Minuta da memória de no. 17
(elaborada pelo Prof. José Thomaz Mendes Filho) da reunião do Grupo de Pesquisa
Epistemologia e Sociologia Ambiental, ocorrida em 28 de outubro de 2015,
nominalmente a partir das 14 horas, na sala de aula do Programa de Pós-Graduação
em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR (PPGMade). Presentes: Prof.
José Edmilson de Souza Lima, Profª Lúcia Helena de Oliveira Cunha, Claudia
Picone, Alexandre Hedlund, David Fadul, Guido Mejías e José Thomaz.
1.
Informes. Prof. Edmilson deu início à reunião.
2. Considerações sobre as
teses e a dissertação em andamento. Thomaz
chegou. Edmilson considerou haver cinco textos com um ponto comum: justiça e
injustiça, que considerou como “ponto de passagem obrigatória”, no modo como
empregado pelo antropólogo e sociólogo francês Bruno Latour; e que, para além
desse ponto, cada qual trabalha o tema de modo diferente. Sugeriu ouvir como
cada doutorando e mestrando enfrentou esse ponto. Claudia disse fazer sentido,
e que pensou na ligação com as epistemologias do Sul. Considerou a
possibilidade, ou não, de, quando se fala de injustiça, partir de um contexto
gerador de injustiça ambiental. Considerando questões mercadológicas e sua
relação com injustiça climática; e que se a comunicação usa o discurso dominante
não construirá uma realidade derivada de mudanças efetivas. Edmilson sugeriu
leitura de artigo de que Eloísa Belling Loose é coautora, publicado no
periódico Desenvolvimento e Meio Ambiente, no qual ele identifica
diálogo e tensão entre campo ambiental e campo da comunicação, com reflexões
sobre o limite do campo. Considerou que uma pergunta tem o poder de deixar
juntas as diferenças. Quanto à estrutura do texto, propôs a elaboração de uma
introdução, que contemple descrição de reuniões, com embates, justificativas,
tentativas de fazer um trabalho numa perspectiva interdisciplinar, observando
uma pergunta âncora. Que a esta introdução sigam as cinco abordagens. E que,
nas considerações finais, retome-se como serão derivadas as teses, o que
revelaria em que medida a construção desse texto pode inspirar a construção das
pesquisas individuais. Profª Lúcia Helena chegou. David considerou que o
formato do texto era de coletânea. Profª Lúcia Helena informou-se sobre o que
se discutia no grupo. Alexandre considerou que o relato e a discussão já trazem
informação importante.
Profª Lúcia Helena perguntou se já haviam iniciados os
comentários sobre os textos enviados. Edmilson respondeu que ainda não. Guido
concordou com a proposta de estruturação do texto. Disse que acha que a
introdução deve centrar-se em como as pessoas veem os conceitos de justiça e de
injustiça (social e cognitiva), colonialidade do saber, levando em conta
epistemologias do Sul, sujeitos subalternos, identificando injustiças e
buscando respostas. Edmilson considerou que esse conteúdo se refere ao trabalho
individual, e que há que se buscar a pergunta âncora: como cada um a enfrenta,
como cada autor se aproxima e trata da questão. Considerou que a introdução
unifica e os capítulos preservam a diversidade; e que a realização do texto
comporta uma dialética entre global e local. Claudia considerou a importância
de contextualizar e de alinhar os cinco textos.
David considerou que cada um
poderia dizer como enfrentara a passagem
obrigatória. Edmilson disse que os textos individuais deveriam ter em torno de
cinco páginas, e que a introdução deveria ser um tanto robusta do ponto de
vista epistemológico. Profª Lúcia Helena comentou um exemplo de artigo de
revista da qual existiria necessidade de introdução ou de algo próximo a isso.
Edmilson disse que, no caso dos textos individuais, essa introdução poderia ser
feita em um único parágrafo. David revelou interesse por discorrer sobre como
os termos justiça ambiental e injustiça ambiental podem ser usados numa
pesquisa, com destaque para dificuldades e para pontos fortes. Claudia
apresentou, como exemplo, a contextualização da questão ambiental como escassez
deixando de lado a questão da justiça ambiental; o movimento de justiça
climática; e a oposição entre comunicação instrumental e comunicação
praxeológica. Indagou também sobre referências relacionadas a essa temática.
Profª Lúcia Helena respondeu que, diante de uma proposta de comunicação
interativa, fundamentada em vertentes epistemológica e praxeológica, é
importante fazer contraponto nítido
entre as duas formas de comunicação. Claudia disse que, atualmente, em
comunicação, a concepção de receptor passivo está superada, e que a comunicação
referente a mudanças climáticas ainda vem, por assim dizer, de cima para baixo.
Guido disse que o texto que encaminhara era seu primeiro escrito em língua
portuguesa; que, nele, procura fazer contraponto entre justiça e injustiça,
inclusive levando em conta a colonialidade do saber, e considerando
epistemologias do Sul como respostas à injustiça. Considerou como sujeitos
marginais urbanos são exemplo de colonialidade do saber, e fez menção à
ecologia dos saberes relacionada a uma sociologia das ausências, termo que se
encontra em escrito do professor português, e Grande Oficial da Ordem de
Sant'Iago da Espada, Boaventura de Sousa Santos.
Profª Lúcia Helena disse que
Guido pode produzir seu texto em língua espanhola. Alexandre considerou a
questão da apropriação, o olhar do subalterno, indagando sobre como este a ela
reage. Profª Lúcia Helena mencionou uma situação em que alguém houvera visto no
incidente de 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque (Estados Unidos), uma boa
resposta ao imperialismo. Considerou que a miséria da Filosofia pode levar à
miséria da política, e indagou quanto ao que incidentes como o citado
representam, efetivamente, contra a ordem social. E destacou a necessidade de
foco na pesquisa. Alexandre citou o geógrafo britânico, e membro da Academia
Britânica, David Harvey, relacionando-o à ideia de espoliação do capitalismo, e
mencionou também a ideia de colonialismo do poder, que creditou a Boaventura de
Sousa Santos. Ao admitir que políticas neoliberais produzem pobreza e outras
mazelas, indagou como podem os marginalizados ter acesso a benefícios dessas
políticas. Edmilson sugeriu leitura de A Ralé Brasileira: quem é e como vive
(Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009), do Prof. Jessé de Souza. Alexandre
disse haver conhecido essa obra, bem como uma do geógrafo sino-americano Yi-Fu
Tuan e outra do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Edmilson disse que Jessé de
Souza, em sua obra, tensiona outros autores e apresenta dados empíricos. Profª
Lúcia Helena disse que a alusão ao capitalismo como entidade autoexplicativa,
ou a reificação daquele conceito, a preocupa. E indagou sobre se a proposta de
Alexandre contemplaria discussão da teoria da marginalidade.
Edmilson disse
sentir falta de tensionamento do conceito de marginalidade, que qualificou como
não autoevidente. Disse que em uma tese de doutorado interessa menos a erudição
e mais a boa síntese; que, no caso da dissertação em desenvolvimento por Guido,
vê importância no trabalho empírico; e que, na linha Epistemologia Ambiental, o
trabalho de desmontar e reconstruir conceitos é, se não indispensável, ao menos
muito importante. Profª Lúcia Helena perguntou se Alexandre já houvera lido
algum texto do Prof. José Antônio Peres Gediel. Alexandre disse haver
consultado livros da Universidade do Porto. Edmilson perguntou sobre o texto
elaborado por Guilherme Silva. Alexandre disse não o haver lido. Edmilson
incumbiu-se de redigir mensagem eletrônica informando aos doutorandos e ao
mestrando sobre número de páginas dos textos a serem elaborados. Claudia fez
menção ao sociólogo francês Louis Quéré. Edmilson considerou que fazer um
doutorado é reivindicar autoria; que produzir conhecimento requer fazer
exercício nesse sentido.
3. Encaminhamentos. Edmilson disponibilizou-se
para reunir o material produzido pelos doutorandos e pelo mestrando, reiterou
que encaminharia a mencionada mensagem eletrônica sobre número de páginas, e
perguntou a Thomaz o que pensava sobre este encaminhamento. Thomaz disse que,
por entender que, no modo como a atividade estava sendo proposta, não era
aquele o momento para definição das teses, concordava com o encaminhamento no
modo como proposto. Edmilson fez breve comentário sobre títulos provisórios dos
textos. Profª Lúcia Helena perguntou a Alexandre como ele se aproxima do tema
marginalidade. Edmilson disse estar satisfeito com o trabalho no modo até então
produzido e com ele ficou definido em
termos de futuras ações, e fez breve comentário sobre o texto de Alexandre.
Profª Lúcia Helena considerou que todos os processos sociais comportam ordem e
desordem. Ficou definido que os professores que ainda não houvessem encaminhado
comentários ao texto de Claudia o fizessem.
A próxima reunião será no dia 13
de novembro. Curitiba, 1º de novembro de 2015.
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