Presentes: Prof. Dimas
Floriani, José Edmilson de Souza Lima, Ana Lizete Farias, Irma Bay, Nathalia
Barreto, Zenilda Silva, Adriano Fabri, Pedro da Silva e José Thomaz. 1.
Preliminares. Prof. Dimas deu início à reunião, informou sobre as ausências
de Profª Maria do Rosário Knechtel e de Naziel de Oliveira.
Manifestações acerca do
trabalho em desenvolvimento pelos doutorandos da Turma XII. 2.1 Prof.
Dimas. Fez menção a dois documentos, referentes, um à Turma XI, outro à
Turma XII, de doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e
Desenvolvimento da UFPR (PPGMADE). Considerou que a Linha de Pesquisa
Epistemologias, Sabres, Práticas e Conflitos Socioambientais enfatiza bases
teóricas que dão sustentação a subtemas e a temas de investigação das teses;
que, a partir de ideias fortes e de eixos fortes, os doutorandos da Turma XII
devem vincular seus temas de pesquisa com a fundamentação teórica; que esses
doutorandos devem apresentar seus temas de pesquisa até o próximo mês de
novembro; e que mestrandos também podem colaborar nesse processo. Disse da
importância de não subestimar o esforço intelectual empreendido nos módulos.
Citou o intelectual alemão
Friedrich Engels no contexto da consideração – ilustrativa da necessidade de
recorrer a experiência quando a natureza daquilo que se pretende conhecer assim
o exige ou sugere – de que, ao invés de tentar inferir o gosto de um pudim com
base em sua cor, melhor é prová-lo; e concluiu que, em certos contextos de
investigação, a prática é importante e deve dialogar com a teoria. Informou que
uma disciplina obrigatória para a linha deve acontecer de 17 a 28 de outubro de
2017, e mencionou alguns temas, entre eles subalternidade na América Latina, e
cartografia da subalternidade (este, relacionado a trabalho desenvolvido por
doutorandos da Turma XI, que, no qual identificou imersão significativamente
profunda em realidades).
Apresentou a questão da
possibilidade, ou não, de conviver com a diferença. Mencionou a possibilidade
de formação de grupos temáticos, e disse que gostaria que não houvesse
desperdício de esforço. Propôs a formação de subgrupos em torno de uma temática
mais ampla. E considerou que a sistemática de trabalho deve emergir dos
próprios interesses. Considerou que os alunos podem, eventualmente, ter-se
afastado de sua intenção inicial de pesquisa, e que, sendo esse o caso, eles
precisam dizer isso. Citou o antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar
Morin, relacionando-o à ideia de que teorias são biodegradáveis; e concluiu que
escolhas precisam ser renovadas quando é esse o caso. Comentou sobre texto
produzido pela Turma XI. Fez menção a diversas epistemologias: ambientais,
eurocêntricas, e do Sul, e a saber ou pretender estabelecer uma ponte de
diálogo entre epistemologias, identificando-lhes significação nas teorias do
pós‑desenvolvimento.
Citou o antropólogo colombiano
Arturo Escobar e o pensamento socioambiental do engenheiro mexicano, doutor em
economia do desenvolvimento e membro da Academia Mexicana de Ciências, Enrique
Leff, identificando, nesse pensamento, autores pós-modernos como referência.
Informou que o Prof. Leff pretende ser doutor honoris causa em
Filosofia, com o desenvolvimento de tese sobre o pensamento do filósofo alemão
Martin Heidegger. Indagou sobre a possibilidade de conciliar os extremos de
epistemologias do Ocidente e epistemologias do Extremo Ocidente, caracterizadas,
estas últimas, por uma não ocidentalidade pura. Citou, também, o antropólogo, e
membro da Academia Brasileira de Letras, Darcy Ribeiro, no particular em que
este se refere a caboclos e a mestiços, e também o professor português, Grande
Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, Boaventura de Sousa Santos, no
particular de sua referência a uma sociologia das ausências. Fez menção,
também, a empoderamento democrático, e indagou sobre a possibilidade de pensar
desde as margens do sistema hegemônico e experimentar alternatividades, e sobre
como se pode vislumbrar temas desde a margem sistêmica: os novos movimentos
migratórios, impacto de megaprojetos, população carcerária, cidade ilegal,
populações indígenas etc., identificando-os como efeitos de mercado
globalizado.
Disse que o capitalismo é muito
mais perverso que o sistema econômico. Indagou sobre em que sistema se vive na
atualidade, e sobre as consequências produzidas por esse sistema na
subjetividade. Identificou, nos anos sessenta, um debate em torno de uma
centralidade marxista, com repercussões no mercado de trabalho, e com produção
de marginalidade e exclusão pelo sistema econômico. Citou o sociólogo peruano
Aníbal Quijano, no contexto da descolonização do pensamento, em que reconheceu
a possibilidade de destacar populações específicas. Considerou que, se a
reflexão permanece em nível difuso, fica difícil amarrar temáticas. Renovou a
manifestação no sentido de construir alguns subgrupos temáticos. Disse que gostaria
de ouvir os demais, identificar interesses postos e, depois, construir
subgrupos. Lembrou aos presentes que na próxima semana o doutorando chileno
Ítalo Carrera fará uma exposição sobre subalternidade e alteridade, e deu
alguma notícia sobre Ítalo. Informou que no próximo dia 5 de julho há previsão
de apresentação dos mestrandos, e que há previsão de reunião também no próximo
dia 12 de julho.
José Edmilson de Souza Lima. Fez menção a evento agendado para
acontecer na Colômbia. Disse da possibilidade de realizar um rearranjo,
buscando pensar como se vem trabalhando por episteme plural, particular em que
mencionou a ideia de “mini‑racionalidades”, que creditou ao Prof. Boaventura de
Sousa Santos, como se constituindo ou reconstituindo não a partir de apriorismos
mas a partir das práticas, contaminadas pelas bases, com características
singulares. Disse da motivação para pensar a ideia de um sujeito coletivo.
Citou o livro La Apuesta por
la Vida: imaginación sociológica e imaginarios sociales de sustentabilidad en
los territorios del Sur (México: Siglo XXI, 2014), de Enrique Leff,
relacionando-o à ideia de um sujeito não na perspectiva hegemônica do sujeito
autoconfiante mas do sujeito que irrompe a partir de movimentos sociais,
pensando o sujeito desde as margens. Disse ser importante pensar o sujeito
sempre em movimento, sujeito coletivo vivo. Pensar o processo de produção de
conhecimento desde as margens. Considerou que existiria a documentação de um
mapeamento dos conflitos, e fez menção a uma relação de conexão entre os
desejos do doutorandos. No particular de pensar o conhecimento desde as
margens, mencionou o doutorando Alexandre Hedlund, com destaque para os espaços
marginais. Considerou importante identificar pontos frágeis no processo de
construir mapas temáticos, e fazer diálogo entre os temas de interesse e os
textos produzidos pela Turma anterior.
Adriano Fabri. Citou o
Prof. Carlos Brandão e o geógrafo inglês e Membro da Academia Britânica David
Harvey, no contexto da vulnerabilidade dos territórios e das populações
atingidas, conforme se vê na prática. Fez-se menção aos temas racismo e
injustiça ambiental, à não neutralidade das teorias, ao caráter de
descolonização, com menção a Aníbal Quijano; à realidade brasileira com
identificação, nela, de uma fase de neoliberalismo, seguida por uma de novo
desenvolvimentismo (relacionada ao governo do Presidente Lula) e por uma de
volta ao neoliberalismo; uma crítica ao desenvolvimento, e ao
pós-desenvolvimentismo, relacionando, este último, a Arturo Escobar.
Ana Lizete Farias. Em
conjunto com Nathalia Barreto, manifestou a opinião de que se deve tentar fazer
algo mais prático; de que até o presente momento o trabalho tem sido muito
teórico, e identificar, no problema, diferentes questões. Fez menção a brainstorming,
e a “sentar, pensar, construir”. Prof. Dimas disse que os doutorandos devem
apresentar os problemas. Ana Lizete disse perceber coisas ricas acontecendo no
Brasil, que possibilitam compreender vários aspectos.
Nathalia Barreto. Disse não
haver gostado do modo como a Turma XI apresentou um de seus trabalhos, que lhe
pareceu, por assim dizer, com feição de recorte e colagem, no sentido de que
lhe pareceu possível identificar partes individuais. Considerou-se que o texto
deve ser publicável no conjunto. Disse que gostaria que fosse abordada a
realidade brasileira, o Brasil. Que gostaria de escrever sobre como se traduz o
modelo de desenvolvimento no Brasil, e nesse particular identificou:
flexibilização da legislação, concessão de terras a estrangeiros,
biodiversidade, não titulação de terras de comunidades tradicionais. Sugeriu
que se adotasse um procedimento em que, em primeiro momento, se apresente o que
vem acontecendo; em segundo, uma crítica; e em terceiro, alternatividades.
Considerou importante trabalhar com elementos concretos; que o texto da Turma
XII salta da crítica da dimensão espacial do capitalismo para a análise dos
conflitos. Disse ter havido sugestão de dividir, em vez de por regiões, por
tipo de conflito. E considerou importante refletir sobre o que precede os
conflitos. Edmilson disse que esse era o objetivo.
Prof. Dimas disse que a atividade
falhou ao não dispor de um modelo multicausal, embora os elementos centrais
estejam presentes. Disse que a Profª Naína, que orientou o trabalho, tem visão
fortemente econômica, e que na visão dele o capitalismo é bem mais amplo que a
economia. Nathalia reiterou sua opinião de que é momento de pensar o Brasil.
Prof. Dimas disse que distribuirá texto do economista chileno José Gabriel Palma,
no qual critica o pensamento da Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe (Cepal), com referência a modelo coreano e com crítica a modelos
populares ou populistas. Disse que defende o governo do Presidente Lula em
comparação com governos conservadores; que o capitalismo não tem muito como
sair de um esquema em que ideologias liberais tentam desenvolver modelos puros
para a periferia; e que esse problema é maior que o Brasil, no sentido de que
está presente, também, em outros países. Disse que Palma cita o naturalista
inglês e membro da Royal Society Charles Darwin e o médico austríaco Sigmund
Freud; e que seu texto poderia ser objeto de discussão.
Ana Lizete disse perceber um
discurso ambiental panfletário, raso, e indagou sobre o que estaria por trás
desse discurso. Prof. Dimas disse ser importante abrir a caixa-preta, mesmo se
contra a vontade. Nathalia Barreto manifestou-se no sentido de perpassar
questões da Turma XI. Prof. Dimas disse que um trabalho com mais densidade, com
boa teoria, já é meio caminho andado, e pode antecipar temas novos. Disse da
importância de centrar em alguns pontos, e que o doutorado é muito importante,
talvez o momento de maior desafio intelectual, em que se projeta a
subjetividade, embora não seja um trabalho definitivo, e que o doutorado
orienta para áreas de conhecimento. Considerou que o mestrando se indaga se
será capaz de fazer uma pesquisa, e que o doutorando deve indagar-se aonde sua
pesquisa o leva. Considerou também que talvez não seja o caso de cada doutorando
atuar, já, em seu tema.
Zenilda Silva. Mostrou-se
preocupada com o tempo, e informou que a previsão de entrega do projeto de tese
é para setembro próximo. Prof. Dimas disse que não se deve improvisar, e que se
deve defender a autonomia das linhas; que os doutorandos não devem angustiar-se
com o prazo, e devem dedicar-se a questões teóricas. Ana Lizete disse antever
um bom exercício, pois que, a seu ver, instiga questionamento. Prof. Dimas
ponderou que o conhecimento é como o amor: sofre-se mas tem-se prazer. Pedro
fez breve comentário sobre masoquismo. Ana Lizete disse que a experiência dos
alunos é muito subestimada; que os alunos têm diferentes visões de conflitos, e
indagou sobre os autores cujas obras lhes possam servir de referência.
Considerou que os alunos têm vivência, e que uma relevante questão é como
sustentar essa experiência com bases teóricas. Zenilda disse concordar com a
exposição feita por Nathalia; que a ideia de que as coisas foram apresentadas
mas não aprofundadas; e que os alunos têm que sentir e ser verdadeiros em suas
produções. Prof. Dimas disse que os doutorandos devem dialogar, selecionar
teorias que sirvam para discutir o tema do doutorado. Zenilda disse que
história de vida é importante, e que não concorda com os alunos serem obrigados
a ler algo mas sem amadurecer a leitura.
Prof. Dimas considerou que há,
ainda, dois anos para os doutorandos da Turma XII desenvolverem suas teses; e
que, por enquanto, deve-se entender os contornos temáticos; e que, depois, cada
aluno otimizará a utilização das leituras. Considerou que, no caso da Profª
Maria do Rosário, que se interessa por educação ambiental, ele alargaria para o
contexto de sistemas de práticas socioambientais. Disse que Profª Maria do
Rosário critica a educação concebida como restrita à escola, a práticas
didáticas; e que ele acha essa concepção pobre, pois considera que a educação é
criativa. Leu mensagem recebida de Thomaz, e disse ver os interesses de
pesquisa por este apresentados relacionados com subjetividades de atores, ética
ambiental, ética vinculada a sujeitos e a resistência de atores que assumem
posição de sujeito de ação e de sujeito de pensamento; e mesmo de
interculturalidade, espaços democráticos. Considerou que, traduzindo em como
vai ser feita a preparação para enfrentamento dos temas, existem temas de
grande transitividade e temas de preferência, que são aqueles que chamam mais
atenção a cada um dos doutorandos. E que uma identificação a ser feita
refere-se aos grandes temas de amarração nos subgrupos. Considerou também a
articulação dos temas, a serem tratados, por assim dizer, em feixes; que vários
temas implicam a existência de sujeitos e, portanto, poderiam constituir uma
subárea; e que há temas mais de caráter sistêmico, nucleados na abertura da
ideia de caixa-preta do desenvolvimento.
Propôs retomar a ideia de
desenvolvimento em Brandão ou em outros autores, identificar as lógicas nela
presentes, e articular essas ideias com a existência de sujeitos históricos,
que desenvolvem racionalidades, de resistência ou hegemônicas. E considerou que
um procedimento assim exige criatividade para trabalhar e dialogar reconhecendo
resistências e conflitos. Nathalia mencionou os temas desenvolvimento, sujeito,
racionalidades em conflito, resistências e alternatividades. Prof. Dimas disse
ser importante ser seletivo para garantir especificidades, e que contato com
autores amplia a compreensão dos temas. Disse não ser antieconomicista, mas que
vê limites na economia como veria em compreender a realidade só a partir da
cultura. Edmilson fez pergunta a Nathalia e esta mencionou seleção de temas.
Edmilson perguntou qual seria a grande categoria. Adriano mencionou
desenvolvimento. Ana Lizete mencionou políticas ambientais. Prof. Dimas citou
ecologia das práticas, e disse que mesmo os sujeitos de racionalidade
weberianos identificam um sentido no mundo; um sistema de racionalidade.
Observou que na atualidade tudo é
chamado de políticas públicas. Pedro disse que leis não são efetivadas, e que
se culpa a falta de educação do povo. E perguntou se as ideias de
desenvolvimento provêm de Celso Furtado, economista Membro da Academia
Brasileira de Letras e agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago
da Espada. Prof. Dimas fez menção a um texto do ecólogo social uruguaio Eduardo
Gudynas, texto em que é desconstruída a ideia desenvolvimento; e disse haver um
cardápio variado de teorias, inclusive entre as hegemônicas. Considerou que a
Revolução Industrial, embora, em certo sentido, provenha das ideias do filósofo
escocês Adam Smith, Membro da Royal Society of Arts, e do economista inglês
David Ricardo, ganhou projeção com o problema do desenvolvimento na periferia.
Indagou que elementos novos se oporão à razão metonímica de Boaventura de Sousa
Santos. E considerou que os teóricos elaboram teorias a partir das práticas.
Ana Lizete fez menção à Profª Cristina Teixeira, em um contexto relacionado ao
ambientalista Chico Mendes, e a uma mudança de discurso motivada por uma
compreensão de que aspectos ambientais são mais atrativos que aspectos sociais.
Citou também Belo Monte. Prof. Dimas mencionou a tese da Drª Mara Monteiro,
sobre Belo Monte. Prof. Dimas e Edmilson consideraram ser importante fazer
exercício intelectual mas também aterrissar, chegar à prática.
Nathalia consultou a tese no celular
e mencionou alguns itens nela presentes. Prof. Dimas citou o Prof. Paul Little,
no particular em que ele descreve três tipos de conflito, e como manejar o
conceito de território. Citou, também, o geógrafo Milton Santos, vencedor do
Prêmio Valtrin Lud em 1994. E disse da importância de dar vida às teorias.
Adriano perguntou sobre tempo. Prof. Dimas disse que os subgrupos terão a
necessária autonomia. Nathalia perguntou quais serão os eixos. Prof. Dimas
disse considerar um estruturante, a partir de desenvolvimento; sujeitos: quem,
com que racionalidade; e conflitos culturais: que projetos culturais têm esses
sujeitos; se abrigam injustiça ambiental. E, no contexto de epistemologia da
margem, considerou incluir a ideia de território (urbano, rural). Pedro indagou
sobre como se traduz o novo extrativismo no Brasil, e se este utiliza campo,
empírico ou dados secundários. Ana Lizete fez também menção a prazo. Prof.
Dimas concedeu palavra a Thomaz. Thomaz disse que está a disposição para
colaborar com os alunos dentro dos temas de pesquisa pelos quais ele tem
interesse. Disse também que, a seu ver, os doutorandos devem dedicar-se aos
temas que sejam realmente importantes no contexto de elaboração de suas teses.
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