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O Prof. Dr. DIMAS FLORIANI, coordenador
acadêmico da Rede Internacional CASLA-CEPIAL e coordenador da linha de
pesquisa do PPGMADE-UFPR (Epistemologias,
Saberes, Práticas e Conflitos Socioambientais) participou, a convite da
Profa. Dra. Ana Tereza dos Reis (responsável pelo SEMINÁRIO INTEGRADOR 02: INTERCULTURALIDADE E INTERCIENTIFICIDADE), de uma Palestra no MESPT do CDs da UnB, na
quinta-feira, dia 04 de agosto de 2016, abordando temas sobre teorias e
metodologias socioambientais, na perspectiva de uma Epistemologia da Diversidade e dos Espaços Marginais: (in)justiça
ambiental, sujeitos subalternos e discursividades e re(x)istências no contexto
do socioambientalismo contemporâneo.
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REDE CASLA-CEPIAL PARTICIPA EM PALESTRA no Mestrado Profissional em Sustentabilidade
junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT)
do CDs (UnB)
ANTECEDENTES sobre o MESPT do CDS (UnB):
1.
Introdução
Criado pelo Centro de Desenvolvimento
Sustentável (CDS), da Universidade de Brasília (UnB), o Mestrado Profissional
em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT) é uma
iniciativa inovadora, no campo da pós-graduação, orientada pela perspectiva de
promover o diálogo de saberes (acadêmicos e tradicionais) em favor da
sustentabilidade.
A iniciativa lança luz sobre a diversidade
epistemológica e visa contribuir para a superação de um quadro histórico de
negação ou subalternização de outros sistemas de conhecimento, para além da
ciência, que podem guardar respostas fundamentais para o enfrentamento de
problemas contemporâneos, dentre eles o desafio da sustentabilidade.
Criado em 2010, como parte de uma nova
área de concentração do Programa de Pós-Graduação Profissional em
Desenvolvimento Sustentável (PPG-PDS), o MESPT constituiu sua primeira turma em
2011, focalizando a temática indígena. A seleção, à época, contou com 157
candidaturas, para 26 vagas - das quais 50% reservadas para estudantes
indígenas.
Treze diferentes etnias estiveram
representadas entre os candidatos indígenas selecionados na primeira turma:
Apurinã, Bakairi, Baniwa, Baré, Guarani, Kaingang, Kinikinau, Makuxi,
Pantamona, Suruí, Umutina, Xavante e Wapixana. Do ponto de vista geográfico,
Norte e Centro-Oeste foram as regiões melhor representadas na primeira edição
do curso. Além dos estudantes indígenas, a primeira turma foi composta também
por estudantes não-indígenas, atuantes em órgãos diversos de governo (nas
esferas estaduais e federais), além de organizações não-governamentais
indígenas e indigenistas, com potencial de incidência sobre a formulação,
execução, monitoramento e/ou avaliação de políticas indigenistas e correlatas.
2.
O curso
Três são os eixos do MESPT: no plano
teórico, a sustentabilidade, em sentido amplo - e, portanto, não restrita à
dimensão ambiental; no plano metodológico, a interdisciplinaridade; e, em plano
transversal, o diálogo de saberes (acadêmicos e tradicionais).
O curso tem duração de 24 meses e
carga horária de 420 horas e destina-se à
formação de profissionais (indígenas, quilombolas e outros sujeitos sem
marcadores de diferença étnica) que atuam no mercado de trabalho, em órgãos
públicos, empresas ou organizações da sociedade civil (de assessoria ou base
comunitária) e têm o interesse de refletir sobre a sua prática profissional e
de potencializar suas intervenções em benefício de povos e territórios
tradicionais.
Três são as linhas de pesquisa do
programa, a saber:
-
Gestão Ambiental e Territorial
-
Produção Sustentável e Segurança Alimentar
- Educação
para a Interculturalidade e a Sustentabilidade
Maiores informações:
Quadro de Dissertações
da 1a. edição do Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras
Tradicionais
PRIMEIRO CICLO |
DEZEMBRO DE 2012
-
Pastoreio do Futuro: projeto de sustentabilidade para a Terra Indígena São
Marcos, Roraima. | Alfredo Bernardo
Pereira da Silva (Wapixana).
- BR 364: análise da sustentabilidade
das medidas mitigatórias e compensatórias na Terra Indígena Colônia 27 no
estado do Acre | Francisco de Moura
Cândido (Apurinã).
- Território Umutina: vivências e
sustentabilidade. | Eliane Boroponepá
Monzilar (Umutina).
- Congresso Nacional: direitos e
mineração em Terras Indígenas | Solange
Ferreira Alves.
- Sustentabilidade e processos de
reconstrução identitária entre o povo indígena Kinikinau (Koinukunôen) em Mato
Grosso do Sul | Rosaldo Albuquerque
Souza (Kinikinau).
- Do Araguaia ao Planalto: uma
auto-análise da gestão de políticas públicas em Educação Escolar Indígena | Maria Helena Sousa da Silva Fialho.
- Yakuigady: cultura e sustentabilidade
nas máscaras rituais no povo Kurâ-Bakairi | Vitor Aurape Peruare (Kura-Bakairi).
SEGUNDO CICLO | JANEIRO
DE 2013
- "Meu rap está apenas
começando": juventude e sustentabilidade cultural na Reserva Indígena de
Dourados -MS | Kênide de Souza Morais
(Guarani).
-
Reflorestamento da Terra Indígena Sete de Setembro: uma mudança da percepção e
da conduta do Povo Paiter Surui de Rondônia? | Chicoepab Suruí.
- Vivências e Convivências na Aldeia
Mrotidjãn: uma análise dos processos da educação escolar Xikrin | Ana Luisa Brites Blaser.
- Sustentabilidade do Cerrado na
Respiração do Maracá: conversando com os Mestres Krahô | Verônica Aldé.
- Na Trilha das Kura-Bakairi: de
mulheres árvores ao associativismo do Instituto Yukamaniru | Isabel Teresa Cristina Taukane
(Kura-Bakairi).
- Alimentos, restrições e reciprocidade
no ritual Xavante do Wapté mnhõno (Terra Indígena Marãiwatsédé, Mato Grosso) | Sayonara Maria Oliveira da Silva
- Sabedoria Ancestral em Movimento:
perspectivas para a sustentabilidade | Samantha
Ro'otsitsina de Carvalho Juruna
(Xavante).
- Reflexões sobre as práticas kaingang
de cuidados com a gestação, parto e pós-parto e suas interfaces com o sistema
oficial de saúde | Maria Elenir Neves
Coroaia.
- Proposta de Plano de Curso para a
Formação Técnica dos Agentes Indígenas de Saúde do DSEI Cuiabá | Maria das Graças Oliveira de Figueiredo.
- O diálogo intercultural que nasceu no
espaço da Maloca: relato da experiência dos cursos técnicos de nível médio em
etnodesenvolvimento e em desenvolvimento sustentável indígena no alto rio Negro
| Francinete Soares Martins (Baré).
TERCEIRO CICLO |
FEVEREIRO DE 2013
- Plantas Alimentares Cultivadas na Roça
Baniwa: mudanças participação dos jovens | Franklin
Paulo Eduardo da Silva (Baniwa).
- A Trajetória dos Agentes Indígenas de
Saúde na Atenção Básica no Contexto do Distrito Sanitário Especial Indígena do
Leste de Roraima | Jaqueline Beatriz
Henker Freitag.
-
O Gê dos Gerais: elementos de cartografia para a etno-história do Planalto
Central: Contribuição à antropogeografia do Cerrado | Rodrigo Martins dos Santos.
- Segurança Alimentar nas Escolas
Indígenas do Centro Willimom da Terra Indígena Raposa Serra do Sol | Zelandes Alberto de Oliveira.
- Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde
em Terras Indígenas: o caso do Distrito Sanitário Especial Indígena Médio Rio
Purus, Amazonas | Solange Lima Gomes.
- Ti’a roptsimani’õ: os A’uwẽ
Marãiwatsédé tecem saberes para a construção de uma proposta curricular
intercultural | Luciana Akeme Sawasaki
Manzano.
APRESENTAÇÃO DA AULA (Prof. Dimas
Floriani)
I.
CIENCIAS, HISTÓRIAS E SOCIEDADES
OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO – SISTEMAS ACADÊMICOS
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NAS
SOCIEDADES ATUAIS INSTITUI-SE EM AGÊNCIAS ACADÊMICAS E EM OUTRAS ENTIDADES DE
APLICAÇÃO E INOVAÇÃO TÉCNICA. DERIVAM
DIVERSAS E DIFERENTES CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA, DESSES SISTEMAS DE FUNCIONAMENTO E
GESTÃO DO CONHECIMENTO, AO MESMO TEMPO EM QUE SÃO
GESTADAS CRÍTICAS EPISTEMOLÓGICAS, POLÍTICAS E CULTURAIS EM RELAÇÃO A SEUS
USOS, POR PARTE DE DIFERENTES ATORES SOCIAIS SUBALTERNOS QUE NÃO SÃO
CONTEMPLADOS POR TAIS SISTEMAS COGNITIVOS.
A TRADIÇÃO DERIVADA DA
HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS (CIÊNCIAS NORMAIS NO SENTIDO DEFINIDO POR THOMAS KUHN) É
INSTAURADA POR UMA CONVENÇÃO (ESPÉCIE DE PARLAMENTO DAS CIÊNCIAS, QUE A EXEMPLO
DAS INSTÂNCIAS DE LEGITIMAÇÃO DE UMA OU DE MÚLTIPLAS AUTORIDADES POLÍTICAS,
DEPENDE DA INSTAURAÇÃO DE UM SISTEMA DE AVALIAÇÃO, CONTROLE E CONFIGURAÇÃO
INSTITUCIONAL DA ESTRUTURA ACADÊMICO-CIENTÍFICA QUE ESTÁ DEFINIDA E ORGANIZADA
DE MANEIRA INSTITUCIONAL (SISTEMAS DE SANÇÕES, BONIFICAÇÕES E CASTIGOS NAS
PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, REPRODUÇÃO E (DES)LEGITIMAÇÃO DAS FORMAS DE CONSTRUÇÃO DO
SISTEMA ACADÊMICO-CIENTÍFICO, DISTRIBUÍDO DE FORMA DESIGUAL NOS ESPAÇOS DE
PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO (LOCAL, REGIONAL, NACIONAL E
INTERNACIONAL), NA CHAMADA GEOPOLÍTICA DA CIÊNCIA (neste sentido, consultar o artigo de
CHARLES TILLY, sobre a distribuição desigual do conhecimento científico em
escala mundial).
A ORGANIZAÇÃO DESSE
ORDENAMENTO (ENTRE AGENTES E ESTRUTURA) É POSSÍVEL DE PERCEBER E INTERPRETAR
SEGUNDO AS LENTES DAS TEORIAS UTILIZADAS. OS RAMOS DE ALGUMAS DISCIPLINAS COMO
A HISTÓRIA, A FILOSOFIA, A SOCIOLOGIA, A ANTROPOLOGIA E A GEOGRAFIA QUE SE
OCUPAM DA CIÊNCIA PODEM SER ÚTEIS NESTE SENTIDO. POR EXEMPLO, BOURDIEU NOS
APRESENTA A POSSIBILIDADE DE INTERPRETAR O SISTEMA CIENTÍFICO E SUAS PRÁTICAS
DE LEGITIMAÇÃO NO INTERIOR DE UM CAMPO DE CLIVAGENS (SEPARAÇÕES E CISÕES),
AUTORIDADES E CONFLITOS NA DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS QUE CONDICIONAM TANTO O
ACESSO COMO A APROPRIAÇÃO EFETIVA E SIMBÓLICA, GERANDO UMA ESPÉCIE DE
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL DO SISTEMA ACADÊMICO-CIENTÍFICO.
EM UMA SOCIEDADE DE CLASSES (SOCIAIS), OS ESPAÇOS DE PRODUÇÃO E
REPRODUÇÃO DO SISTEMA DAS CIÊNCIAS PODEM SER PÚBLICOS E PRIVADOS – AS
EXCLUSIVIDADES MAIS OU MENOS RESERVADAS AO PÚBLICO OU AO PRIVADO, DEPENDEM DA
HISTÓRIA DAS CONQUISTAS SOCIAIS E DE SUA ESTABILIDADE POLÍTICA – A ORDEM É
REGULADA: PELOS ESTADOS NACIONAIS E AS PROFISSÕES OU CARREIRAS DOS CIENTISTAS E
SEUS VÍNCULOS COM O SISTEMA DE HIERARQUIAS DE DISTRIBUIÇÃO DOS BENS
EDUCACIONAIS QUE É DEFINIDO PELA ESTRUTURA DE CLASSES QUE CONTROLA OS CAPITAIS
SOCIAIS, POR MEIO DAS ESTRATIFICAÇÕES SOCIAIS DE RENDA E PELA CAPACIDADE DE
CADA UM DE INGRESSAR NO SISTEMA EDUCACIONAL.
É POSSÍVEL E NECESSÁRIO VISUALIZAR A ORGANIZAÇÃO
DO SISTEMA ACADÊMICO-CIENTÍFICO EM DIFERENTES INTERAÇÕES DE SEUS SUBSISTEMAS,
PELAS SEGUINTES DIMENSÕES: A) EPISTEMOLÓGICAS; B) INSTITUCIONAIS; C)
POLÍTICO-CULTURAIS. ESSAS DIMENSÕES TRATAM DO SIGNIFICADO DO CONHECIMENTO
CIENTÍFICO, DE SEUS USOS E DE SUAS APLICAÇÕES.
AS POTENCIALIDADES DAS NOVAS ASSOCIAÇÕES NO
DOMÍNIO DOS ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS, POR EXEMPLO, DEVEM SER OBSERVADAS A PARTIR
DE SUA CONSTITUIÇÃO. COMO EMERGEM; SEU
GRAU DE CONFLITUOSIDADE, EM DIFERENTES NÍVEIS; E SEU GRAU DE COMPETITIVIDADE
COM AS DEMAIS ESTRUTURAS DE PODER EPISTÊMICO E INSTITUCIONAL DAS CIÊNCIAS. QUAL
A CAPACIDADE QUE POSSUEM ESSAS CIÊNCIAS EM TORNO DOS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS
PARA GERAR EFEITOS DE CONTAMINAÇÃO NO SISTEMA CARTOGRÁFICO DAS CIÊNCIAS? NO
BRASIL, DESDE 1992 ATÉ AGORA, PODE-SE VERIFICAR QUE OS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO
CONSIDERADOS INTERDISCIPLINARES SOMAM MAIS DE 70 E A PARTIR DE 2012 FOI CRIADO
NA CAPES-MEC UMA ÁREA DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS, ALÉM DO SETOR INTERDISCIPLINAR JÁ
EXISTENTE ANTERIORMENTE.
AS FORMAS ASSUMIDAS POR ESSAS NOVAS EXPERIÊNCIAS
E CONCEPÇÕES DIFERENCIADAS DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO ACADÊMICO-CIENTÍFICO,
COM BASE NAS DISCIPLINAS E CONCEITOS, SEGUEM, CONTUDO, ENRAIZADAS EM UMA
CIÊNCIA POSITIVISTA, NO CHAMADO OBJETIVISMO DA REALIDADE, NO ELITISMO DO OLHAR
ILUMINADO DO OBSERVADOR. OS SUJEITOS DA PESQUISA SÃO TRATADOS COM A FRIEZA DO
OBJETO E ATÉ COM MENOSPREZO E INFERIORIDADE, NEGANDO-LHES A SUBJETIVIDADE, SUA
CULTURA E SUAS EXPERIÊNCIAS INSUBSTITUÍVEIS.
O QUE SE PODE CONSIDERAR SOBRE AS CIÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS.
- OS DISCURSOS DE SUSTENTABILIDADE E SUAS DIFERENTES MATRIZES RET(E)ÓRICAS: DIFERENTES EPISTEMOLOGIAS OU MANEIRAS DE SE PRODUZIR CIÊNCIA, ACESSO E CONDIÇÕES DE APROPRIAÇÃO:
- AS EPISTEMOLOGIAS CIENTÍFICAS (DO INTERIOR DO SISTEMA DE CIÊNCIAS)
- AS EPISTEMOLOGIAS PARA-CIENTÍFICAS E META-CIENTÍFICAS, SEGUNDO PIAGET, QUE EMERGEM DE LUGARES DIFERENTES AOS ESTRITAMENTE CIENTÍFICOS (RELIGIÃO, FILOSOFIA, CULTURA, POLÍTICA, VALORES, ETC.)
- CONFLITOS ENTRE A CIENCIA NORMAL (HISTÓRIA E METODOS DAS CIÊNCIAS E DISCIPLINAS MODERNAS) E A CIÊNCIA PÓS-NORMAL OU NÔMADE (PELO HIBRIDISMO DO DIÁLOGO DE SABERES, A INTERCULTURALIDADE, A TRANSDISCIPLINARIDADE E A CRÍTICA POLÍTICA E CULTURAL)
- CIÊNCIA PÚBLICA (DIMENSÕES POLÍTICAS E CULTURAIS)
- CIÊNCIA CORPORATIVA (A CIÊNCIA DOS PESQUISADORES)
- CIÊNCIA PRIVADA E DE MERCADO (AS TECNOCIÊNCIAS)
- OS RELATÓRIOS DE PESQUISA (DIAGNÓSTICOS E REGISTROS DAS AGÊNCIAS GOVERNAMENTAIS)
- OS SABERES CULTURAIS (AS ETNOCIÊNCIAS, AS PRÁTICAS E OS SISTEMAS HÍBRIDOS-TRADICIONAIS): AGROECOLOGIA, ETNOBOTÂNICA, ETC.
EXEMPLOS DE ALGUNS MARCOS
DO PENSAMENTO SOCIOAMBIENTAL
(LEGITIMAÇÃO
DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO)
CONCEPÇÕES PRÓ-SISTÊMICAS, DE TRANSIÇÃO E
CRÍTICAS (AS INÉRCIAS POSITIVISTAS E AS ESTRATÉGIAS ANTI-CÍCLICAS):
• DA MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICA
•
TEORIAS CONSTRUTIVISTAS
•
TEORIAS DO PENSAMENTO MULTIMODAL
•
TEORIAS FUNCIONALISTAS
•
TEORIAS SISTÊMICAS (HOLISMO E CO-EVOLUÇÃO)
•
MARXISMO ECOLÓGICO
•
TEORIAS POS-COLONIAIS
•
AS ETNOCIÊNCIAS
•
TEORIAS SOBRE DIÁLOGO DE SABERES, DOS
SISTEMAS CULTURAIS (RELIGIÕES, COSMOVISÕES ENRAIZADAS NOS CONHECIMENTOS E
PRÁCTICAS DOS POVOS AUTÓCTONES, SABERES CAMPONESES, POVOS DA FLORESTA,
PESCADORES ARTESANAIS, ETC.)
O CONTEXTO TEÓRICO DA
EMERGÊNCIA DE “MODERNIDADES MÚLTIPLAS”, (POS-COLONIAIS, EPISTEMOLOGIAS DO
SUL...), NO LUGAR DAS TEORIAS DA GLOBALIZAÇÃO.
•
NO INTERIOR DESSAS ‘MODERNIDADES MÚLTIPLAS’,
SÃO PRODUZIDOS NOVOS SIGNIFICADOS EMERGENTES.
•
UM NÓ SEMÂNTICO QUE ARTICULA OUTRAS
POSSIBILIDADES DE EMPODERAMENTO SOCIAL, COM UM NOVO CARÁTER EPISTEMOLÓGICO, POLÍTICO E CULTURAL, FRUTO DE
OUTRA SINGULARIZAÇÃO DOS PROCESSOS HISTÓRICOS E SOCIETAIS E QUE SE ENTRETECEM
DE IDEÁRIOS PLURAIS, EXTENSÍVEIS A CENTENAS DE EXPERIÊNCIAS E DE CERTO MODO
COMUNS, PRODUTORAS DE OUTROS SENTIDOS E QUE EXIGEM, PORTANTO, OUTRAS
HERMENÊUTICAS PARA SEU ENTENDIMENTO.
•
ASSIM OCORRE COM A QUESTÃO AMBIENTAL QUE
ARTICULA ATORES, MOVIMENTOS COLETIVOS, IDENTIDADES RESSIGNIFICADAS COM A EMERGÊNCIA
INDÍGENA NA AMÉRICA LATINA, COM AS POPULAÇÕES TRADICIONAIS, AS MÚLTIPLAS FORMAS
DE ABORDAR OS TERRITÓRIOS...
•
CONTRADIÇÕES QUE SE EXPLICITAM EM DIFERENTES
NÍVEIS ESPACIAIS (LOCAIS, NACIONAIS E GLOBAIS), QUE PRODUZEM EFEITOS E
QUESTIONAMENTOS PARA O ESTADO REPUBLICANO, CENTRALIZADO E UNITÁRIO QUE SE
TRATOU DE CONSTRUIR NA AMÉRICA LATINA, COM O CONSEQUENTE QUESTIONAMENTO ÀS HISTÓRIAS
OFICIAIS, BEM COMO DE OUTRA FORMA GEOPOLÍTICA, DE ARRANJOS JURÍDICOS E DE
ACORDOS INTERNACIONAIS, COM FORTES IMPACTOS SOBRE AS PRÁTICAS DE
GOVERNABILIDADE NO INTERIOR DOS ESPAÇOS NACIONAIS.
•
NESSES PROCESSOS DE REEMERGÊNCIAS,
PERCEBEM-SE EMERGÊNCIAS DE OUTRAS MEMÓRIAS, ETNICIDADES, RESSIGNIFICAÇÃO DE
NATUREZA, CRÍTICAS AOS MODOS DE PRODUÇÃO, DE CONSUMO E DE CONVIVÊNCIA COM OS
TERRITÓRIOS, AS FLORESTAS, OS RIOS, OS ALIMENTOS, OS MODOS DE CONVIVER COM A
ECOSFERA, OS BIOMAS, OS ECOSSISTEMAS...
ÉTICA NA PESQUISA
•
COMO PRODUZIR UMA CIÊNCIA PRUDENTE E
PERTINENTE?
•
COMO ESTABELECER VÍNCULOS COM O CONTEXTO
(VINCULAÇÃO COM O MEIO)
•
USOS E ABUSOS DA PESQUISA (A RELAÇÃO
SUJETO-OBJETO E UMA PESQUISA SOBRE OBJETOS)
•
A CIÊNCIA BENEFICIA À HUMANIDADE? OU SE TODA PESQUISA É VÁLIDA, EM NOME DO
PROGRESSO E DE UM FUTURO RADIANTE PARA A HUMANIDADE.
•
UMA CIÊNCIA DEMOCRÁTICA OU UMA PRODUÇÃO DE
ILUMINADOS PARA OS LEIGOS OU/E IGNORANTES?
II.
ARTURO ESCOBAR: problematizando o desenvolvimento, os
territórios e a cultura
A CRISE CIVILIZACIONAL CONTEMPORÂNEA REPERCUTE SOBRE:
1) A DIMENSÃO DA TERRA. O AQUECIMENTO GLOBAL É TÃO SÓ A PONTA
DO ICEBERG DA CRISE ECOLÓGICA QUE AMEAÇA A VIDA NO PLANETA;
2) A OPOSIÇÃO DE UMA TRANSIÇÃO
ECOLÓGICA E CULTURAL PROFUNDA CONTRA ORDENS SOCIO-NATURAIS MUITO DIFERENTES ÀS
EXISTENTES, COMO ÚNICO CAMINHO PARA QUE OS HUMANOS E NÃO-HUMANOS POSSAM
FINALMENTE COEXISTIR DE FORMA MUTUAMENTE ENRIQUECEDORA, SUPERANDO OS MODELOS DA
MODERNIDADE CAPITALISTA, SEGUNDO OS QUAIS O HUMANO SE CONSTRÓI ÀS CUSTAS DO
NÃO-HUMANO. ESSES DISCURSOS DE TRANSIÇÃO ESTÃO SURGINDO COM FORÇA EM
MUITOS ESPAÇOS, TAIS COMO: A ECOLOGIA,
AS CIENCIAS DA COMPLEXIDADE, A ESPIRITUALIDADE, O PENSAMENTO ALTERNATIVO DO
DESENVOLVIMENTO E DA ECONOMIA, A ACADEMIA CRÍTICA E, COM RAZÃO, EM MUITOS
MOVIMENTOS SOCIAIS QUE IMAGINAM UMA VERDADEIRA “TRANSIÇÃO CIVILIZATÓRIA”.
3) ESTA CRISE ECOLÓGICA E SOCIAL
CONDUZ A MUITOS/AS PENSADORES/AS E MOVIMENTOS A ENFATIZAR A RE-LOCALIZAÇÃO
DA ALIMENTAÇÃO, A ECONOMIA E MUITOS OUTROS ASPECTOS DA VIDA SOCIAL COMO
CONTRA-PROPOSTA À GLOBALIZAÇÃO BASEADA NOS MERCADOS DOMINADOS POR GRANDES
CONGLOMERADOS CORPORATIVOS. ESTE PARADIGMA DA RE-LOCALIZAÇÃO É O FUNDAMENTO DE
MUITAS PROPOSTAS CAMPONESAS E ETNO-TERRITORIAIS SOBRE A ALIMENTAÇÃO E A
ECONOMIA, POR EXEMPLO, NO CAMPO DA RESISTÊNCIA AOS TRATADOS DE LIVRE COMÉRCIO.
ESCOBAR EXAMINA AS 5 TENDENCIAS QUE CONSIDERA COMO NOVIDADES
NOS ESTUDOS CRÍTICOS DO “DESENVOLVIMENTO” NA AMÉRICA LATINA NOS ÚLTIMOS ANOS,
INCLUINDO:
1) O PENSAMENTO DECOLONIAL (OU
PÓSCOLONIAL), 2) AS ALTERNATIVAS AO “DESENVOLVIMENTO”, 3) AS TRANSIÇÕES AO
PÓS-EXTRATIVISMO, 4) A CRISE E A MUDANÇA DO MODELO CIVILIZATÓRIO E 5) VÁRIAS
PERSPECTIVAS INTER-RELACIONAIS QUE SE CENTRAM NA “RELACIONALIDADE” E NO
“COMUNAL”.
ESCOBAR BUSCA AINDA FAZER UMA
PROFUNDA DIFERENÇA ENTRE DUAS CONCEPÇÕES DE CULTURA: 1) A CULTURA COMO
“ESTRUTURA SIMBÓLICA” (ACEITA TANTO PELA ANTROPOLOGÍA, OS ESTUDOS CULTURAIS E
AS POLÍTICAS CULTURAIS DO ESTADO) E 2) A CULTURA COMO “DIFERENÇA RADICAL”
(CONCEPÇÃO EMERGENTE).
A CULTURA COMO DIFERENÇA RADICAL SE
RELACIONA COM TERMOS COMO “CIVILIZAÇÃO”, “COSMOVISÃO”, “DIFERENÇA EPISTÊMICA” E
“LÓGICAS COMUNITÁRIAS”, TORNANDO COMPLEXA A NOÇÃO MAIS PRECISA DE CULTURA COMO
ESTRUTURA SIMBÓLICA.
ESCOBAR SUGERE QUE A NOÇÃO DE CULTURA
COMO ESTRUTURA SIMBÓLICA CONTINUA ALBERGANDO A CRENÇA DE UM MUNDO ÚNICO QUE
SUBJAZ À TODA REALIDADE – UM MUNDO CONSTITUÍDO DE UM SÓ MUNDO. NO FUNDAMENTO DESSA CRENÇA, ESTÃO DOIS
GRANDES PROCESSOS INTER-RELACIONADOS: 1) CERTAS PREMISSAS ONTOLÓGICAS SOBRE O
QUE CONSTITUI O REAL, ESPECIALMENTE A UNICIDADE DO MUNDO NATURAL E 2) PROCESSOS
HISTÓRICOS DE PODER QUE PERMITIRAM A ESSA CONCEPÇÃO DE UM ÚNICO MUNDO
NATURALIZAR-SE E EXPANDIR-SE A TODOS OS ESPAÇOS SÓCIO-NATURAIS.
A NOÇÃO DE CULTURA COMO DIFERENÇA
RADICAL, AO CONTRÁRIO, QUESTIONA OS DUALISMOS CONSTITUTIVOS DAS FORMAS
DOMINANTES DE MODERNIDADE E DA IDEIA DE UM MUNDO FEITO DE UM SÓ MUNDO. O AUTOR
PROPÕE A NOÇÃO DE ONTOLOGIA COMO ALTERNATIVA À “CULTURA”, UM ESPAÇO PARA PENSAR
OS COMPLEXOS PROCESSOS DE DISPUTA ENTRE MUNDOS DE HOJE. UMA CONCEPÇÃO DE
ONTOLOGIA QUE PERMITA MÚLTIPLOS MUNDOS NOS CONDUZIRÁ À NOÇÃO DE PLURIVERSO E A
ENFATIZAR AS ONTOLOGIAS NÃO DUALISTAS OU RELACIONAIS QUE MANTEM MUITAS
COMUNIDADES.
PARA A RECONSTITUIÇÃO DESSAS
DIMENSÕES, SEGUNDO ESCOBAR, OS POVOS INDÍGENAS E AFRODESCENDENTES DA AMÉRICA
LATINA ESTÃO ACIONANDO POLÍTICAS DE RELACIONALIDADE, POR MEIO DE DOIS GRANDES
PROCESSOS ENTRELAÇADOS (ABORDADOS NO SEGUNDO CAPÍTULO: TERRITÓRIOS DE
DIFERENÇA: A ONTOLOGIA POLÍTICA DOS “DIREITOS AO TERRITÓRIO” ) :
1) A PROBLEMATIZAÇÃO DAS IDENTIDADES
“NACIONAIS”, COM O CONCOMITANTE SURGIMENTO DE CONHECIMENTOS E IDENTIDADES
INDÍGENAS, AFRODESCENDENTES E CAMPONESAS; E 2) A PROBLEMATIZAÇÃO DA VIDA,
EM RELAÇÃO COM A CRISE DA BIODIVERSIDADE, A MUDANÇA CLIMÁTICA E O AUMENTO DA
DESTRUIÇÃO AMBIENTAL PELAS INDÚSTRIAS EXTRATIVISTAS.
FINALMENTE, ESCOBAR PROPÕE A
ELABORAÇÃO DE ESTUDOS DO PLURIVERSO
COMO ALTERNATIVAS VIÁVEIS AO DISCURSO E PRÁTICAS DO MUNDO ÚNICO PARA AQUELES
UNI-MUNDISTAS MODERNOS, CANSADOS JÁ DE SUAS NARRATIVAS UNIVERSALISTAS VAZIAS,
BUSCANDO ASSIM ENTENDER OS MÚLTIPLOS PROJETOS BASEADOS EM OUTROS COMPROMISSOS
ONTOLÓGICOS E FORMAS DE MUNDIFICAR A VIDA E AS MUITAS MANEIRAS DE COMO ESSAS
LUTAS PODEM DEBILITAR O PROJETO DE UM MUNDO ÚNICO E AO MESMO TEMPO CONTRIBUEM
PARA AMPLIAR SEUS ESPAÇOS DE RE-EXISTENCIA.
OS ESTUDOS DO PLURIVERSO SÃO NECESSARIAMENTE INTER-EPISTÊMICOS: PARTEM
DA PREMISSA DE QUE EXISTEM MUITAS CONFIGURAÇÕES DO CONHECIMENTO E DO SABER,
MUITO ALÉM DO ESPAÇO CONSAGRADO COMO TAL PELA ACADEMIA. PROBLEMATIZAM AS
ONTOLOGIAS DUALISTAS MODERNAS E SE ABREM ÀS ONTOLOGIAS RELACIONAIS QUE, COMO A
TERRA MESMA, CARACTERIZAM OS MUNDOS DE MUITOS POVOS COM APEGO AO LUGAR E AO
TERRITÓRIO. ESSES ESTUDOS SE APLICAM NÃO SÓ A CONTEXTOS RURAIS E A GRUPOS
ÉTNICOS, MAS IGUALMENTE AOS MUNDOS URBANOS.
NESTE SENTIDO, OS ESTUDOS
PLURIVERSAIS TERÃO QUE LAVRAR SEUS PRÓPRIOS CAMINHOS, ALÉM DA ACADEMIA, COM OS
SONHOS DA TERRA, DOS POVOS E DOS MOVIMENTOS QUE INSISTEM EM IMAGINAR E TECER
OUTROS MUNDOS.
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