Minuta de memória No. 18 da
reunião do Grupo de Pesquisa Epistemologia e Sociologia Ambiental (elaborada
pelo Prof. Dr. José Thomaz Mendes Filho)
ocorrida em 13 de novembro de
2015, nominalmente a partir das 14 horas, na Casa Latino-Americana (CASLA). Presentes:
Prof. Dimas Floriani, José Edmilson de Souza Lima, Profª Lúcia Helena de
Oliveira Cunha, Profª Maria do Rosário Knechtel, Claudia Picone, Alexandre
Hedlund, David Fadul, Guido Mejías, Guilherme Silva e José Thomaz. 1.
Considerações iniciais. Prof. Edmilson deu início à reunião, informando que
o Prof. Dimas enviara ponderações sobre cada texto, e informou que a Profª
Lúcia Helena também tem contribuições, além das dele, que formatara o trabalho.
Sugeriu que cada um seja instado a mexer no texto, observando dois momentos: o
prazo junto ao Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Ppgmade), e um refinamento com vistas a publicação em 2016. Considerou a
existência de duas etapas burocráticas: o trabalho coletivo e os projetos
individuais. Thomaz considerou a necessidade de os doutorandos dedicarem-se à
elaboração dos projetos de tese. Profª Lúcia Helena considerou a necessidade
de, nos projetos, conceber o problema de pesquisa. Prof. Dimas chegou. Profª
Lúcia Helena informou-lhe, brevemente, sobre de que se tratava na reunião.
Prof. Dimas disse sentir falta da presença de Katya, em especial no que se
refere a dinâmica da ação social, dos atores. Edmilson fez menção a demandas
burocráticas. Claudia chegou. Prof. Dimas considerou que as exigências são e
não são burocráticas: que o são tendo em vista a data definida pela
coordenadoria do Ppgmade, e que não o são porquanto o que caracteriza a etapa é
a apresentação do trabalho de cada doutorando. Considerou faltar ao menos três
meses para que se possa construir um texto para publicação. Guilherme chegou.
Profª Maria do Rosário chegou.
Alexandre lembrou que a
apresentação da linha de Epistemologia Ambiental está agendada para a manhã do
dia dez de dezembro próximo. Prof. Dimas propôs uma rodada sobre o entendimento
dos doutorandos e do mestrando. Considerou a possibilidade de elaborar um
dossiê a ser encaminhado a um periódico qualificado no estrato A1 no Qualis da
Capes. Citou a revista Sociologias, e considerou a necessidade de, para uma publicação
nesse estrato, contemplar adequadamente a literatura internacional.
2. Considerações sobre as
teses e a dissertação em andamento. Prof. Dimas propôs que os doutorandos e
o mestrando falassem sobre o que
significou seguir essa mais recente abordagem, e sobre aproximações e
distanciamentos entre interesses de pesquisa dos doutorandos e do mestrando.
Reconheceu proximidade entre interesses de pesquisa de Alexandre e Guido; e
entre os de Claudia, David e Guilherme. E considerou que o modo como cada um trata
do interesse de pesquisa depende dos projetos individuais. Profª Maria do
Rosário lembrou que, em outras turmas, se requeria um capítulo que
caracterizava a interdisciplinaridade. E considerou que, atualmente, o enfoque
é mais epistemológico, enquanto outrora era mais metodológico.
Profª Lúcia Helena identificou
originalidade no texto de David. Gostou, nele, do “emaranhado”. Com referência
os textos em geral, disse achar falta de diálogo entre autores e de
tensionamento. E considerou a necessidade de melhorar a redação do texto. Disse
ver dificuldade especial na construção do texto, na discussão e no
tensionamento. E aconselhou reflexão profunda, utilizando os autores de modo
crítico ou como fonte inspiradora. Alertou para a necessidade de precisão conceitual,
e de, se for o caso, dizer, nitidamente, que se trata do entendimento do autor
do texto. Considerou a inadequação de fazerem-se afirmações categóricas sem
haver lido a obra dos autores; e a necessidade de suavizar ou aliviar os
textos. E exemplificou com uma clássica referência: a identificação das coisas
com o bem ou com o mal. Edmilson considerou que uma abordagem assim maniqueísta
seria, por assim dizer, a infantilização da epistemologia. Profª Lúcia Helena
considerou a necessidade de pensar a ambivalência no interior do raciocínio que
se desenvolve. Prof. Dimas fez menção a estilos, e reconheceu a diferença entre
habilidades, e que tal diferença não deve diminuir nem engrandecer pessoa
alguma. Considerou que, em geral, o aluno de pós-graduação se coloca algumas
expectativas, que precisam contar com sanção institucional; que há cânones
aceitáveis em uma tese de doutorado. Sugeriu que os criativos procurem mesclar
formalidade e criatividade. Advertiu para a necessidade de demonstrar o que se
pretende por meio do equilíbrio, não se submetendo aos autores, nem os
repetindo. Profª Lúcia Helena considerou que o trabalho se insere em contexto
social, e que, por assim dizer, “não se reinventa a roda”. Fez referência a uma
intérprete de Simone de Beauvoir que teria considerado como a mencionada
escritora francesa se colocava imersa para compreender sua subjetivação. Profª
Lúcia Helena perguntou se poderia apresentar os comentários. Prof. Dimas disse
que sim. Passou-se então aos comentários dos doutorandos e do mestrando sobre
suas experiências no desenvolvimento das teses e da dissertação.
2.1 Guido: disse
reconhecer na Sociologia uma epistemologia mui rígida. Profª Lúcia Helena disse
não haver necessidade de mergulhar na teoria, e sim de identificar referenciais
teóricos para desenvolver o tema. Prof. Dimas disse que políticas públicas,
democratização, e atores subalternos são possibilidades para trabalhos com
sociologia política; mas que é necessário cuidar para que o trabalho não
resulte raso. E que, caso o trabalho contemple interacionismo simbólico ou
microssociologia, há que conhecer os autores relevantes nesses domínios.
2.2 Alexandre: disse que
compartilha das questões de Guido; que sente falta de emancipar-se em relação
aos textos trabalhados; que acha falta de vincular espaço marginal, que
reconheceu como tema de origem, com epistemologias e meio ambiente, e indagou
sobre como relacionar os três. Prof. Dimas disse que talvez isso exija muito de
Alexandre. Profª Lúcia Helena advertiu quanto ao perigo de tratar de temas a partir da
abordagens de tipo verdadeiro ou falso, diante das falhas e imperfeições da
vida moderna. Edmilson reconheceu que Alexandre é cuidadoso no processo de
divulgar frutos de reflexão. Alexandre disse achar que o trabalho ainda se
encontra consideravelmente abstrato. Profª Lúcia Helena fez referência ao
engenheiro mexicano e doutor em economia
Enrique Leff, dizendo que em sua fase
ecomarxista o autor se dedicava mais à materialidade, à concretude dos modos de
produção. Ao professor português, Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da
Espada, Boaventura de Sousa Santos, no particular em que ele se refere a
imaginários. Destacou a importância de se buscar compreender como esses
imaginários fundam comportamentos, influenciam leis, interferem em visões de
mundo. Prof. Dimas fez menção ao filósofo francês Michel Foucault, em
particular o livro que, vertido ao português, ganhou o título As Palavras e
as Coisas: uma arqueologia das ciências humanas (São Paulo: Martins
Fontes). Considerou que Leff não mais precisa autoafirmar-se: que o autor cita
pouco, e critica, a Antropologia; e que conhecimento funda e legitima ideias
como lei e crime. Alexandre considerou a oposição entre visível e invisível,
lugar (Direito) e não lugar (marginal). Citou o professor de Sociologia francês
Loïc Wacquant, relacionando-o à expressão “precariado” e a marginalização; o
jurista e sociólogo britânico David Garland, na qualidade de crítico de
Foucault; e considerou que a comunidade, em um sentido importante, não se
permite mais o encarceramento, citando, nesse particular, o uso de tornozeleira
eletrônica. E disse do risco de ele se apaixonar pelo tema de pesquisa.
2.3 Claudia: disse querer conhecer melhor a obra do
sociólogo francês Louis Quéré, no contexto da relação entre epistemologia e
práxis; citou o intelectual francês nascido em Camarões Dominique Wolton.
Considerou haver diferença entre comunicação praxeológica e comunicação
instrumental, e que, atualmente, o receptor é mais ativo que outrora. Disse que
acha que sua pesquisa contemplará justiça e injustiça climáticas e ou
ambientais. Fez menção à professora francesa Denise Jodelet. Disse que gostaria
de realizar pesquisa empírica. Sobre o texto coletivo, sugeriu que seja
elaborada uma seção mais geral, precedente às contribuições dos doutorandos e
dos mestrandos, de modo a evitar que, nessas contribuições, se venha a repetir
a menção a formulações teóricas comuns a dois ou mais de tais textos, e a
permitir que os textos específicos se concentrem nos tópicos que lhe são mais
diretamente relacionados.
Profª Lúcia Helena disse ser importante
compreender o que é alternativo ao hegemônico, e o que diferencia ambos.
Claudia fez menção a comunicação de massa como contraponto à visão crítica do
semiólogo, antropólogo e filósofo colombiano nascido na Espanha Jesús
Martín-Barbero. Considerou a existência de mediadores de grupos, e que a
comunicação social se liga à Sociologia. Fez menção também a John Hannigan,
professor de Sociologia da University of Toronto em Scarborough, relacionando-o
à ideia de construção social e a praxeologia. Prof. Dimas fez menção a
semântica, a teoria da linguagem. Cláudia disse querer apontar um caminho, uma
forma de comunicação; que comunicação ambiental há o tempo todo, mas que existe
educação ambiental baseada em epistemologia ambiental.
Profª Lúcia Helena citou o sociólogo francês
Émile Durkheim, o filósofo greco-francês nascido no Império Otomano Cornelius
Castoriadis, e o psicólogo social francês nascido na Romênia Serge Moscovici.
Prof. Dimas citou o sociólogo francês Robert Castel, e ao livro que ganhou
versão em português A Psicanálise: sua obra e seu público (Petrópolis:
Vozes), de Moscovici. Profª Maria do Rosário reconheceu como necessária a
participação da educação ambiental. Citou o projeto GPontes, desenvolvido pela
UFPR por demanda do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(DNIT), e que, segundo relatou, contou com participação dela e de Edmilson.
2.4 Guilherme: disse
concordar com o tema justiça e injustiça, e que vê ligação entre seu tema e os
de David e Claudia, mas considerou, por assim dizer, que as pessoas não se
conversam. Disse que seu artigo é quase uma revisão, sem ponto de vista ainda.
Disse estar interessado em investigar como o conhecimento legitima e funda
desenvolvimentos dentro da educação ambiental. Profª Maria do Rosário citou o
Prof. Philippe Layrargues, da Universidade de Brasília, relacionando-o a
reflexões sobre por que a Sociologia não se aproxima da educação ambiental.
Guilherme fez menção aos três sociólogos clássicos, os alemães Max Weber e Karl
Marx e o francês Émile Durkheim. Considerou que a visão da educação é diferente
de outras visões; que a teoria das representações de Moscovici é sólida e não
pode ser vista rasamente; e que considera a ideia de trabalhar com a relação
entre educação e meio ambiente. Profª Maria do Rosário endossou esse interesse.
Guilherme indagou sobre a importância da epistemologia para o campo de estudo
em que pretende desenvolver sua tese. Profª Maria do Rosário disse que ela e o
Prof. Dimas estão orientando o Guilherme.
2.5 David: disse que a escolha do tema da turma,
justiça e injustiça ambiental, fora, em certo sentido, abrupta; e que quem
entra no tema da tese se afasta um pouco do tema da turma. Disse não ver
conflito entre os conceitos de justiça e injustiça ambiental e empiria, e que
concorda com a existência de risco de infantilizar a epistemologia. Creditou o
termo “emaranhado” a Edmilson, particularmente no contexto da relação entre o
sujeito cognoscente e o “emaranhado”. Prof. Dimas mencionou o livro que ganhou
a tradução O que é a filosofia? (São Paulo: 34), do filósofo Gilles
Deleuze e do intelectual Félix Guatari, ambos franceses, obra que reconheceu
importante no campo da criação e da produção de conceitos. David disse já
conhecer essa obra. Prof. Dimas destacou a importância do reconhecimento da
ideia de precepto e não só da de concepto, e reconheceu a
existência da ideia de controle intelectual ou mental. Reconheceu na obra do
Prof. Henri Acselrad como que uma ideia de estar-se a favor ou contra os
pobres. Profª Lúcia Helena considerou que alternatividade é mais que
resistência, e mencionou a ideia de re-existência, que creditou ao geógrafo
Carlos Walter Porto Gonçalves. Prof. Dimas fez menção ao antropólogo francês
Philippe Descola, e à possibilidade de tratar a problemática dos conflitos. E
passou a ler alguns de seus comentários e observações aos textos elaborados
pelos doutorandos e pelo mestrando. Thomaz ausentou-se, visto que tinha
compromisso agendado para as 17 horas no Centro Politécnico. Curitiba,
14 de novembro de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário