deveriam ser assegurados. Edmilson destacou a necessidade de tensionar os conceitos, e de considerar que são percebidos de formas diferentes. Fez menção ao filósofo francês, nascido na Argélia, Jacques Derrida, ao antropólogo e sociólogo francês Bruno Latour e a teoria do ator-rede, a este último creditada. Citou ainda Acselrad e o filósofo alemão Karl Marx, mais especificamente as Teses Sobre Feuerbach, no particular em que o autor, nelas, discorre sobre o conceito de práxis. Considerou que um discurso único não é compatível com a interdisciplinaridade; que em ciência não se deve lançar mão de argumentos ad hominem, e que Marx, na fase final de sua vida, teria dito que ele mesmo não era marxista. Profª Maria do Rosário lembrou a postura de Marx ao declarar que a Filosofia criara as teorias da realidade, e que era então chegado o tempo de transformá-la. David considerou que uma coisa é comparar autores, e que o tensionamento vai além da comparação. 
Edmilson considerou que a linha de epistemologia tem que reivindicar ocupar-se com como é produzido o conhecimento. Disse que o que o mantém próximo ao PPGMade relaciona-se aos contornos do conhecimento; e que os pesquisadores devem explicitar suas origens (autores, escolas). Profª Maria do Rosário disse que ainda há confusão no uso do termo práxis, que reúne ação, reflexão e ação no método dialético e que, portanto, não se pode resumir, de modo simples, apenas em teoria e prática. Edmilson disse ser simpatizante de uma proposta didática com menos aulas e com mais conversa. Profª Maria do Rosário disse identificar, no PPGMade, a interdisciplinaridade como práxis. Edmilson lembrou que em sua turma, o ponto de contato temático entre os doutorandos fora a categoria de complexidade, com cinco ou seis autores selecionados para referência em sínteses provisórias. Que, nessa ocasião, se buscara identificar conexões ocultas entre obras do engenheiro mexicano e doutor em Economia Enrique Leff, do físico austríaco Fritjof Capra, do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin e do Prof. Dimas Floriani. David disse haver tensionado os conceitos de justiça e de injustiça. Guido disse haver produzido cinco folhas sobre justiça, injustiça, a colonização do saber, justiça e injustiça cognitiva, a teoria da marginalidade, do sujeito subalterno, o discurso oficial e o discurso dos marginalizados, a pessoa de rua, e o sujeito marginal. Disse que gostaria de ter acesso a mais bibliografia sobre o sujeito subalterno. 
Edmilson perguntou a Guido se ele pretende realizar trabalho de campo. Guido respondeu haver mantido contato com um indivíduo na Casa Latino-Americana (CASLA), e que identificou relação com políticas públicas. Que pretende realizar a maior parte do trabalho de campo no Chile. Disse haver mantido contato com um dirigente que houvera mencionado uma reunião em Brasília, e que gostaria de conhecer como se faz mediação nesse contexto. Edmilson perguntou a Guido se ele estava a considerar somente manifestações de dirigentes ou também de outras pessoas. Guido respondeu que precisa fazer relato também de não dirigentes. Edmilson perguntou a Guido sobre prazo. Guido respondeu que o exame de qualificação está previsto para setembro de 2016, e que considera apresentar talvez uma síntese de teorias da marginalidade. Edmilson perguntou a Guido o que, no atual estágio, a reflexão diz sobre a questão da justiça e da injustiça. Guido citou ligação com a ideia de ecologia dos saberes.  Considerou que o grupo não é composto somente de sociólogos, e que pretendia contemplar, também, os temas desenvolvimento sustentável e desenvolvimento humano. Profª Maria do Rosário perguntou se Guido elegeria uma rua, uma comunidade, para realizar a pesquisa. Guido respondeu que tem interesse por lugares com maior concentração de pessoas com perfil compatível com o da pesquisa, e que pretende realizar trabalho de campo no Chile. Edmilson perguntou se Guido conhecia as legislações brasileira e chilena sobre o assunto. 
Guido respondeu que o dirigente oferece alguma informação nesse sentido. Edmilson perguntou se no Chile há muita gente em situação de rua, e informou que em Curitiba, segundo dados da Fundação de Ação Social (FAS), são aproximadamente quatro mil. Guido disse não saber o número chileno. Edmilson disse que essas pessoas chegam ao grande centro em busca de vida melhor. Profª Maria do Rosário disse que talvez seja possível realizar trocas quanto a referenciais teóricos. Claudia disse que, com a circulação dos textos produzidos, identificou ligação entre as pesquisas de Guido e de David, e sugeriu tensionar justiça e injustiça. David indagou sobre o tempo disponível para as atividades, e sobre qual seria o encaminhamento a ser dado. Edmilson perguntou aos presentes qual seria esse encaminhamento. Guido propor ver aspectos contemplados pelos outros e encaminhar para Edmilson. Edmilson lembrou que os professores precisam do material para fazer, por assim dizer, a costura entre os diferentes textos, e que a ideia é fecundar os temas para que surjam as teses. Considerou que a reunião fora bem produtiva, e que se poderia produzir aproximadamente vinte páginas, mas com conteúdo; produção a partir das questões trazidas pelos alunos. 
Profª Maria do Rosário considerou que um dos alunos poderia construir, por assim dizer, um texto unificando os textos particulares seu e dos colegas. Edmilson indagou sobre que pergunta unificaria esses textos particulares. Alexandre propôs que fosse: quais são as injustiças socioambientais nos espaços marginais? David: como os conceitos de justiça e de injustiça são utilizados nas pesquisas? Guido: como a injustiça caracteriza o sujeito subalterno? Ou: como se caracteriza a injustiça no ambiente subalterno? Profª Maria do Rosário: a injustiça social permeia o planejamento, as políticas públicas, com vistas a melhoria das condições socioambientais de vida na atualidade? Que conceito de injustiça ambiental permeia as perguntas sobre o tema? Claudia: o processo de comunicação mantém a injustiça? A comunicação ambiental reforça condições de injustiça ou é capaz de transformá-las, de produzir menos injustiça, ou mais justiça? Thomaz ausentou-se da reunião, tendo em vista compromisso no Centro Politécnico.  Ficou definido que a próxima reunião será no dia 28 de outubro/15.

 

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